sábado, 9 de fevereiro de 2019

Quem está apostado na destruição do SNS e a favorecer a medicina e os hospitais privados?






Impotente face à aguerrida greve cirúrgica que os enfermeiros estão a levar a cabo e desnorteados com o facto destes profissionais da saúde não demonstrarem ter qualquer medo dos ataques de que estão a ser alvo por parte do governo de António Costa – uma coligação de direita entre PS, PCP, BE e Verdes -, tenta agora o executivo atacar a fonte de financiamento que permite aos enfermeiros fazer frente à chantagem financeira de que estão a ser alvo.

Assim, o vice presidente da bancada do PS na Assembleia da República, João Paulo Correia, anunciou esta 5ª feira que o seu partido está a considerar a hipótese de , em “diálogo com os outros partidos” – com assento parlamentar, claro está – “tornar o sistema mais transparente”.

Insiste, pois, o PS em deslocar o foco da questão. Fazer passar junto da opinião pública e publicada que o fundo de greve poderá estar a ser usado como arma de arremesso contra o SNS, por parte de interesses que visam atingir o dito. Isto é, seriam os sectores ligados à medicina e aos hospitais privados que estariam interessados em promover, por este meio, um prejuízo para o SNS!

Os enfermeiros e os trabalhadores e o povo que eles servem não se deixam, porém, levar por esta cantilena absolutamente reaccionária, que para além de instalar esta dúvida sobre a honorabilidade da campanha de fundos, deita mão dos papagaios do costume para, nas redes sociais e na imprensa em geral, criar um clima em que os enfermeiros aparecem como gente rica que ganha acima daquilo que os médicos ganham.

Publicam acriticamente tabelas salariais para os enfermeiros e para os médicos, escamoteando que são raros os enfermeiros que auferem os rendimentos de topo da tabela que são propositadamente exacerbados para “justificar” os descabelados ataques aos enfermeiros que, presumir-se-ía auferem vencimentos de autênticos nababos! Tentam impor o argumento de que justiça é alinhar os salários...por baixo!

Mas, PS e suas muletas do PCP/BE e Verdes, pretendem com esta manobra de diversão desviar o foco do verdadeiro perigo para a subsistência do SNS. Este – como o anterior governo de coligação entre a direita e a extrema-direita, tutelado pelo palermóide de Boliqueime – têm dedicado, em sede de Lei do Orçamento, verbas irrisórias para a manutenção, reforço e consolidadão de um verdadeiro Serviço Nacional de Saúde. Isto porque, ambos têm optado por alocar verbas muitos superiores – mais do dobro – ao pagamento de juros e ao “serviço da dÍvida”.
Diga-se antes negócio da dívida . Pois que se trata de uma dívida que, como se torna cada vez mais evidente, não foi contraída pelo povo, nem o povo dela retirou qualquer benefício. É o pagamento desta dívida privada que foi abusiva e criminosamente transformada em pública – virtude do “Memorando de Entendimento” assinado por PS, PSD e CDS/PP – que tem estrangulado, entre outros, o sector da saúde.

Importante de assinalar é que os enfermeiros que promovem a greve cirúrgica, exigem não só a progressão nas suas carreiras – congelada há décadas – e dos seus vencimentos, como a urgente contratação dos 2.500 médicos, 3.000 enfermeiros e 5.000 outros funcionários, absolutamente necessários para que o SNS possa prestar, minimamente, serviços de saúde dignos e eficientes.

Quem está, afinal, apostado na destruição do SNS e a favorecer a medicina e os hospitais privados? Claro que são aqueles que têm o poder de decidir sobre o montante das verbas a dedicar, cada ano, por via orçamental, a este e a outros serviços e institutos públicos! Isto é, no caso vertente, Costa, o governo PS, Centeno o ministro das cativações, a barbie da saúde, Marta Temido, e todas as muletas que se sentem confortáveis em acolher as suas decisões.

Como afirma Arnaldo Matos num dos seus últimos tuítes, “...O SNS está nos nossos dias reduzido a metade do pessoal previsto na Lei Arnault e o seu orçamento está, em termos reais, reduzido a pouco mais de metade do orçamento do SNS original. É por isso que Marcelo exige de Costa uma nova Lei de Bases da Saúde aprovada por toda direita...”!

Defensor acérrimo do SNS e apoiante incondicional da luta dos enfermeiros, Arnaldo Matos conclui  que “...não é pois a greve dos enfermeiros que põe em causa o SNS... o que põe em causa o SNS é o não financiamento adequado do serviço e os cortes de cativação que, mesmo assim, sofre de Centeno...” e questiona se “...os reaccionários como Costa e a ministra da Saúde pensam manter o SNS com requisições civis?...”


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