terça-feira, 6 de agosto de 2019

Plágio de programas eleitorais? Ou unidade na acção reaccionária?


A escassos dois meses das eleições legislativas, agendadas por Marcelo Rebelo de Sousa para o próximo dia 6 de Outubro, instalou-se a mais pura e dura das comédias bufas nas hostes dos partidos do chamado “arco parlamentar”.

À medida que, a conta gotas, vão apresentando as suas propostas eleitorais, acusam-se mutuamente de plágio e de copy/paste, como se já não fosse uma evidência para os elementos mais conscientes da classe operário, da juventude, dos intelectuais e dos trabalhadores, a inexistência de qualquer tipo de divergências entre todos eles.

Nem Catarina, nem Jerónimo, nem Eloísa, se podem arrogar da diferença. Os últimos quatro anos de governo Costa/Centeno, comprova que, alegando o respeito pelos compromissos europeus do PS, PCP, BE e Verdes caucionaram todas as medidas reaccionárias e anti-populares que Costa e Centeno impuseram, consubstanciadas em quatro Leis do Orçamento, votadas por esta auto-intitulada maioria de esquerda.
 
E tudo isto mascarado de garantia para o amenizar das políticas de direita levadas a cabo pelo PS. Medidas que, a avaliar pela troca de acusações de plágio agora protagonizadas por Rio e Cristas, são as mesmíssimas que PSD e CDS – e direita e a extrema-direita – têm para propor nas próximas eleições.

À medida que se torna cada vez mais difícil – senão impossível – o exercício de diferenciação política entre as propostas eleitorais feitas pelos partidos do “arco parlamentar”, também se torna mais evidente a vacuidade do chamado voto útil. Útil para quem?

Claro que para a burguesia especuladora e parasitária, para a banca, para os pato-bravos e os especuladores imobiliários, para a manutenção de uma situação em que Portugal perdeu totalmente a sua soberania orçamental, política, cambial, bancária, aduaneira, económica e financeira, para aceitar os ditames de Bruxelas, Berlim e Paris.

Esta é a razão pela qual nenhum partido do chamado “arco parlamentar” – e outros satélites que, apesar de ainda não terem lugar na estrebaria de S. Bento,  se colocam em bicos dos pés para os assessorar – respondeu a qualquer destas perguntas que povoam a consciência de operários e trabalhadores e que o PCTP/MRPP sintetizou no artigo “Em que Estado está a Nação”, publicado na edição do órgão central do Partido, o Luta Popular online, no passado dia 11 de Julho do corrente:

· Vamos poder dispor da nossa zona económica exclusiva (ZEE) e Plataforma Continental?
· Podemos voltar a ter marinha mercante?
· Vamos voltar a ter indústria?
· Vamos voltar a ter agricultura?
· Vamos voltar a ter política externa?
· Vamos voltar a ter politica de defesa não submissa ao imperialismo americano e europeu?
· Vamos voltar a ter moeda?
· Vamos voltar a ter Língua?
· Vamos voltar a ter bancos públicos?
· Vamos continuar a ter água?
· A Escola vai passar a servir para alguma coisa?
· Vamos ter política de cultura?
· A Medicina vai funcionar no SNS sem matar as pessoas por falta de assistência?
· Podemos ter contratos de trabalho menos injustos, ou vamos continuar a assentar a política de emprego na precariedade e na ausência de confiança?
· Podemos não ir combater para a Ucrânia e para a Venezuela? Para o Irão, para o Mali e para a República



Centro-africana?
· Pode-se recuperar as verbas sumidas na corrupção?
· O pessoal das organizações (teórica ou praticamente) secretas pode ser posto nos eixos?
· E quanto aos tribunais, vão passar a ter os seus titulares eleitos democraticamente?
· Vamos recuperar a soberania cambial, monetária e orçamental?

Como afirmávamos no supracitado artigo, “ é tempo...de o povo português ponderar sobre para onde tem ido o seu voto útil”! Ou melhor dito, como tem sido fútil, após mais de 40 anos de poder democrático, votando sempre nos mesmos partidos  que os têm sujeito à miséria, à exploração, ao desemprego e precariedade, poder esperar um resultado diferente?! Poder esperar que a corrupção, o compadrio e o nepotismo não sejam a cartilha pela qual todos eles, a sós ou coligados, não continue a pautar a sua acção política?!




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