Sendo certo que não restarão dúvidas acerca do papel de
Cavaco Silva e dos sucessivos governos dirigidos pelo PS e pelo PSD na
destruição do tecido produtivo no nosso país e na liquidação de toda a base
industrial e logística ligada ao mar e ao aproveitamento dos seus recursos, é
duma suprema hipocrisia ver o ainda presidente da República e vários membros do
governo vende-pátrias Coelho/Portas defenderem o regresso ao mar como um desígnio nacional! Pareceria, aos mais
incautos, que todos eles teriam tido um rebate
de consciência e, finalmente – e mais valeria tarde do que nunca – num
processo de assumpção de mea culpa,
considerado que deveríamos apostar no princípio de tomar a agricultura como
base da nossa economia e a indústria como factor determinante e motor do
desenvolvimento do país, o que permitiria consolidar a soberania de Portugal no
teatro das nações, na base do estabelecimento de relações de igualdade e
reciprocidade de interesses.
Nada disso! O que estas personagens querem é afinar ou
refinar os termos da traição nacional que protagonizaram ao aceitarem que a
Portugal, no quadro da divisão internacional do trabalho que mais convém às
potências capitalistas e imperialistas, coubesse o papel de prestador de
serviços, destino barato de turismo, reserva de mão-de-obra intensiva, pouco
qualificada e baratinha, detentor de uma indústria incipiente, com baixíssima incorporação tecnológica e de mais valia, a exemplo das indústrias do têxtil e
do calçado, um imenso call center
onde exércitos de recém licenciados encontrariam saída para o desemprego e
entrada no virtual mundo da precariedade.
Portanto, o que se pretende não é reutilizar subsídios para mandar reconstruir a nossa frota
pesqueira ou a nossa marinha mercante, nem para recuperar a nossa agricultura
de forma a capacitá-la a suprir grande parte das necessidades alimentares do
povo nem, muito menos, reapetrechar ou recuperar a indústria pesada e de
transformação. Nada disso! Cavaco, tal timoneiro sem barco, quer recuperar o
mar como desígnio nacional, não para
levar a cabo uma política de independência nacional, de soberania económica que
beneficie os trabalhadores e o povo português, mas para melhor negociar a venda
desse activo.
Agora que se começa a vislumbrar – apesar de há anos o
demonstrarmos e afirmarmos – que são os portos, num contexto em que, depois de
terminadas – este ano - as obras de
alargamento do Canal do Panamá, habilitarão Portugal a poder vir a ser a porta natural de entrada e
saída do essencial das mercadorias na Europa, é mais do evidente a gula que a
tróica germano-imperialista, gananciosa e rapace, revela para com este activo,
justificando esse apetite neo-colonial com o dever de se pagar uma sacrossanta dívida soberana que se recusam a revelar a quanto monta, a quem se
deve e porque é que se deve.
Diz-se que o mar enrola na areia. Mas a areia não pode
toldar a visão e a consciência do povo! Defender uma visão do mar que esteja em
conformidade com as exigências democráticas e patrióticas que o povo e quem
trabalha reclama, passa por abraçar e implementar um programa que tire o
proveito adequado da posição geoestratégica única de Portugal. Desde logo
através de um plano de recuperação e melhoramento da rede de portos de mar,
mormente do maior porto de águas profundas da Península Ibérica – o porto de
Sines -, ligando-os entre si através de um rede de alta velocidade, ligada
depois, em T, e aproveitando a rota da emigração
– isto é Vilar Formoso/Salamanca/Irún -, ao resto da Europa.
Simultâneamente, com um governo democrático patriótico no
poder, Portugal reclamaria a total soberania sobre a sua Zona Exclusiva Económica (ZEE)
– a maior da Europa – o que implicaria a reconstrução da nossa frota pesqueira
e a expulsão ou limitação da operacionalidade da frota pesqueira espanhola em
águas territoriais portuguesas. Tal política asseguraria o stock de pescado
necessário para alimentar o povo, ao contrário da situação absolutamente
insustentável que nos é imposta actualmente, que é a de Portugal – que é o
maior consumidor per capita de peixe
do mundo – ter de importar mais de 80% do peixe que consome, sendo que dois terços
desse peixe é pescado por barcos espanhóis…nas águas territoriais portuguesas!
