Enquanto
65 marionetas políticas (a quem os meios de comunicação chamam de chefes de
estado) e um papagaio sueco manipulado,se pavoneiam na casa nova-iorquina das
ilusões (sede da ONU), um verdadeiro cataclismo sísmico cresce a alguns passos
dali, em Wall Street. Para tranquilizar a plebe, a comunicação social envia
seus sacerdotes da economia para nos iludirem sobre essa recessão que eles
sabem que é inevitável. Nada sairá da cortina de fumo climática ONUsiana nem do
matagal cerrado de Wall Street, nem dos
gritos de alarme das autoridades da OCDE. Boa leitura Robert Bibeau (editor) .
O último relatório da OCDE sobre "as perspectivas económicas
intermediárias" é muito pessimista. A instituição está alarmada com a
ampla falta de confiança e um declínio contínuo no crescimento económico
global. O economista-chefe da OCDE também alertou, durante a conferência de
imprensa sobre as previsões de crescimento global de quinta-feira, 19 de
Setembro de 2019: "Todos os riscos que observamos levam-nos a um terreno
perigoso para o crescimento, mas também para o trabalho ". A economia
global pode aproximar-se de um abismo, 11 anos após a crise que quase atingiu o
sistema financeiro, os bancos e os orçamentos estaduais ... (sic)
De novo à beira do abismo?
A seguir à crise dos subprimes iniciada em 2007,
seguida da falência do banco Lehman
Brothers a 15 de Setembro de 2008, o crescimento do PIB mundial nesse ano
terminou abaixo dos 3% - 2,9% - enquanto era, nos anos precedentes, de pelo
menos 4%.
É essa tendência de queda que parece preocupar a OCDE: o
crescimento económico global para 2019 é estimado em 2,9%, a mesma taxa ... que em 2008. No ano seguinte, em 2009, a
recessão foi global. , mergulhando economias inteiras no desconhecido, com o
seu lote de falências bancárias, a explosão da dívida estatal, encerramento de
empresas e aumentos massivo do desemprego. Mas para tal, a conjuntura económica
não é a mesma em 2019 da que existia em 2008. Então, por que é que esse famoso
crescimento económico mundial está a cair? E como evitar uma recessão que
finalmente poderia ocorrer? Entrevista com Dominique Plihon, professor emérito
da Universidade Paris 13 e membro do conselho científico da ATTAC.
TV5MONDE: Porque é que, se a situação não é igual à de 2008, o crescimento
do PIB mundial é também tão fraco hoje?
(Dominique
Plihon é professor da Universidade Paris XIII. Ligado à corrente teórica da escola de regulamentação, ele dirige o
Centro de Economia da Universidade de Paris Norte (CEPN), o pólo especializado
em economia financeira, e publica regularmente artigos no semanário Politis.)
Dominique Plihon: É difícil acreditar que a situação seja a mesma de
2008, apesar dos níveis de crescimento equivalentes. A situação é muito diferente e os motivos de preocupação estão
relacionados com factores cíclicos e estruturais. Existem factores políticos
e económicos que estão a impulsionar uma desaceleração da actividade económica
no mundo. Existe a guerra comercial
entre os Estados Unidos e a China, que cria um clima muito forte de incerteza.
Na Europa, existe o Brexit, com uma probabilidade significativa de que não haja
acordo, que é a situação mais perigosa. Os economistas não concordam entre si
sobre os efeitos do Brexit, mas também isso cria incerteza. E depois há a crise do petróleo que acaba de se
estrear com a Arábia Saudita e que cria
um clima de instabilidade, mesmo que os líderes sauditas estejam a tentar
amenizar a questão.
(Devem ter notado,
caros leitores, que o economista está a usar alegremente o pleonasmo ... Há uma
crise financeira por causa da instabilidade financeira, disse ele (sic), como
em 2008, digam o que disserem. E por que essa instabilidade - essas incertezas
- por que a crise do PIB que se está a forjar há anos? (nota do editor-Robert
Bibeau))
Depois, há as
políticas económicas que são levadas a cabo. A Europa é um bom exemplo,
embora outros possam ser considerados, como o da Argentina. O problema é que
essas políticas económicas são absolutamente inconsistentes. Por um lado, há
autoridades monetárias - o Banco Central Europeu da União Europeia - que calcam
sobre o acelerador fazendo ajustes (taxas
muito baixas, até negativas, nota do editor) para lutar contra a
perspectiva de recessão, a desaceleração do crescimento; e do outro lado,
governos totalmente irresponsáveis, que eles apoiam com um travão (o que é totalmente falso senhor economista
... os Estados calcam no acelerador- nota do editor). Esses governos
continuam a adoptar políticas orçamentais e fiscais austeras e, do lado das
empresas, são políticas salariais muito rigorosas, por assim dizer, para manter a competitividade. Portanto, os motores de crescimento que são a procura
e os salários - procura privada - por um lado, mais a procura pública,
orçamental e fiscal, estão a caminha na direcção errada.
