Construída para acolher os operários da indústria de lanifícios |
Se ilusões
havia quanto à natureza e o carácter do anterior executivo da Câmara Municipal
de Lisboa, dirigido pelo actual 1º Ministro, e do actual, protagonizado por
Fernando Medina, são os próprios moradores da Vila Dias, que revelam agora
estar a perdê-las, como se pode perceber pela intervenção que a representante da Associação de Moradores da
Vila Dias, um bairro operário degradado da capital, situada no Beato, fez dia
27 de Junho na Assembleia Municipal de Lisboa.
Num tom
firme e decidido denunciou, nessa Assembleia que “...há 5 anos atrás, ainda
António Costa era o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, afirmou-nos –
numa visita que realizou ao bairro – que o caso da Vila Dias iria ser resolvido
e que a CML iria considerar o bairro como área crítica de reabilitação sistemática
- ARUS (Área de Reabilitação Urbana Sistemática)”, assinalando ainda que, após
essa visita, e numa reunião Alargada da
Câmara Municipal de Lisboa, ocorrida em finais de 2014, no Teatro Ibérico, António
Costa “... afirmou-nos também que a CML iria tomar posse administrativa daquele
conjunto habitacional, e iniciar um processo de expropriação...se necessário!”.
Estas
hesitações e manipulações por parte do executivo camarário criaram as condições
para que emergissem no horizonte novos propritários e novos procuradores,
utilizando os mesmíssimos métodos terroristas e arrogantes que a anterior
procuradora das anteriores senhorias, a famigerada RETOQUE!
Os alegados
novos senhorios, para além de indicarem como procurador uma empresa – a Vila Dias – Reabilitação Urbana, Lda. –
que legalmente não existe, nem consta dos registos da Conservatório do Registo
Predial, limitam-se, ainda segundo a representante da Associação de Moradores
da Vila Dias a fazer “...obras de pregar pregos e ajeitar degraus
das escadas, quando precisamos de muito mais do que isso, nomeadamente de
reparação de telhados, esgotos e obras de recuperação de casas em estado de
ruína.”
Esta
situação, que se arrasta há mais de cinco anos, tem levado os moradores ao
desespero e angústia, sem saber o que irão os alegados novos senhorios inventar amanhã para despejar mais moradores
da Vila Dias e criar as condições para o total despejo da mesma a fim de que o
seu objectivo seja alcançado, isto é, a obtenção do maior lucro possível à
custa de uma desenfreada especulação imobiliária. E, tudo isto, com a
complacência e cumplicidade da Câmara Municipal de Lisboa.
Há 5 anos envolvemos-nos na justa luta dos moradores da Vila Dias e tudo fizemos para lhes
demonstrar que sem luta dura e prolongada, sem organização, as suas pretensões
nunca seriam alcançadas. Há 5 anos demonstrámos aos moradores da Vila
Dias, que o presidente da Junta de
Freguesia do Beato e a CML encheriam a boca de lindas promessas, mas que
fugiriam – como têm fugido a centenas de outras promessas feitas aos lisboetas
– às suas responsabilidades se os moradores não persistissem na pressão e na
luta.
Há 5 anos
atrás, quando propusemos – entre outras medidas – a posse administrativa, por
parte da Câmara Municipal de Lisboa, da Vila Dias, quer o presidente da Junta
de Freguesia do Beato, quer vereadores como a Helena Roseta e a Paula Marques
se opuseram de forma determinada a tal solução. Hoje, volvidos 5 anos, e apesar de
todos eles – incluindo António Costa e Fernando Medina – aparentemente
afirmarem a sua concordância com essa solução, na prática estão a abandonar os
moradores à sua sorte e a Vila Dias a toda a sorte de ataques da especulação
imobiliária.
Não há que
ter ilusões! O facto de uma RETOQUE com novas
roupagens voltar a aterrorizar os moradores da Vila Dias, com todo um
arsenal de chantagens e pressões, deve-se à política prosseguida por este executivo
camarário – que replica a política do anterior, protagonizada pelo actual
primeiro ministro António Costa – de privilegiar a especulação imobiliária e se
vender aos interesses dos patos bravos da construção, que vê na Vila Dias um
manancial de oportunidades para aumentar a sua fortuna.
Sempre à
custa, claro está, do povo pobre e dos moradores para os quais se prepara o
despejo sem dó nem piedade. E, a confirmar que é esta traição que o executivo
camarário de Lisboa tem na forja, está o facto de a CML nem sequer ter
accionado o direito de preferência, num
negócio com contornos muito duvidosos
que levou as anteriores senhorias – mãe e filha – a serem obrigadas, por
decisão judicial, a dar cumprimento a um contrato de promessa de compra e venda
que tinham efectuado com a antiga procuradora, a RETOQUE!
Face ao abandono e silêncio a que foram votados pela CML, uma
delegação da Associação de Moradores de Vila Dias exigiu ser recebida pelo
executivo e, sobretudo, pelo vereador da área do urbanismo. Tal delegação foi
recebida no passado dia 28 de Julho de 2017 por uma bateria de vereadores e
técnicos dos serviços camarários com especial predominância de juristas – o
vereador Manuel Salgado, a vereadora Paula Marques, a Presidente da AML, Arquitecta Roseta, mais 5 técnicas juristas e
directoras de serviços.
