Num comunicado ontem divulgado a propósito da 6ª revisão do
programa da tróica germano-imperialista anteontem publicitado, o FMI considera
que “…as autoridades portuguesas desenvolveram um esforço político
impressionante para inverter os desequilíbrios acumulados e antecipar-se à
crise”!
Importa desde logo denunciar que só um governo de Vichy como
o governo PSD/CDS se ajoelha perante o ocupante que se permite impor a política
do grande capital financeiro ao nosso país, pronunciando-se até sobre a
constitucionalidade das medidas do seu diktat, e controlar a aplicação dessa
política, através das chamadas avaliações.
Não satisfeito com o facto de aquele “esforço político” ter
sido realizado à custa do aumento incessante do desemprego e da precariedade e
do agravamento da fome e da miséria para os trabalhadores e para o povo
português, o FMI, apesar do rasgado elogio que dirige aos seus serventuários
Coelho e Portas, alerta para a incerteza que os desafios económicos de médio
prazo colocam, na perspectiva do capital, considerando que um dos desafios “é
ancorar a responsabilidade orçamental” no país, “relembrando” que “a anterior
deriva para políticas orçamentais indisciplinadas pode repetir-se”, devendo
este governo de traição PSD/CDS resistir à “tentação da complacência”, se
pretender que a retoma económica se produza no tempo previsto pelo memorando.
Utilizando a estafada técnica de confundir os efeitos com as
causas, o FMI tenta fazer passar a ideia de que “a crise portuguesa é devida ao
legado da falência de políticas face à mudança rápida de ambiente”, isto é, que
os sucessivos governos PS e PSD, por vezes acolitados pelo CDS, não souberam
aproveitar as oportunidades geradas pela “união monetária e pela globalização”,
escamoteando que, antes pelo contrário, o que nos fez chegar à situação actual
foi a miserável traição que esses sucessivos governos praticaram para com o
povo português e para com a nossa soberania nacional que levaram à sistemática
destruição do nosso tecido produtivo e à enorme dependência da nossa economia
face ao exterior – importamos hoje mais de 80% daquilo que necessitamos para
gerar economia, o que leva a ciclos cada vez maiores e mais profundos de
endividamento.
Quanto à despesa, como seria de esperar, a preocupação do
FMI, ao considerar que o “pacto orçamental” poderá ser uma “oportunidade” para
travar qualquer deriva (isto é, o não pagamento dos fabulosos juros que impõem),
é a de que os cortes na “despesa” continuem a incidir numa ainda mais dramática
limitação do acesso dos trabalhadores e do povo à saúde, à educação, à justiça
e a todo o tipo de prestações sociais que assegurem a sua sobrevivência em
condições de dignidade.
A teoria, que é amplificada em Portugal pelo ministro das finanças,
o Gaspar Dixit, de que “os portugueses” se têm de habituar a aceder aos
serviços de saúde, ou qualquer outro, que os seus rendimentos possam
proporcionar, visa escamotear que, se não existem recursos para que o povo
tenha acesso à educação, à saúde, à justiça e às prestações sociais a que tem
direito, é porque as dotações que fez, através da carga fiscal a que está
sujeito, para esse fim, está a ser desviada para o pagamento de uma dívida
ilegal, ilegítima e odiosa, para o pagamento do famigerado “serviço da dívida”
com juros altamente especulativos, bem como tapar os buracos de uma banca que
se entreteve a realizar uma economia de “casino”, pretendendo agora o governo e
o FMI que seja o povo a pagar esses “devaneios” especulativos.
Este governo de traição nacional, a mando dos carrascos do
FMI, pretende fazer crer que o povo português andou a viver “acima das suas
possibilidades”, num quadro em que existem mais de 3 milhões de pessoas a viver
na pobreza ou no seu limiar. Este governo que se recusa, sistematicamente, a
admitir que uma Auditoria Independente responda, de uma vez por todas, às
questões que o povo deseja ver respondidas, isto é, quanto devemos, a quem
devemos e porque é que devemos, porque sabe que, no dia em que tal se vier a
saber, não só o povo se recusará a pagar um cêntimo que seja de uma dívida que
não contraiu, nem dela beneficiou, como o derrube deste governo se precipitará.
E os trabalhadores e o povo português têm demonstrado, quer
através da Greve Geral de 14 de Novembro, quer através da sua luta e empenho
diário que se estão a mobilizar, que se estão a organizar, que reforçam a sua
unidade para, simultaneamente com o derrube deste governo de serventuários,
expulsar do nosso país os seus patrões do FMI e restante tróica germano-imperialista.
Só um ladrão pode elogiar outro ladrão!
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