A escassos dois meses das eleições legislativas, agendadas
por Marcelo Rebelo de Sousa para o próximo dia 6 de Outubro, instalou-se a mais
pura e dura das comédias bufas nas hostes dos partidos do chamado “arco
parlamentar”.
À medida que, a conta gotas, vão apresentando as suas propostas eleitorais, acusam-se
mutuamente de plágio e de copy/paste, como
se já não fosse uma evidência para os elementos mais conscientes da classe
operário, da juventude, dos intelectuais e dos trabalhadores, a inexistência de
qualquer tipo de divergências entre todos eles.
Nem Catarina, nem Jerónimo, nem Eloísa, se podem arrogar da
diferença. Os últimos quatro anos de governo Costa/Centeno, comprova que, alegando
o respeito pelos compromissos europeus
do PS, PCP, BE e Verdes caucionaram todas as medidas reaccionárias e
anti-populares que Costa e Centeno impuseram, consubstanciadas em quatro Leis
do Orçamento, votadas por esta auto-intitulada maioria de esquerda.
E tudo isto mascarado de garantia
para o amenizar das políticas de
direita levadas a cabo pelo PS. Medidas que, a avaliar pela troca de acusações
de plágio agora protagonizadas por Rio e Cristas, são as mesmíssimas que PSD e
CDS – e direita e a extrema-direita – têm para propor nas próximas eleições.
À medida que se torna cada vez mais difícil – senão
impossível – o exercício de diferenciação política entre as propostas
eleitorais feitas pelos partidos do “arco parlamentar”, também se torna mais
evidente a vacuidade do chamado voto
útil. Útil para quem?
Claro que para a burguesia especuladora e parasitária, para
a banca, para os pato-bravos e os especuladores imobiliários, para a manutenção
de uma situação em que Portugal perdeu totalmente a sua soberania orçamental,
política, cambial, bancária, aduaneira, económica e financeira, para aceitar os
ditames de Bruxelas, Berlim e Paris.
Esta é a razão pela qual nenhum partido do chamado “arco
parlamentar” – e outros satélites que, apesar de ainda não terem lugar na
estrebaria de S. Bento, se colocam em
bicos dos pés para os assessorar – respondeu a qualquer destas perguntas que
povoam a consciência de operários e trabalhadores e que o PCTP/MRPP sintetizou
no artigo “Em que Estado está a Nação”, publicado na edição do órgão
central do Partido, o Luta Popular online, no passado dia
11 de Julho do corrente:
· Vamos poder dispor da nossa zona económica exclusiva (ZEE)
e Plataforma Continental?
· Podemos voltar a ter marinha mercante?
· Vamos voltar a ter indústria?
· Vamos voltar a ter agricultura?
· Vamos voltar a ter política externa?
· Vamos voltar a ter politica de defesa não submissa ao
imperialismo americano e europeu?
· Vamos voltar a ter moeda?
· Vamos voltar a ter Língua?
· Vamos voltar a ter bancos públicos?
· Vamos continuar a ter água?
· A Escola vai passar a servir para alguma coisa?
· Vamos ter política de cultura?
· A Medicina vai funcionar no SNS sem matar as pessoas por
falta de assistência?
· Podemos ter contratos de trabalho menos injustos, ou vamos
continuar a assentar a política de emprego na precariedade e na ausência de
confiança?
· Podemos não ir combater para a Ucrânia e para a Venezuela?
Para o Irão, para o Mali e para a República
Centro-africana?
· Pode-se recuperar as verbas sumidas na corrupção?
· O pessoal das organizações (teórica ou praticamente)
secretas pode ser posto nos eixos?
· E quanto aos tribunais, vão passar a ter os seus titulares
eleitos democraticamente?
· Vamos recuperar a soberania cambial, monetária e
orçamental?
Como afirmávamos no supracitado artigo, “ é tempo...de o povo português
ponderar sobre para onde tem ido o seu voto útil”! Ou melhor dito, como
tem sido fútil, após mais de 40 anos de poder
democrático, votando sempre nos mesmos partidos que os têm sujeito à miséria, à exploração,
ao desemprego e precariedade, poder esperar um resultado diferente?! Poder
esperar que a corrupção, o compadrio e o nepotismo não sejam a cartilha pela
qual todos eles, a sós ou coligados, não continue a pautar a sua acção política?!
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