A delegação da Associação de Moradores era constituída por 5
membros e um advogado em apoio. A reunião havia sido pedida com carácter de
urgência pelos moradores daquela Vila ao vereador do urbanismo Manuel Salgado. Só
que o arquitecto Salgado acabou por permanecer na reunião por escassa meia
hora, invocando uma reunião da vereação a começar à mesma hora desta, e para
dizer ou avançar nada que invertesse a situação de degradação contínua das
condições de habitação e de vida de centenas de trabalhadores e reformados por
parte da Câmara E, tanto ele como a vereadora Paula Marques, apresentando a
reunião como da iniciativa da Câmara para examinar os últimos desenvolvimentos
com a mudança de proprietário.
A única coisa de novo que o Manuel Salgado referiu foi o
facto de, em tempos, ter combinado
com a vereadora Paula Marques a aquisição pela Câmara da Vila Dias. Mesmo esta
paródia já tinha ocorrido há uns anos e agora o facto mais relevante surgido
entretanto havia sido a perspectiva de um novo proprietário, melhor que o anterior.
Só que, ainda que fosse totalmente irrelevante em face dos
meios legais disponíveis para a Câmara tomar conta desta área e do edificado,
tal facto caiu imediatamente por terra, perante a enérgica denúncia dos membros
da associação sobre a continuação da acção terrorista e intimidatória junto dos
inquilinos por parte dos mesmos agentes dos anteriores senhorios. Para a vereadora o problema é haver
proprietários bons e proprietários maus e a câmara estar à espera de um bonzinho que facilite qualquer
negociata.
Aliás, a delegação da associação denunciou – com provas
documentais – que se podia estar perante uma burla por parte dos novos
proprietários que estavam a tentar sacar as rendas aos inquilinos através de
uma sociedade sem existência jurídica e que se arvorava em futura gestora da
reabilitação da Vila, prevenindo a câmara para o facto de estar a dar cobertura
a esse e outros golpes.
Os membros da Associação referiram que não queriam mais
promessas ou qualquer solução que não passe pela assumpção das
responsabilidades da câmara e a execução das medidas já prometidas por António
Costa em 2014 - posse administrativa ou expropriação, no âmbito da declaração
da área como Área de Reabilitação Urbana Sistemática .
Só perante a firmeza dos membros da Comissão, foi a
arquitecta Helena Roseta que, sentindo-se responsável pelas funções que exerceu
anteriormente na vereação como responsável pelo urbanismo, acabou por
pressionar as juristas para se forçar a concretização da acção de preferência
dentro do prazo legal de seis meses após o conhecimento das condições da venda
realizada por via judicial, ficando decidido por eles a realização de uma
reunião da CML nos primeiros dias de Setembro e a
sessão da AML já marcada para dia 5 de Setembro, para propor e aprovar o exercício do direito de preferência.
Da parte da
Associação foi denunciado o facto de se ter andado a arrastar mais uma vez a
situação para avançar imediatamente com a aquisição por preferência após a
sentença judicial que executou um contrato de promessa – esperou-se 6 meses
para nada se fazer, com o pretexto de que era necessário fazer novas vistorias
às casas para concluir pela mesma situação senão mais agravada que é conhecida
da câmara de há muito.
Seja como
for, mesmo que não se fosse pela posse administrativa ou pela aquisição por via
do direito de preferência, a câmara podia já ter recorrido, nos termos da lei,
ao mecanismo da venda forçada ou da expropriação.
No final, a
Associação informou que iria convocar uma reunião com os moradores para
discutir esta iniciativa sendo que reiterou desde logo a sua desconfiança em
relação a promessas e que não desistiriam de prosseguir a sua luta até verem
realizado o seu direito a uma habitação condigna. A reunião, em que
representantes da câmara estarão presentes, e à qual nenhum morador deve faltar, realiza-se no dia 18 de Agosto, 6ª
feira, às 18H00.
Dissemo-lo
há 5 anos, repetimo-lo agora. Os moradores da Vila Dias não podem mais
alimentar ilusões àcerca das promessas mil vezes repetidas pela Junta de
Freguesia do Beato e, sobretudo, por parte do executivo camarário, nomeadamente
por parte do seu presidente Fernando Medina e do vereador do urbanismo, essa figura
sinistra que dá pelo nome de Manuel Salgado.
Se ousarem
lutar, se persistirem numa luta que será dura e prolongada, os moradores da
Vila Dias certamente vencerão!
Viva a justa destes moradores!
ResponderEliminarComo é possivel tantas mentiras em tão pouco espaço ?
ResponderEliminarEste é o país que infelizmente temos
A esmagadora maioria dos inquilinos da Vila Dias estão com os novos proprietários
Sabem o que a dita "Associação" pretende para eles próprios
O anónimo, por definição, é um COBARDE!Poltrão como é, não tem coragem de dar a cara e o nome - como o autor destas linhas - pela "defesa" da sua opinião.
EliminarEste cobarde ANÓNIMO, no entanto, está bem exposto. É a favor dos "proprietários". Tal como uma advogada que dá acessoria jurídica à Câmara Municipal de Lisboa, é daqueles que nos quer convencer que existem "proprietários" maus - que seriam os anteriores - e proprietários "bons"- que serão os actuais.
É a velha história do pide bom e do pide mau revisitada por este oportunista merdoso que se esconde por detrás do anonimato.