No ano de 2012, o Pentágono começou a
tornar público na imprensa de língua inglesa e de língua francesa o
desinteresse dos Estados Unidos da América na continuação do uso da base aérea
das Lajes, na ilha Terceira, na Região Autónoma dos Açores. O Pentágono
procedia sempre assim, desvalorizando publicamente a importância da base,
quando pretendia principiar a renegociação.
Daquela vez, porém, as coisas eram mesmo
a sério, pois era real o desinteresse norte-americano pela base das Lajes,
porquanto correspondia a uma alteração profunda da estratégia militar global do
imperialismo ianque, a qual passava a centrar-se no oceano Pacífico, na
antevisão de um inevitável conflito mundial com a aliança sino-rusa.
A estratégia militar norte-americana
assente na Nato, isto é, na Aliança Atlântica, tinha morrido e fora já
substituída por uma estratégia militar mundial centrada no Pacífico. A própria
Nato deixou de ter por teatro de operações exclusivo e mesmo principal a
Europa, alargando-o à África e ao Médio Oriente, pelo que passou a ganhar mais
interesse para o imperialismo norte-americano o arquipélago de Cabo Verde e o
Golfo da Guiné, em conjugação com a base aérea americana de Marón de la
Frontera, 56 Kms a sueste de Sevilha, e uma das quatro bases militares dos ianques
em Espanha.
Pôs-se ainda a hipótese – antes do
actual presidente regional dos Açores, Vasco Cordeiro, matar o País à
gargalhada com a ridícula ameaça de arrendar a base das Lajes aos Chineses – de
estabelecer na Terceira um Centro de Informações Europeu, mas o Departamento de
Defesa dos EUA decidiu instalar o aludido centro na Base Aérea de Croughton, no
Reino Unido!
Ora, o governo regional dos Açores e o
governo da República deveriam pôr-se imediatamente de acordo para afastar
definitivamente o imperialismo americano da Base Aérea das Lajes e do
território nacional português. E, para o efeito, nunca mais terão uma
oportunidade tão boa como a actual.
Desde a guerra hispano-americana de 1898
– a primeira guerra imperialista
da história – que o imperialismo americano considera os Açores como a sua
fronteira oriental. Em todas as guerras para que precisou de utilizar os
Açores, e em especial a Base Aérea das Lajes, sempre tratou Portugal e os
governos portugueses sob a forma de ultimatos e os seus dirigentes como
capachos.
A 11 de Maio de 2009, a Estrutura de
Missão Para a Extensão da Plataforma Continental entregou na Comissão de
Limites da Plataforma Continental da Organização das Nações Unidas (ONU) a
proposta portuguesa, onde consta o limite exterior da plataforma continental
para lá das duzentas milhas marítimas, mas o imperialismo americano opôs-se à
justa pretensão portuguesa, alegando que o limite exterior da plataforma
continental atlântica dos EUA estariam dentro da zona económica exclusiva –
dentro das 200 milhas – dos Açores!...
É a boa altura de mandar embora os
imperialistas ianques da Base Aérea das Lajes, porque ainda vamos ter muitos
problemas com eles.
É certo que a burguesia açoriana, seja
ela dirigida por Mota Amaral ou por Vasco Cordeiro, é uma burguesia capitalista
compradora parasitária, que até vive de uma parte dos salários dos
trabalhadores açorianos que vende aos americanos da Base Aérea das Lajes, e que
julga que os Açores e Portugal morrem, se os imperialistas americanos forem
postos a andar da Terceira para fora.
Mas isso não é verdade.
Vasco Cordeiro – o tal que ameaçou
vender as Lajes aos Chineses!... – está a tentar negociar, para a burguesia
compradora que ele representa no governo regional actual, um subsídio para
fazer face à perda do nível de vida dos terceirenses.
Ora, nós entendemos que a defesa dos
interesses do povo da Terceira, bem como do povo dos Açores, da Madeira e do
continente português passa por outro caminho e, muito justamente, pela Base
Aérea das Lajes.
Se a Comissão de Limites da Plataforma
Continental da ONU aprovar, como se espera, a proposta portuguesa, o território
português passa a ter 4 milhões de km2 de
superfície, equivalente a 91% da área emersa de toda a União Europeia…
A Base Aérea das Lajes, sem forças
imperialistas americanas a utilizá-la e depois de devidamente reorganizada e
apetrechada com os meios, forças e sistemas de defesa aérea indispensáveis,
passará a constituir uma estrutura militar de vigilância e defesa aeronaval
insubstituível para a segurança de todo o território português.
Ora, a Base Aérea das Lajes é a Base
Aérea nº 4 (BA4) da Força Aérea Portuguesa. É
precisamente esta Base Aérea nº 4, devidamente reconstruída, reorganizada,
reapetrechada, com os meios humanos e os efectivos militares, os sistemas de
armas, os meios aéreos de observação, vigilância e combate, os quais só por si
contribuirão poderosamente para o desenvolvimento económico da Região e para a
defesa e promoção do território e das suas riquezas, que urge promover.
De nada valerá dispor de um imenso
território de quatro milhões de quilómetros quadrados, se não tivermos desde já
meios aéreos e navais capazes de o vigiar, proteger e defender.
Não precisamos de militares
imperialistas americanos nas Lajes, mas precisamos de vigilância, protecção e
defesa para um território que vai passar a ser um dos maiores territórios do
planeta. Precisamos desde já de defesa aérea e de defesa naval e de efectivos
militares. E tudo isso passará pela Terceira e não só. E a Base Aérea nº 4,
limpa dos imperialistas ianques e restituída aos portugueses, terá um papel de
enorme importância a cumprir nessa missão.
Ora a actual BA4, subordinada ao Comando da Zona Aérea
dos Açores, não tem quase nada e falta-lhe quase tudo. Tem uma esquadra –
Esquadra 751 Pumas – com duas aeronaves Merlin, para
a missão de busca, salvamento e evacuação médica. Tem outra esquadra –
Esquadrão 502 Elefantes – com uma única aeronave, para missões de
evacuação médica e transporte geral.
Isto é: tem duas esquadras com um total
de três aeronaves. Ou seja: não tem quase nada e falta-lhe quase tudo o que
precisa para vigiar, proteger e defender a fronteira ocidental de Portugal.
Esta nova BA4, com os meios, objectivos e missões
supra-referidos, deve ser obtida com absoluta urgência e paga pelo orçamento
geral do Estado.
Na nova BA4, deve ser mantido o estatuto dos
trabalhadores civis da Base.
- Artigo que integra a comunicação da constituição do Comité
do PCTP/MRPP na Ilha Terceira, Açores, e
que pode ser lida na íntegra em:
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