Apesar de todos os avisos à navegação a alertar que bem
podiam mudar as circunstâncias, mas a natureza do espécimen em causa se
manteria, eis que hoje se torna cada vez mais evidente que a evolução de imperador de Lisboa para
marioneta de Berlim, são faces da mesma moeda e do percurso de um traidor, primeiro
dos interesses dos munícipes de Lisboa, agora da classe operária, dos
trabalhadores e do povo português.
Cabeça de uma clique no Partido dito socialista que, ainda
durante o reinado da coligação da direita com a extrema direita, protagonizado pela dupla de traidores
nacionais Passos e Portas – sob tutela de Cavaco, o imbecil de Boliqueime -,
insistiu na ilusão de que, sendo inevitável
a intervenção da tróica germano-imperialista, ainda assim haveria significativas
diferenças entre os adeptos de uma tróica de direita, virada para uma política
mais austeritária, e os adeptos de uma tróica de esquerda, mais virada para reformas compagináveis com uma política
mais moderada de assalto à bolsa do povo
e geradora de crescimento e emprego.
Ao primeiro toque a rebate, à primeira chantagem e imposição
da Comissão Europeia – que não passa de um directório ao serviço dos interesses
alemães e a mando da chancelerina Merkel – eis Costa a dobrar a cerviz e a aceitar o chimbalau (mais um) do Banif – um banco que, como há muito
vínhamos a denunciar, estava falido -, aceitando o principio de que, por um
lado, cabe ao povo português pagar dívidas privadas e, por outro, alimentar o
projecto de há muito prosseguido pela banca alemã e internacional de abocanhar
todo o sector bancário em Portugal.
Nem sequer é confrangedor assinalar que PCP, Verdes e BE são
igualmente responsáveis por, em nome da defesa do princípio de que para situações concretas procuram soluções concretas, apesar de aparentemente terem divergências com o PS e o
seu programa político, sustentem, no parlamento, o seu governo e o seu projecto
de Lei Geral de Orçamento do Estado como, anteriormente, aplaudiram e assinaram
de cruz o Orçamento Rectificativo para, como agora é moda dizer-se, acomodar o chimbalau Banif que, ainda agora a procissão vai no adro já se estima em cerca de 4 mil milhões de
euros.
Após uma campanha eleitoral que levou, por culpa do PS e
seus parceiros do PCP, Verdes e BE, à vitória da versão Cavaco intelectual – o mentiroso compulsivo
Marcelo Rebelo de Sousa. Uma campanha durante a qual nenhum dos candidatos –
tal como havia acontecido durante a campanha eleitoral para as legislativas –
se debruçou sobre as questões que mais interessam à classe operária, aos
trabalhadores e ao povo português, a saber:
1.
O que fazer quanto a uma dívida que não foi
contraída pelo povo, nem o povo dela retirou qualquer benefício? Uma dívida que
não para de crescer e que é impagável? Pagá-la, como impõe Berlim? Ou
rejeitá-la?
2.
Preparar a saída de Portugal do euro que
representa um garrote para a nossa economia e independência nacional
3.
Iniciar o processo de desvinculação da União
Europeia, apostada numa agenda que transforma países com economias frágeis como
a nossa em autênticos protectorados, reservatórios de mão de obra dócil e
mal-renumerada, retirando-lhes, ao mesmo tempo, soberania nas decisões, seja a
nível político, económico, fiscal, orçamental e territorial

Não surpreende, pois, que esta semana se comece a ouvir
Costa e seus aliados de esquerda a
preparar o terreno – para já no parlamento – para uma opinião pública e
publicada que aceite que, afinal, mais medidas austeritárias são necessárias,
desta vez – imagine-se a originalidade – por culpa de situações criadas, e
escondidas, pelo executivo anterior.

Enquanto não estiverem resolvidas as três questões acima
identificadas nunca poderá haver uma solução para o desemprego, nem para um
paradigma de economia que sirva os interesses da classe operária, dos
trabalhadores e do povo português, assente num programa de unidade democrática
e patriótica que restaure a soberania e independência nacional que sucessivas
hordas de traidores à pátria têm vindo a comprometer.