Uma inqualificável
ingerência nos assuntos internos de Portugal!
Há muito tempo que vimos a denunciar que Portugal herdou
intacto o aparelho judicial, corporativo e fascista, existente antes do 25 de
Abril de 1974, data que agora se comemora como tendo sido a da Revolução dos Cravos, libertadora e
portadora de amplas liberdades e democracia.
Há muito que denunciamos que a judicatura portuguesa é
profundamente reaccionária, mais do que nunca ostentando um pendor
justicialista, tendo por objectivo eliminar o excesso de garantias que, afirmam e defendem, primeiro a
Constituição e, depois, a legislação corrente, actualmente prevê.
É neste contexto que temos de analisar as declarações que o
ministro da justiça do Brasil, o fascistóide Sergio Moro, produziu no VII Fórum
Jurídico de Lisboa, que teve lugar em Lisboa, entre a passada 2ª e 4ª feira.
Um evento onde participaram governantes e políticos portugueses
e brasileiros, para além de juristas, académicos e investigadores na área
judicial para assistir, acolher e aplaudir os dislates reaccionários de um juiz
trauliteiro e justicialista como Sergio Moro, responsável pela prisão de Lula
da Silva, ex-presidente do Brasil, com base num pressuposto feito lei naquele
país, que é o da delação premiada.
A horda ululante de participantes neste fórum, exultou
quando o fascitóide Sergio Moro afirmou ser possível, no Brasil, país onde,
entretanto, foi premiado pelo fascista Bolsonaro com o cargo de ministro da
Justiça, alguém poder ser condenado com base nas denúncias de um criminoso
condenado, aquilo a que nós, em Portugal, designamos por bufo!
Juízes preguiçosos que se escudam por detrás do poder que
lhes confere a possibilidade de prenderem primeiro para investigar depois,
claro que aplaudem e acolhem estas aberrações justicialistas e, mais do que
isso, pretendem que tais práticas venham a ser possíveis em Portugal.
E deixam passar as ingerências e provocações rasteiras de
Moro quando ele, ao arrepio do respeito pelo princípio de que Portugal é um
estado de direito, quer na referida conferência, quer em abundantes declarações
à imprensa e à televisão, classificou um ex-primeiro ministro português – José Socrates – de criminoso quando ainda
nem sequer teve lugar o seu julgamento (não se sabendo, aliás, se ele irá
acontecer) e a sua condenação ainda não ter transitado em julgado.
O que estes juízes aplaudem é o princípio da justiça musculada, que condena fora do
tribunal, que assassina o carácter daqueles que presume serem culpados, que
exibe na praça pública o réu e o apresenta aos olhos da opinião pública e
publicada, já como culpado...e condenado, contando com o famigerado segredo de justiça que lhes dá o
privilégio de gerir da forma que mais lhes convém, fugas de informação que só eles possuem nesta fase do processo!
E ai daqueles que se indignam com esta praxis justiceira,
que aí sofrem o peso do Capitulo VI do Código Penal que tipifica os chamados crimes contra a honra e o bom nome e
assegura uma moldura penal que funciona como autêntica lei da rolha para quem tiver a ousadia de denunciar tais práticas.
Um indivíduo destes não mereceu, quer da parte dos juízes –
presentes ou não na dita conferência -, quer por parte das faculdades de
direito deste país e da Ordem dos Advogados, uma única crítica ou denúncia da
miserável e provocatória ingerência nos assuntos judiciais de um estado de
direito como é Portugal.
Muito menos, de um governo onde pontifica quem se reclama da
esquerda – PS e suas muletas do PCP, BE e Verdes – que não tomaram a iniciativa,
que seria mais do que justa, de considerar Sergio Moro como personna non grata, decidindo pela sua
expulsão imediata do país, por ingerência nos seus assuntos internos.