(É que o objectivo da actividade económica não é aumentar a produção de bens
e serviços, senhor economista, mas aumentar os lucros, o que exige reduzir o
custo dos salários para aumentar a parcela da mais-valia – nota do editor.)
TV5MONDE : É portanto
o que exige hoje a OCDE : que políticas de relançamento (económico – NT)
sejam levadas a cabo pelos estados que possuam margem orçamental...
D.P: Sim, mas a OCDE é
parcialmente responsável pela situação. Pela minha parte, denuncio os
economistas desta organização - ou de outros lugares - que são economistas da
chamada economia da oferta. Esses
economistas ainda são a favor do emagrecimento dos gastos públicos, que se
aposte a fundo na competitividade mantendo os salários no mais baixo nível
possível, que se ofereçam deduções fiscais que pioram as finanças públicas,
com o argumento de que será isso que permitirá que a actividade seja relançada.
Há anos que se praticam essas políticas
e elas não funcionam! A OCDE retoma
a sua fatiota, mas o FMI também, com o ex-economista-chefe Olivier Blanchard, que
pouco antes de deixar seu cargo - e hoje aposentado - disse: "Basta, nós enganámos-nos”-.
Apesar de nos dizerem que não
existe um tesouro escondido, sabemos que a evasão fiscal se estimada em um
trilião de euros apenas para a União Europeia, e se todos os países começassem
a lutar de maneira vigorosa para recuperar grande parte dessa soma, muitas
coisas seriam possíveis. Isso tornaria possível resgatar os países que têm
dificuldades financeiras nacionais e permitiria estabelecer um orçamento
europeu que não existe hoje, fazer o
renascimento concertado, nomeadamente com investimentos públicos.
Investimentos para transições ecológicas e energéticas, habitação,
infraestrutura, pesquisa e desenvolvimento, etc. Estamos novamente no precipício, na borda do cume. Hoje, na Europa,
não nos são dados os meios para levar a cabo esse relançamento. Se amanhã
houver um colapso, que poderia, por exemplo, vir dos mercados e pesar na actividade, não vemos como os governos poderiam alterar a situação.
(Eis-nos aqui atraídos pela chicana dos
intelectuais-economistas-pequenos-burgueses. O grande capital alimenta duas
escolas de economistas burgueses. A escola da oferta contra a escola da
procura. Como se oferta e procura não fossem as duas faces de Janus. O
processo de produção exige que exista PRODUÇÃO = OFERTA para que exista OFERTA
= CONSUMO. Esse consumo destrói a mercadoria (a oferta) e exige a sua
substituição. Mas o que fazer senhor economista quando a oferta é
superabundante e excede mesmo as capacidades da procura? Aumentar ainda mais a produção (investir), ou
seja, aumentar a oferta, que já é excedente, não é contraproducente? (Nota do
Editor).)
TV5MONDE
: A Alemanha é normalmente a locomotiva económica da Europa, mas no entanto o
seu crescimento é de 0,5% este ano e só será melhor em 2020. Como explicar esta falta de crescimento?
DP: O que
demonstra esta fase da conjuntura internacional, com a Alemanha a sofrer a
desaceleração das importações chinesas, é que os modelos de crescimento assentes nas exportações, como a Alemanha e
China, são modelos perigosos que devem ser postos em causa. Até a França deve colocar
menos o acento sobre as questões de competitividade externa e preocupar-se mais
com a reconquista do mercado interno por
meio de investimentos. Existe uma necessidade de repensar a dinâmica do
crescimento, voltando-a mais para os mercados domésticos e menos para o
comércio internacional.
Se a França se sair melhor
este ano, com um crescimento um pouco maior que o da zona do euro, é porque o
presidente Macron teve que libertar entre 10 e 17 biliões de euros - isto são estimativas
- de poder de compra adicional. Sem esse maná, estaríamos abaixo do crescimento
da zona do euro na minha opinião. Isso prova que há um problema de poder de compra, um problema de procura,
e constatamos que, quando aliviamos - desta vez sob constrangimento - e bem, estamos muito felizes por constatar
que estamos um pouco melhor que noutros lugares. Mas, na minha opinião, é acima
de tudo a lógica económica da oferta pura que é obsoleta e que deve ser
questionada. Então, é verdade, a OCDE está em vias de disso se dar conta, até o
Financial Times ou o The Economist estão a começar a dizer
que talvez precisemos mudar de programa, pois o perigo está a aproximar-se, mas
daí a admitir que é preciso repensar a fiscalidade para aumentar fortemente
certos impostos sobre o capital ou sobre as fortunas,, como propõe o economista
Thomas
Piketti, para reduzir as desigualdades, é ainda outra coisa. Mas, mesmo
assim, há cinco anos, a mesma OCDE publicava um estudo que explicava que as desigualdades são um factor de
abrandamento da actividade. É para levar em conta, ainda assim.
