segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

OH, Costa?! Lisboa uma cidade moderna?!

Nos anos 90 do Sec. XX, a Margarida Martins, actual presidente da Junta de Freguesia de Arroios, eleita nas listas do PS, era Relações Públicas num espaço de moda mítico da cidade de Lisboa – o Frágil !

Defendia então, que se devia proteger a gente gira da mistura com os deserdados, com os descamisados, escolhendo como método de selecção natural para negar a sua entrada em tão selectos espaços àqueles que não seguiam o seu padrão estético, a forma como se vestiam e, sobretudo, o que calçavam.

Não perdendo os seus dotes de porteira, agora na portaria da estrebaria municipal onde assegura uma porta sempre aberta para os ditames do patrão Costa – o imperador de Lisboa – a dita senhora, pelos vistos, influenciou o seu patrono no que respeita à selecção de fregueses e munícipes.

Bem que denunciámos, durante a campanha eleitoral autárquica, que as promessas do Costa em dar um golpe de misericórdia no caótico trânsito lisboeta nada tinham a ver com o combate às verdadeiras causas do fenómeno, isto é, o sequestro da capital pelos patos bravos e pela especulação imobiliária.

O Costa, como se comprovou após dois mandatos à frente do executivo camarário, nada fez para alterar a Lei dos Solos ou do Arrendamento Urbano. Dois instrumentos cuja alteração se torna cada vez mais evidente a necessidade de impor para contrariar esse sequestro.

Mas, o Costa, apesar de muito prometer uma nova política de transportes urbanos e sub-urbanos, macaqueando propostas de outros que avançam com a necessidade de uma política articulada, sob gestão camarária, dos diferentes transportes que servem as populações que se deslocam em Lisboa e de e para Lisboa, chegado ao poder, neste seu 2º mandato, encafuou para o lugar mais recôndito e profundo das gavetas da sua secretária tais projectos.

Chegou a fazer, em tom ameaçador – sabe-se lá se não influenciado pelo discurso de oposição violenta…mas construtiva tão do agrado do seu antecessor Seguro – um ultimato ao governo de traição nacional de Coelho, Portas e Cavaco, invocando que restauraria o princípio de que a concessão dos transportes urbanas é pelouro camarário e não governamental. Mas foi tudo para inglês – ou turista – ver!

Não só os patos bravos continuam a florescer e a especulação imobiliária a progredir, como o turismo se tornou o novo bezerro de ouro da economia para todos estes vendilhões do templo. Costa em nada se diferencia de Coelho ou Portas quando colocado perante os desafios de uma Europa que quiseram e estão a impôr ao povo português, transformando os trabalhadores portugueses em criados de libré, e destruindo o que resta do tecido produtivo existente na capital, que chegou a representar cerca de 50% do seu PIB e actualmente é residual .

Ou seja, o Costa está a consolidar o projecto que a Margarida já defendia quando era RP dos principais espaços de moda da noite lisboeta nos idos de 90. Afastar os pobretanas do centro da cidade para que não se misturem com turistas e pessoas de bem, esses sim, os únicos que acrescentam valor à nossa economia.

Para projectar a imagem de uma cidade moderna, nada pior do que viaturas com mais de 10 anos a circular no seu centro, pensam o Costa e a Margarida. Vai daí, à pala de uma medida ditada pelas regras europeias, tudo o que for veículo com matrícula anterior ao ano 2000 está, de agora em diante, proibido de circular na baixa lisboeta, medida que rapidamente se prevê estender a outras zonas da capital.

Com o problema dos sapatos resolvido, criam-se novos estacionamentos EMEL, mesmo em zonas maioritariamente residenciais. Um socialista dos sete costados este Costa. Não basta ao munícipe os pesados impostos a que o governo o sujeita, o roubo dos salários e do trabalho, os cortes nas pensões e reformas, e lá vem o município socialista de Lisboa, atazanar-lhe ainda mais a vida com mais taxas e emolumentos.

Entretanto, diminuem-se a periodicidade e qualidade de comboios e barcos sub-urbanos, de autocarros e metro. Não se criam parques de estacionamento gratuitos e com dimensão para aparcar as viaturas daqueles trabalhadores, estudantes ou reformados que se tenham de deslocar de e para Lisboa.


A Margarida faz o seu caminho e regozija com o facto de Costa promover o modelo de cidade que sempre desejou. Uma cidade muito mais respirável para uma elite que se poderá pavonear com as suas viaturas topo de gama ou de último modelo, uma cidade virada para a humilhante condição de bajular turistas, vestida de jaqueta e libré! E a cheirar a merda!

Sem comentários:

Enviar um comentário