As recentes e descabeladas críticas de que o meu
camarada Arnaldo Matos foi alvo, críticas a considerar que, pelo facto de
apodar de monhé goês o 1º ministro António Costa, o meu camarada revelaria
preconceitos racistas, demonstram que, pelo menos no subconsciente de quem as
produziu – sobretudo energúmenos da área do auto-designado Bloco de Esquerda e alguns trotskistas ressabiados – aí
sim, ainda predominam preconceitos racistas. Décadas de poder colonial, uma
profunda iliteracia e analfabetismo cultural, levaram a que muitos de nós - mesmo aqueles
que se auto definem como anti-racistas - repliquem tiques racistas.
Os tuítes que o meu camarada Arnaldo Matos publicou
sobre a recente visita de Costa a Luanda foi o que maior indignação suscitou
junto destes oportunistas. Vamos lá ser assertivos! Então o dirigente angolano que
recebeu o Costa não é negro?! Que preconceito é esse de não admitir que ele é
de raça negra, como foi de raça negra o ex-presidente dos EUA, Barack Obama?!
E o Costa? Na mesmíssima óptica, não é um monhé goês?!
E não foi engraxar a clique que se encontra actualmente no poder em Angola?! A
própria mãe do Costa - a Maria Antónia Palla - afirma, para a quem a quiser
ouvir e ler, que o governo português está muito subjugado ao poder em Angola!
Mas, não satisfeitos com o epíteto de racista, alguns
deles chegam a classificar de fascistas os pontos de vista do meu camarada Arnaldo Matos. O mimo final da comparação com
os fascistas é, a todos os títulos, infantil - para não dizer imbecil. Os
fascistas, como a experiência histórica nos ensina, pretendem a eliminação
física de outras raças e de outras nacionalidades, mesmo que da mesma raça ariana. Nós, comunistas, marxistas, não
nos deixamos tolher pela comiseração
piedosa que leva uma certa pequena burguesia, pseudo intelectual, mas
sempre poltrona, a temer criticar outrem que não seja da sua própria raça.
Para nós, comunistas e marxistas, a exploração, a
corrupção, a intriga, o ódio racista, a vesguice intelectual, não tem raça, nem
credo. Ela é uma decorrência da luta de classes, essa sim o motor da história. Quando
se trata de atacar corruptos, ladrões, assassinos dos seus povos, promotores de
invasões e genocídios diversos, a raça de quem os leva a cabo, ou a sua crença
religiosa, não pode ser considerada como factor determinante na decisão de
escolher a defesa dos interesses de quem explora. Assim como não são
determinantes tais características para a compreensão das motivações de quem
defende os interesses de quem é explorado.
Quando Barack Obama foi eleito presidente dos EUA, uma
certa intelligentsia pequeno-burguesa, híbrida e deslumbrada, alimentou
o mito de que ele representava a esquerda americana, escamoteando que passou a
ser o chefe do imperialismo americano, gizando e coordenando as primaveras
árabes, a invasão da Líbia e dando ainda mais lastro à política de agressão
e rapina que o seu predecessor levara a cabo.
Aqui quem foram os racistas? Aqueles que paralisaram
as suas críticas por se tratar de um presidente negro, ou os que prontamente
denunciaram que a política imperialista não tem cor? Que era indiferente o
presidente de uma das principais potências imperialistas ser preto ou branco
ou, até, uma mulher caucasiana?!
Os marxistas desprezam as reacções das virgens
arrependidas que ficam todas amofinadas quando se refere a condição da raça
e origem como característica indesmentível, desvalorizando o que é
determinante, isto é, o comportamento - corrupto, bajulador, vendido,
explorador e ladrão! Porque esses comportamentos não dependem da raça ou do
credo, mas sim dos interesses de classe que se defende.
Há brancos, negros, asiáticos, monhés goeses,
aborígenes da Austrália a defenderem os que são explorados, assim como os há a
defenderem os que os exploram.
E sim, depois de mais de 40 anos de governos em que, a
sós ou coligados, PS e PSD, (des)governaram este país, a única classificação
justa de se produzir é que tudo o que fizeram foi merda e que todos eles são …
um putedo! Ordinarice e racismo mesmo é o que esses governos e os seus patrões
imperialistas fizeram e continuam a fazer, diariamente, ao povo português e aos
povos de todo o mundo.
Já agora, para imbecis incultos como aqueles que se indignaram com
a utilização da expressão monhé goês
para se referir a António Costa, um pouco de cultura e de história são
necessários. A expressão monhé foi originalmente criada pelos sualis
- mwenye (dono, senhor) -, em
Moçambique, para classificar de forma depreciativa e injuriosa, as pessoas
provenientes da Índia e de outros países asiáticos e que se dedicavam ao
comércio nos tempos em que aquele país era uma colónia portuguesa. Convém
recordar que, na época em que esta designação foi criada pelo povo
suali, o Paquistão ainda não se tinha autonomizado da Índia como país
independente.
Chegados aos dias de hoje, em que temos um indiano de origem goesa
no poder, nada mais adequado do que retomar a expressão sualí. Senão vejamos. O
Costa não se insinua perante os poderosos?
Não pratica um autêntico jogo de cintura, de mentira e manipulação para servir
os interesses do grande capital? Não chefia um governo cujo ministro das
finanças, de cativação em cativação nega a dignidade, a saúde, a educação, o
bem estar, ao povo? Se isto não é ser monhé ... é o quê?
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