segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

BANIF – o assalto à bolsa do povo prossegue!

A propósito da solução engendrada por António Costa e o governo do PS para salvar o BANIF, Marisa Matias, em recentes declarações, reclamava que os portugueses estão fartos de resgatar bancos. Se não fosse trágico dava para esboçar um sorriso! Para quem se absteve no Parlamento Europeu aquando da votação proposta por Elisa Ferreira do PS para o Tratado da União Bancária, é caso para dizer que não diz a bota com a perdigota.

 No mínimo, é muito desportiva a atitude desta oportunista face a um resgate que os especialistas do costume já estimam poder representar cerca de 4 mil milhões ao erário público – leia-se, aos trabalhadores e ao povo português que são os únicos que não conseguem escapar à colecta de impostos. Se é, como afirma, um acto criminoso praticado pelo anterior governo, porque persiste, então, que a dívida soberana deve ser, ainda assim, renegociada ou reestruturada?

 De há muitos anos a esta parte que, de forma consistente e coerente, os marxistas-leninistas do PCTP/MRPP vêm denunciando que todos os bancos portugueses estão falidos, ao mesmo tempo que  defendem o princípio de que, não tendo a chamada dívida soberana sido contraída pelo povo, nem o povo ter dela retirado qualquer benefício, a única posição política correcta a defender seria a recusa do seu pagamento.

 Propusemos – e continuamos a propor - o derrube de todo e qualquer governo que inscreva no seu programa de acção o pagamento da dita dívida, porque temos consciência que tal é conseguido com recurso ao empobrecimento do povo e de quem trabalha e à drástica diminuição ou anulação do seu direito à saúde e educação, a transportes confortáveis e eficientes, à segurança social e acesso a prestações sociais, enfim, a tudo o que assegure um maior equilíbrio para as suas vidas, a tudo que assegure que está a recato de qualquer tipo de humilhação e de condição indigna de sobrevivência.

Durante anos denunciámos que a dita dívida soberana mais não era do que uma manobra da burguesia ao serviço da banca internacional e do grande capital financeiro – sobretudo a alemã –,em transformar as dívidas dessa banca e do efeito do rebentamento da bolha imobiliária em dívida pública!

Mais, evidenciámos que o negócio da dívida consistiu em impor o princípio de que só a banca comercial poderia aceder ao crédito facultado pelo Banco Central Europeu a 1% de juros - e agora, a menos – , estando os estados europeus, membros desta fraudulenta e corrupta união, impedidos de o fazer. Um maná! Seguiram-se, à custa desta fraude, anos de euforia e lucros por parte da banca, durante os quais chorudos lucros eram principescamente distribuídos pelos accionistas, não havendo a mínima preocupação em aproveitar os mesmos para recapitalizar a banca.

É por isso que, após os desaires fraudulentos e criminosos de BPN, BPP, BES e, agora, BANIF, depois de se saber que, não fora uma intervenção musculada do Banco de Portugal, com fundos do estado e dos contribuintes, o BCP e a Caixa Geral de Depósitos há muito teriam tido o mesmíssimo destino, vale a pena questionar porque se insiste num modelo como aquele que visa salvaguardar o sector financeiro e bancário privado e reproduzir o vício de fazer com que dinheiros públicos – resultantes sobretudo dos impostos que se impõem sobre quem trabalha e sobre o povo – sirvam para pagar vícios privados.

É cada vez mais evidente o oportunismo daqueles que, como o P”C”P e o B”E”, nada mais têm a opôr àqueles que como o PCTP/MRPP defendem que o repúdio da dívida é a única saída que defende os interesses da classe operária e dos trabalhadores portugueses, do que uma pífia “reestruturação” ou “renegociação” da dívida.

Isto é, prestam-se a servir de cortina de fumo que proteja o sistema capitalista e o seu programa, escamoteando que esta dívida é gerada pelo sistema capitalista e propor a sua regeneração não é, certamente, o que interessa à classe operária, aos trabalhadores e ao povo que são explorados por esse sistema.

Reveladora deste oportunismo inqualificável tem sido a reacção solidária e compreensiva de P”C”P e B”E”, bem como da Intersindical e da UGT – a que se juntou, numa autêntica manifestação da união nacional que os move e anima, o candidato a presidente, Marcelo Rebelo de Sousa -, às decisões anunciadas por António Costa.

Palhaçada que, para ter alguma consistência, passa por considerar de grande utilidade mais um inquérito parlamentar, levado a cabo por mais uma daquelas Comissões Parlamentares, onde tudo se comenta e discute, para que tudo seja deixado na mesma! Isto é, para que os factores de exploração e humilhação do povo e de quem trabalha possam prosseguir, de preferência sem resistência, nem luta.

Um oportunismo que se replica no apoio incondicional a um governo que persiste no modelo de impor o pagamento por parte do povo e de quem trabalha desta dívida que não contraíram, nem dela beneficiaram, um governo que prossegue a venda do país a retalho e o mantém amarrado   a uma moeda como o euro que é uma autêntica tenaz que sufoca  economias mais frágeis como a nossa e a uma União Europeia que representa o domínio imperial sobre os protectorados que, como em Portugal, aceitaram destruir o seu tecido produtivo e vender os seus recursos estratégicos por tuta e meia, esmagando qualquer leviandade em prosseguir uma política soberana, independente e autónoma.


Sabemos que esta é uma luta dura e prolongada. Sabemos que esta aparentemente ampla unidade de esquerda tem toldado as lutas que a classe operária e os trabalhadores devem prosseguir sem desfalecimentos ou ilusões. A via é difícil, é certo, mas é a única saída para assegurar o restaurar da nossa independência e soberania nacional e constituir um governo de unidade democrática e patriótica que leve a cabo um plano de recuperação do tecido produtivo destruído e coloque em marcha um novo paradigma de economia, ao serviço dos explorados de sempre.


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