Impotente face à aguerrida greve cirúrgica que os
enfermeiros estão a levar a cabo e desnorteados com o facto destes
profissionais da saúde não demonstrarem ter qualquer medo dos ataques de que
estão a ser alvo por parte do governo de António Costa – uma coligação de
direita entre PS, PCP, BE e Verdes -, tenta agora o executivo atacar a fonte de
financiamento que permite aos enfermeiros fazer frente à chantagem financeira de
que estão a ser alvo.
Assim, o vice presidente da bancada do PS na Assembleia da República,
João Paulo Correia, anunciou esta 5ª
feira que o seu partido está a considerar a hipótese de , em “diálogo com os
outros partidos” – com assento parlamentar, claro está – “tornar o sistema mais
transparente”.
Insiste, pois, o PS em deslocar o foco da questão. Fazer
passar junto da opinião pública e publicada que o fundo de greve poderá estar a
ser usado como arma de arremesso contra o SNS, por parte de interesses que
visam atingir o dito. Isto é, seriam os sectores ligados à medicina e aos hospitais
privados que estariam interessados em promover, por este meio, um prejuízo para
o SNS!
Os enfermeiros e os trabalhadores e o povo que eles servem
não se deixam, porém, levar por esta cantilena absolutamente reaccionária, que
para além de instalar esta dúvida sobre a honorabilidade da campanha de fundos,
deita mão dos papagaios do costume para, nas redes sociais e na imprensa em
geral, criar um clima em que os enfermeiros aparecem como gente rica que ganha
acima daquilo que os médicos ganham.
Publicam acriticamente tabelas salariais para os enfermeiros
e para os médicos, escamoteando que são raros os enfermeiros que auferem os
rendimentos de topo da tabela que são propositadamente exacerbados para
“justificar” os descabelados ataques aos enfermeiros que, presumir-se-ía
auferem vencimentos de autênticos nababos! Tentam impor o argumento de que
justiça é alinhar os salários...por baixo!
Mas, PS e suas muletas do PCP/BE e Verdes, pretendem com
esta manobra de diversão desviar o foco do verdadeiro perigo para a
subsistência do SNS. Este – como o anterior governo de coligação entre a
direita e a extrema-direita, tutelado pelo palermóide de Boliqueime – têm
dedicado, em sede de Lei do Orçamento, verbas irrisórias para a manutenção,
reforço e consolidadão de um verdadeiro Serviço Nacional de Saúde. Isto porque,
ambos têm optado por alocar verbas muitos superiores – mais do dobro – ao
pagamento de juros e ao “serviço da dÍvida”.
Diga-se antes negócio
da dívida . Pois que se trata de uma dívida que, como se torna cada vez
mais evidente, não foi contraída pelo povo, nem o povo dela retirou qualquer
benefício. É o pagamento desta dívida privada que foi abusiva e criminosamente
transformada em pública – virtude do “Memorando de Entendimento” assinado por
PS, PSD e CDS/PP – que tem estrangulado, entre outros, o sector da saúde.
Importante de assinalar é que os enfermeiros que promovem a
greve cirúrgica, exigem não só a progressão nas suas carreiras – congelada há
décadas – e dos seus vencimentos, como a urgente contratação dos 2.500 médicos,
3.000 enfermeiros e 5.000 outros funcionários, absolutamente necessários para
que o SNS possa prestar, minimamente, serviços de saúde dignos e eficientes.
Quem está, afinal,
apostado na destruição do SNS e a favorecer a medicina e os hospitais privados?
Claro que são aqueles que têm o poder de decidir sobre o montante das verbas a
dedicar, cada ano, por via orçamental, a este e a outros serviços e institutos
públicos! Isto é, no caso vertente, Costa, o governo PS, Centeno o ministro das
cativações, a barbie da saúde, Marta Temido, e todas as muletas que se sentem
confortáveis em acolher as suas decisões.
Como afirma Arnaldo Matos num dos seus últimos tuítes, “...O
SNS está nos nossos dias reduzido a metade do pessoal previsto na Lei Arnault e
o seu orçamento está, em termos reais, reduzido a pouco mais de metade do
orçamento do SNS original. É por isso
que Marcelo exige de Costa uma nova Lei de Bases da Saúde aprovada por toda
direita...”!
Defensor acérrimo do SNS e apoiante incondicional da luta
dos enfermeiros, Arnaldo Matos conclui
que “...não é pois a greve dos enfermeiros que põe em causa o SNS... o
que põe em causa o SNS é o não financiamento adequado do serviço e os cortes de
cativação que, mesmo assim, sofre de Centeno...” e questiona se “...os
reaccionários como Costa e a ministra da Saúde pensam manter o SNS com
requisições civis?...”
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