Ora, está bem de ver que, tendo sido sempre o mar um pólo de
determinante importância económica, política e diplomática para Portugal, tal desígnio nacional foi há muito
abandonado por esta camarilha de traidores e vende pátrias e não serão as lágrimas de crocodilo que agora vertem
que alterará a sua natureza. É que, recuperar a economia do mar, para além de
exigir firmeza na defesa da nossa ZEE, exige:
·
Derrube deste governo de traição nacional e do
seu patrono Cavaco;
·
Constituição de um governo democrático
patriótico que suspenda de imediato o pagamento da dívida e prepare o país para
a saída do euro;
·
Governo que ordenaria uma intervenção firme e
musculada na banca a fim de evitar fuga de capitais e não só;
·
E que, levasse a cabo um plano de investimentos
criteriosos baseado nas vantagens competitivas do nosso país, do nosso
know-how, plano assente no princípio de tomar a agricultura como base da
economia e a indústria como factor determinante no progresso e bem estar do
povo e de quem trabalha.
Tal plano obrigaria o alocar de todos os recursos
financeiros que neste momento estão a ser criminosamente desviados para o
pagamento de uma dívida ilegítima, ilegal e odiosa, para que fosse
realizável a reindustrialização
orientada para um melhor aproveitamento da economia do mar, consubstanciada na:
·
Recuperação do nosso tecido industrial em
sectores de importância vital como a siderurgia e a chapa de laminagem a frio,
produtos industriais vitais para a;
·
Indústria metalúrgica e metalomecânica que, para
além de essencial à construção e reparação naval - assim que passarmos a ter
uma rede de portos devidamente apetrechados e uma frota pesqueira e de marinha
mercante actuantes e modernas -, seria imprescindível para a construção e
reparação de carruagens e outro material circulante ferroviário, assim como
para a construção das novas ferrovias, em bitola europeia, que habilitariam
Portugal a ser a porta de entrada e saída do essencial das mercadorias de e
para a Europa;
·
Para que estas indústrias, por sua vez, tenham o
alimento necessário, somos detentores
de uma das maiores reservas de matéria prima para a abastecer – o ferro -as
Minas de Moncorvo.
Não haja ilusões! Quando Cavaco e quejandos evocam o mar
como desígnio nacional não é de um
programa democrático patriótico como o que acima se refere e detalha que estão
a falar. Nada disso! Basta o exemplo, na indústria naval, dos Estaleiros de
Viana do Castelo que estão prestes a concessionar a privados levando ao
despedimento de umas centenas de operários altamente especializados, da
chantagem esta semana anunciada da deslocalização da siderurgia nacional – com
capitais maioritários de origem espanhola – ou do negócio furado – e nunca
explicado – da famigerada concessão de exploração das minas de Moncorvo, para
concluir que, do que eles estão a falar é de como e a quem melhor poderão
vender recursos e activos nacionais para serem sacrificados no altar de uma
dívida ilegítima, ilegal e odiosa que insistem em fazer o povo, que não a
contraiu, nem dela beneficiou, pagar!
Nem que para tal, como o fizeram nas últimas décadas de
política de bloco central, tenham de
criminosamente abandonar, destruir ou vender a preços de saldo a riqueza do
solo e subsolo, dos recursos marítimos, do know-how, das forças produtivas,do
trabalho, enfim, dos activos e empresas estratégicas essenciais para a
construção de uma nação soberana, moderna e progressista, com uma política
económica que esteja ao serviço do povo e de quem trabalha.
Ao longo da nossa História com de mais de 800 anos, tivemos a "sorte" de ter tido apenas um bom governante em cada século. A mediocridade tem estado sempre em maioria. Nos momentos mais difíceis, contudo, o Povo deu SEMPRE a volta por cima. Agora, nesta "democracia" do tipo "só-quando-lhes-convém" estamos outra vez lixados. Mas como a única arma que temos é desmascará-los - pois a Palavra ainda não nos foi roubada - é este o caminho: Gritar, até que a voz nos doa, até k ponto eles são ladrões, medíocres e lacaios da banca internacional que há muito tempo tinha "isto" planeado.
ResponderEliminarFernanda Durão