(É necessário relembrar que o economista é consultor
da ONG ATTAC, que está na esteira da polémica ilusionista da fiscalidade-reguladora
(sic). 1) Primeiro, digamos que não existe um modelo de crescimento liderado
pelas exportações em OPOSIÇÃO a um modelo de crescimento impulsionado pelo
consumo nacional interno. Esses dois, por assim dizer, "modelos" não passam de apenas um. O
modo de produção capitalista, que exige que o capital, para se valorizar -
acumular, engula o salário nacional (a procura), depois parte à conquista do
salário - a procura externa - via exportação. 2) Em seguida, a propósito das
ameaças de aumentar os impostos dos ricos para, por assim dizer, acumular dinheiro para que o estado dos ricos capitalistas
aumente os investimentos - ou seja, a oferta ... Mas, precisamente o economista
algumas linhas acima denuncia o MODELO BASEADO NA OFERTA (sic). A oferta e a procura estão
ligadas uma às outra como dois irmãos siameses e o banqueiro não saberia
relançar uma sem relançar a outra (Nota do Editor)
TV5MONDE : O
sistema financeiro internacional e as dívidas continuam a inquietar : elas
podem colocar de novo problemas?
D.P: Existem
muitos estudos que mostram com precisão que houve um aumento geral da dívida.
Esse aumento da dívida afecta todas as zonas geográficas e todos os actores,
sejam eles os Estados, os actores privados ou o mundo bancário e financeiro.
Portanto, temos uma dívida global enorme, em parte impulsionada por taxas de
juros muito baixas. Um dos mercados de dívida que mais me preocupa é o “corporate” (empresarial – NT). É da
dívida obrigatória que se transformou numa bolha e que está a alarmar há mais
ou menos dois anos a BRI, o Banco dos regulamentos internacionais. Se por uma razão ou outra
essa bolha explodir, o crash que se lhe seguiria colocaria em dificuldade
muitas empresas. Aí, os efeitos sobre o crescimento e a actividade seriam
terríveis (uma nova tautologia do nosso
amigo, o economista – nota do Editor).
TV5MONDE
: O que é que poderia impedir a recessão que a OCDE teme poder vir a
ocorrer ?
D.P: Hoje, existe uma ideia importante, que
compartilho, que é a de que nós voltámos a entrar num regime de crescimento lento
e inflação baixa. Este não é um ciclo conjuntural que vá ter retorno num ano para voltar a ser
como era antes. Não acredito , portanto, que estejamos a caminhar para um
crescimento zero, mas devemos acreditar que iremos crescer a níveis mais baixos
e com menor inflação do que antes. Porque
há uma desaceleração na produtividade geral dos factores de produção, e
porque o factor demográfico está de volta. Há uma desaceleração demográfica, e
a Alemanha e a China são bons exemplos disso.
(Acima, o economista acabou por nada dizer em muitas
palavras. Um ponto que refutamos contudo, - não há desaceleração da
produtividade, MAS, de facto, há uma estagnação do aumento da produtividade do
trabalho assalariado - noutras palavras - uma estagnação da valorização do
capital, via mais-valia relativa, porque todas as empresas têm acesso à
tecnologia de ponta, donde a necessidade para o capital de concentrar os seus
esforços de rentabilidade para a mais-valia absoluta (a exploração selvagem
da mão de obra). O economista tem aqui a resposta para suas perguntas sobre os
cortes salariais relativos que o capital em COMPETIÇÃO deve impor para
sobreviver (Nota do Editor))
Na minha opinião, não vislumbraremos um crescimento de
3% na Europa, mas não sou favorável, no entanto, a que o crescimento seja muito
baixo, já que tal causaria sérios problemas sociais. São necessários, portanto,
investimentos públicos de longo prazo, com grandes "Green New Deal" (Nova Acordo Verde - NT), como começa a ser discutido nos
Estados Unidos (planos de investimento nas energias descarbonizadas que visam
interromper o aquecimento global, ao mesmo tempo que promovem a justiça social
). Na minha opinião, é necessário repensar o conteúdo do crescimento, reorientar
as políticas públicas, levando em consideração os imperativos da transição
energética e ecológica.
“Ficaríamos
surpreendidos se não tivéssemos ouvido a frase sobre a, por assim dizer, “emergência
climática” e o plano de resgate do capital internacional por
meio de programas de subvenções governamentais que a pequena burguesia
pauperizada e em vias de ser proletarizada adora. Desolado pelos bobos loucos
mas, o "Green New Deal" (“Novo Acordo Verde” – NT) não evitará a
recessão. Antes pelo contrário, esses programas irão precipitar a recessão.
(Nota do Editor)”.
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