
No mínimo, é muito desportiva a atitude desta oportunista face a um resgate que os especialistas do costume já estimam poder representar cerca de 4
mil milhões ao erário público – leia-se,
aos trabalhadores e ao povo português que são os únicos que não conseguem
escapar à colecta de impostos. Se é, como afirma, um acto criminoso praticado pelo anterior governo, porque persiste,
então, que a dívida soberana deve ser, ainda assim, renegociada ou reestruturada?
De há muitos anos a
esta parte que, de forma consistente e coerente, os marxistas-leninistas do
PCTP/MRPP vêm denunciando que todos os bancos portugueses estão falidos, ao
mesmo tempo que defendem o princípio de
que, não tendo a chamada dívida soberana
sido contraída pelo povo, nem o povo ter dela retirado qualquer benefício, a
única posição política correcta a defender seria a recusa do seu pagamento.
Propusemos – e
continuamos a propor - o derrube de todo e qualquer governo que inscreva no seu
programa de acção o pagamento da dita dívida, porque temos consciência que tal
é conseguido com recurso ao empobrecimento do povo e de quem trabalha e à
drástica diminuição ou anulação do seu direito à saúde e educação, a transportes
confortáveis e eficientes, à segurança social e acesso a prestações sociais,
enfim, a tudo o que assegure um maior equilíbrio para as suas vidas, a tudo que
assegure que está a recato de qualquer tipo de humilhação e de condição indigna
de sobrevivência.

Mais, evidenciámos que o negócio
da dívida consistiu em impor o princípio de que só a banca comercial
poderia aceder ao crédito facultado pelo Banco Central Europeu a 1% de juros -
e agora, a menos – , estando os estados europeus, membros desta fraudulenta e
corrupta união, impedidos de o fazer.
Um maná! Seguiram-se, à custa desta fraude, anos de euforia e lucros por parte
da banca, durante os quais chorudos lucros eram principescamente distribuídos
pelos accionistas, não havendo a mínima preocupação em aproveitar os mesmos
para recapitalizar a banca.
É por isso que, após os desaires fraudulentos e criminosos de
BPN, BPP, BES e, agora, BANIF, depois de se saber que, não fora uma intervenção
musculada do Banco de Portugal, com fundos do estado e dos contribuintes, o BCP
e a Caixa Geral de Depósitos há muito teriam tido o mesmíssimo destino, vale a
pena questionar porque se insiste num modelo como aquele que visa salvaguardar
o sector financeiro e bancário privado e reproduzir o vício de fazer com que
dinheiros públicos – resultantes sobretudo dos impostos que se impõem sobre
quem trabalha e sobre o povo – sirvam para pagar vícios privados.

Isto é, prestam-se a servir de cortina de fumo que proteja o
sistema capitalista e o seu programa, escamoteando que esta dívida é gerada
pelo sistema capitalista e propor a sua regeneração não é, certamente, o que
interessa à classe operária, aos trabalhadores e ao povo que são explorados por
esse sistema.
Reveladora deste oportunismo inqualificável tem sido a
reacção solidária e compreensiva de P”C”P e B”E”, bem como da Intersindical e
da UGT – a que se juntou, numa autêntica manifestação da união nacional que os move e anima, o candidato a presidente,
Marcelo Rebelo de Sousa -, às decisões anunciadas por António Costa.
Palhaçada que, para ter alguma consistência, passa por considerar
de grande utilidade mais um inquérito parlamentar, levado a cabo por mais uma
daquelas Comissões Parlamentares, onde tudo se comenta e discute, para que tudo
seja deixado na mesma! Isto é, para que os factores de exploração e humilhação do
povo e de quem trabalha possam prosseguir, de preferência sem resistência, nem
luta.
Um oportunismo que se replica no apoio incondicional a um
governo que persiste no modelo de impor o pagamento por parte do povo e de quem
trabalha desta dívida que não contraíram, nem dela beneficiaram, um governo que
prossegue a venda do país a retalho e o mantém amarrado a uma moeda como o euro que é uma autêntica
tenaz que sufoca economias mais frágeis
como a nossa e a uma União Europeia que representa o domínio imperial sobre os
protectorados que, como em Portugal, aceitaram destruir o seu tecido produtivo
e vender os seus recursos estratégicos por tuta e meia, esmagando qualquer leviandade em prosseguir uma política
soberana, independente e autónoma.
Sabemos que esta é uma luta dura e prolongada. Sabemos que
esta aparentemente ampla unidade de
esquerda tem toldado as lutas que a classe operária e os trabalhadores
devem prosseguir sem desfalecimentos ou ilusões. A via é difícil, é certo, mas
é a única saída para assegurar o restaurar da nossa independência e soberania
nacional e constituir um governo de unidade democrática e patriótica que leve a
cabo um plano de recuperação do tecido produtivo destruído e coloque em marcha
um novo paradigma de economia, ao serviço dos explorados de sempre.
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