Quando
a 25 Abril de 1974 se anunciava o derrube de um regime ditatorial, integrei a
corrente de opinião – que ainda hoje integro – que defendia que, não tendo sido
derrubado o sistema e o aparelho jurídico e judicial de Salazar e Marcelo
Caetano, nada mais seria de esperar deste senão que continuasse a reproduzir a
arrogância, a prepotência e o imperativismo cego, populista, demagogo e
fascizante que até então vinha destilando ao serviço do sistema político que o
sustentava e que acabara de ser, aparentemente, derrubado.
As “reformas”
que foram sendo introduzidas, alguma legislação avulsa feita sob encomenda e à
medida dos grandes interesses económicos, limitaram-se a refinar o sistema e a
torná-lo cada vez mais anti-democrático – nunca deixou de o ser – e maquiavélico,
com custos insustentáveis para a esmagadora maioria do povo, uma estrutura com
um poder sem controlo que não o dos seus pares, com juízes inamovíveis, não
sujeitos, como os restantes órgãos de soberania, ao sufrágio e escrutínio populares.
A santa
aliança que então se formou para calar esta corrente de opinião é a mesma que
hoje, no parlamento, tem levado a que todos os Grupos Parlamentares – à excepção,
imagine-se, do CDS/PP – se tenham recusado a receber uma delegação do Grupo
LPML a fim de analisar, debater e discutir a necessidade de revogar a
legislação portuguesa – sobretudo os artigos 180 a 187, mas não só, do Código
Penal – que, ao arrepio das recomendações europeias, continua a impor penas de
prisão efectiva para os acusados de crime de difamação e injúria.
Mas, não tenhamos ilusões! Nenhuma reforma do sistema procederá a alterações substanciais e qualitativas do sistema judicial e jurídico português. Só uma ruptura total com este sistema e a sua praxis poderão assegurar que o povo venha a usufruir de uma justiça colocada ao seu serviço e para seu usufruto e benefício!
Há mais
de 40 anos, quando defendíamos que não deveria ficar pedra sobre pedra do
edifício judicial e jurídico, acusavam-nos de radicalismo! Hoje, a mesmíssima
santa aliança a que acima faço referência, sente-se confortável com um quadro
em que a injustiça é uma recorrência, como o é a justiça não tocar nos grandes
e poderosos e nos interesses instalados.
Se radicalismo tem origem em raíz, se a raíz do problema RADICA na injustiça que nunca foi ERRADICADA em Portugal, mesmo após o golpe de estado militar em 25/4/74, pois a burguesia nunca foi apeada do seu pedestal, os "radicais" deverão sentir um grande orgulho, por serem assim considerados, em por já mao tempo terem denunciado um sistema judiciário ao serviço da classe dominante, isto é, a burguesia.
ResponderEliminarSr Júdice aguardaremos alguma publicação sobre o relâmpago que caiu em Pedrogão Grande .
ResponderEliminarO relâmpago anda à solta onde fez mais de 200 vítimas incluindo 64 mártires e temos uma pessoa encarcerada por palavras.