quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A PEÇONHA


 

Consumada que foi a aprovação da Lei Geral do Orçamento de Estado para 2013, que representa um autêntico genocídio fiscal para os trabalhadores e para o povo português, um ataque terrorista e fascista ainda mais amplo do que todas as medidas até agora aplicadas sobre quem vive, apenas e tão só, ou da venda da sua força de trabalho ou das suas reformas e apoios sociais a que tem direito, vale a pena determo-nos sobre o que, parecendo um detalhe, tem sido, de facto, uma constante na praxis política dos partidos que assinaram o memorando da traição com a tróica germano-imperialista – PS, PSD e CDS -, isto é, a peçonha que destilam, todos os dias, quer através dos órgãos de “comunicação social” que controlam, quer através do sistema de ensino que inquinam.

Para além de uma beberagem envenenada ou um líquido venenoso segregado por alguns animais, que se transmite por meio de picada ou de mordedura, para além de ser um veneno, à peçonha é muitas das vezes associada a malícia, a maldade, a manipulação.

Esta introdução almanaquiana vem a propósito da peçonha destilada pelo governo de traição liderado por Coelho e Portas que, ao serviço da tróica germano-imperialista, pretende envenenar a consciência dos trabalhadores e do povo, todos os dias, quando, ao mesmo tempo que afirma “sermos o melhor povo do mundo”, nos vai anunciando que, agora que já percorremos 27 quilómetros de uma maratona para a qual nos inscreveram à força, nada justificaria que não fizéssemos o percurso restante que, segundo eles, nos levaria à terra prometida da abundância.

“Esquecem-se”, no entanto, de mencionar que esse percurso foi realizado, e continuará a ser se o povo não escorraçar com Coelho e Portas, à custa do roubo dos seus salários e do seu trabalho, à custa de mais fome e miséria, à custa de centenas de milhar de despedimentos, à custa da precariedade e do brutal corte nas prestações sociais, à custa da drástica limitação do acesso dos trabalhadores e do povo aos serviços de saúde e ao ensino.

Mas, diga-se em abono da verdade, que este governo não detém o exclusivo da produção de peçonha…divide com o PS essa capacidade! Que outra qualificação se poderá atribuir a Seguro, senão a de peçonhento, quando, respondendo ao “desejo” de Coelho para que este o ajude a proceder à “refundação” da constituição, para melhor fazer cumprir a agenda ideológica do memorando que todos eles assinaram com a tróica, o lampeiro do Seguro vem afirmar que não contem com ele e com o PS para uma “reforma da constituição” que ponha em causa o “estado social”?!

Mas que lata! Tentando cavalgar o crescente descontentamento e mobilização para a luta pelo derrube deste governo – consequência de que Seguro nem quer ouvir falar, pois o que pretende é que o poder lhe caia no colo para fazer exactamente o mesmo que PSD e CDS – que lavra no seio de várias camadas populares, desde a classe operária a trabalhadores de serviços, de intelectuais a estudantes, de pequenos e médios proprietários a agricultores, arruinados por esta política vende pátrias que quer fazer com que todos paguem uma dívida que, para além de não terem contraído, dela não retiraram qualquer benefício, o que Seguro quer fazer o povo esquecer, através da peçonha que destila, é que, também o PS assinou o memorando com a tróica germano-imperialista, documento onde estão assinaladas todas as medidas terroristas e fascistas – para aplicação imediata ou mais diferidas no tempo, tanto lhes faz, desde que o resultado seja o mesmo, ou melhor -, conjuntamente com aqueles que, agora, afirma “combater”.

O que Seguro pretende eliminar da memória do povo é o facto de a destruição do “estado social” de que se afirma paladino defensor, se iniciou com governos do PS ou governos do PSD que beneficiaram do apoio do PS para as “revisões constitucionais” que permitiram essa destruição. Basta lembra-nos do sistemático ataque ao ensino público, com o claro propósito de facilitar a sua privatização, basta lembrar a destruição sistemática do sistema público de saúde para, através das PPP’s se assegurar a crescente privatização do sector, basta lembrar o ataque à contratação colectiva e a imposição de novas leis laborais que escancararam as portas aos roubo dos salários e do trabalho a que hoje assistimos. Basta lembrarmo-nos de tudo isto, que ocorreu em governos PS, mormente no conduzido por Sócrates, em boa hora corrido pelos trabalhadores e pelo povo, para entendermos quão venenosa é a peçonha destilada por este Seguro.

Quer fazer crer que com ele, Seguro, e com o seu PS, levar à prática o acordo expresso no memorando de entendimento com a tróica se traduziria numa aplicação mais “suavizada” da exploração a que os trabalhadores e o povo têm estado sujeitos, pois bater-se-íam por um plano de pagamentos mais diferido no tempo, com juros mais baixos, para que pudesse haver uma “folga” financeira que permitisse levar a cabo uma política de crescimento económico.

Os trabalhadores e o povo português certamente que não estarão mais dispostos a voltar a beber desta beberagem venenosa. É que está-lhes gravada na carne as consequências de uma política – prosseguida por PS e PSD, acolitados pelo CDS – de destruição massiva do nosso tecido produtivo, a mando do imperialismo germânico que, a par da imposição do euro (que nada mais é do que o marco travestido), levou a que, nos dias de hoje, necessitemos de importar mais de 80% daquilo que necessitamos para gerar economia, tornando o ciclo de dependência e de endividamento imparável e…IMPAGÁVEL! E tendo como consequência a perda da nossa soberania nacional!

A saída que Seguro propõe aos trabalhadores e ao povo é, pois, mais do mesmo…mas por mais tempo! A saída para a qual os trabalhadores e o povo se organizam, se mobilizam e estão dispostos a lutar é antagónica desta. Passa pelo derrube deste governo e pela constituição de um governo democrático patriótico cuja primeira medida seria, no mínimo, a suspensão do pagamento da dívida e seu serviço, o controle da banca e a nacionalização de todas as empresas e sectores de importância estratégica para o implementar de uma economia ao serviço dos trabalhadores e controlada por estes, uma economia fundada na defesa da nossa soberania.

E será precisamente isto que os trabalhadores e o povo português saberão demonstrar já no próximo dia 14 de Novembro, na Greve Geral que conta não só com o apoio da CGTP, mas com a adesão de muitos partidos e organizações democráticas, bem como sindicatos independentes e outros afectos à UGT.

Sem comentários:

Enviar um comentário