segunda-feira, 1 de outubro de 2018

O que se esconde por detrás das acusações de racismo a Arnaldo Matos?


As recentes e descabeladas críticas de que o meu camarada Arnaldo Matos foi alvo, críticas a considerar que, pelo facto de apodar de monhé goês o 1º ministro António Costa, o meu camarada revelaria preconceitos racistas, demonstram que, pelo menos no subconsciente de quem as produziu – sobretudo energúmenos da área do  auto-designado Bloco de Esquerda e alguns trotskistas ressabiados – aí sim, ainda predominam preconceitos racistas. Décadas de poder colonial, uma profunda iliteracia e analfabetismo cultural,  levaram a que muitos de nós - mesmo aqueles que se auto definem como anti-racistas - repliquem tiques racistas.

Os tuítes que o meu camarada Arnaldo Matos publicou sobre a recente visita de Costa a Luanda foi o que maior indignação suscitou junto destes oportunistas. Vamos lá ser assertivos! Então o dirigente angolano que recebeu o Costa não é negro?! Que preconceito é esse de não admitir que ele é de raça negra, como foi de raça negra o ex-presidente dos EUA, Barack Obama?!

E o Costa? Na mesmíssima óptica, não é um monhé goês?! E não foi engraxar a clique que se encontra actualmente no poder em Angola?! A própria mãe do Costa - a Maria Antónia Palla - afirma, para a quem a quiser ouvir e ler, que o governo português está muito subjugado ao poder em Angola!

Mas, não satisfeitos com o epíteto de racista, alguns deles chegam a classificar de fascistas os pontos de vista do meu camarada  Arnaldo Matos. O mimo final da comparação com os fascistas é, a todos os títulos, infantil - para não dizer imbecil. Os fascistas, como a experiência histórica nos ensina, pretendem a eliminação física de outras raças e de outras nacionalidades, mesmo que da mesma raça ariana. Nós, comunistas, marxistas, não nos deixamos tolher pela comiseração piedosa que leva uma certa pequena burguesia, pseudo intelectual, mas sempre poltrona, a temer criticar outrem que não seja da sua própria raça.

Para nós, comunistas e marxistas, a exploração, a corrupção, a intriga, o ódio racista, a vesguice intelectual, não tem raça, nem credo. Ela é uma decorrência da luta de classes, essa sim o motor da história. Quando se trata de atacar corruptos, ladrões, assassinos dos seus povos, promotores de invasões e genocídios diversos, a raça de quem os leva a cabo, ou a sua crença religiosa, não pode ser considerada como factor determinante na decisão de escolher a defesa dos interesses de quem explora. Assim como não são determinantes tais características para a compreensão das motivações de quem defende os interesses de quem é explorado.

Quando Barack Obama foi eleito presidente dos EUA, uma certa intelligentsia pequeno-burguesa, híbrida e deslumbrada, alimentou o mito de que ele representava a esquerda americana, escamoteando que passou a ser o chefe do imperialismo americano, gizando e coordenando as primaveras árabes, a invasão da Líbia e dando ainda mais lastro à política de agressão e rapina que o seu predecessor levara a cabo.

Aqui quem foram os racistas? Aqueles que paralisaram as suas críticas por se tratar de um presidente negro, ou os que prontamente denunciaram que a política imperialista não tem cor? Que era indiferente o presidente de uma das principais potências imperialistas ser preto ou branco ou, até, uma mulher caucasiana?!

Os marxistas desprezam as reacções das virgens arrependidas que ficam todas amofinadas quando se refere a condição da raça e origem como característica indesmentível, desvalorizando o que é determinante, isto é, o comportamento - corrupto, bajulador, vendido, explorador e ladrão! Porque esses comportamentos não dependem da raça ou do credo, mas sim dos interesses de classe que se defende.

Há brancos, negros, asiáticos, monhés goeses, aborígenes da Austrália a defenderem os que são explorados, assim como os há a defenderem os que os exploram.

E sim, depois de mais de 40 anos de governos em que, a sós ou coligados, PS e PSD, (des)governaram este país, a única classificação justa de se produzir é que tudo o que fizeram foi merda e que todos eles são … um putedo! Ordinarice e racismo mesmo é o que esses governos e os seus patrões imperialistas fizeram e continuam a fazer, diariamente, ao povo português e aos povos de todo o mundo.

Já agora, para imbecis incultos como aqueles que se indignaram com a utilização da expressão monhé goês para se referir a António Costa, um pouco de cultura e de história são necessários.  A expressão monhé foi originalmente criada pelos sualis - mwenye (dono, senhor) -, em Moçambique, para classificar de forma depreciativa e injuriosa, as pessoas provenientes da Índia e de outros países asiáticos e que se dedicavam ao comércio nos tempos em que aquele país era uma colónia portuguesa. Convém recordar que, na época em que esta designação foi criada pelo povo suali, o Paquistão ainda não se tinha autonomizado da Índia como país independente.

Ora, era precisamente o modus operandi desta colónia indiana, proprietária das cantinas, quer no mato, quer nas aldeias e cidades, que explorava sem piedade as populações – sobretudo os agricultores pobres - , se insinuava junto do poder colonial e tratava quem trabalhava para eles como autênticos escravos, que o termo monhé sintetizava.


Chegados aos dias de hoje, em que temos um indiano de origem goesa no poder, nada mais adequado do que retomar a expressão sualí. Senão vejamos. O Costa não se insinua perante os poderosos? Não pratica um autêntico jogo de cintura, de mentira e manipulação para servir os interesses do grande capital? Não chefia um governo cujo ministro das finanças, de cativação em cativação nega a dignidade, a saúde, a educação, o bem estar, ao povo? Se isto não é ser monhé ... é o quê?





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