Nos anos 90 do Sec. XX, a Margarida Martins, actual
presidente da Junta de Freguesia de Arroios, eleita nas listas do PS, era Relações Públicas num espaço de moda
mítico da cidade de Lisboa – o Frágil !
Defendia então, que se devia proteger a gente gira da
mistura com os deserdados, com os descamisados, escolhendo como método de selecção natural para negar a sua entrada
em tão selectos espaços àqueles que não seguiam o seu padrão estético, a forma
como se vestiam e, sobretudo, o que calçavam.
Não perdendo os seus dotes de porteira, agora na portaria da
estrebaria municipal onde assegura uma porta sempre aberta para os ditames do
patrão Costa – o imperador de Lisboa – a dita senhora, pelos vistos,
influenciou o seu patrono no que respeita à selecção de fregueses e munícipes.
Bem que denunciámos, durante a campanha eleitoral
autárquica, que as promessas do Costa em dar um golpe de misericórdia no
caótico trânsito lisboeta nada tinham a ver com o combate às verdadeiras causas
do fenómeno, isto é, o sequestro da capital pelos patos bravos e pela
especulação imobiliária.
O Costa, como se comprovou após dois mandatos à frente do
executivo camarário, nada fez para alterar a Lei dos Solos ou do Arrendamento Urbano.
Dois instrumentos cuja alteração se torna cada vez mais evidente a necessidade
de impor para contrariar esse sequestro.
Mas, o Costa, apesar de muito prometer uma nova política de
transportes urbanos e sub-urbanos, macaqueando propostas de outros que avançam
com a necessidade de uma política articulada, sob gestão camarária, dos
diferentes transportes que servem as populações que se deslocam em Lisboa e de
e para Lisboa, chegado ao poder, neste seu 2º mandato, encafuou para o lugar
mais recôndito e profundo das gavetas da sua secretária tais projectos.
Chegou a fazer, em tom ameaçador
– sabe-se lá se não influenciado pelo discurso de oposição violenta…mas construtiva tão do agrado do seu antecessor
Seguro – um ultimato ao governo de
traição nacional de Coelho, Portas e Cavaco, invocando que restauraria o
princípio de que a concessão dos transportes urbanas é pelouro camarário e não
governamental. Mas foi tudo para inglês –
ou turista – ver!
Não só os patos bravos continuam a florescer e a especulação
imobiliária a progredir, como o turismo se tornou o novo bezerro de ouro da economia para todos estes vendilhões do templo.
Costa em nada se diferencia de Coelho ou Portas quando colocado perante os desafios de uma Europa que quiseram e
estão a impôr ao povo português, transformando os trabalhadores portugueses em
criados de libré, e destruindo o que resta do tecido produtivo existente na
capital, que chegou a representar cerca de 50% do seu PIB e actualmente é
residual .
Ou seja, o Costa está a consolidar o projecto que a
Margarida já defendia quando era RP dos principais espaços de moda da noite lisboeta nos idos de 90.
Afastar os pobretanas do centro da
cidade para que não se misturem com turistas e pessoas de bem, esses sim, os únicos
que acrescentam valor à nossa
economia.
Para projectar a imagem de uma cidade moderna, nada pior do
que viaturas com mais de 10 anos a circular no seu centro, pensam o Costa e a
Margarida. Vai daí, à pala de uma medida ditada pelas regras europeias, tudo o que for veículo com matrícula anterior ao
ano 2000 está, de agora em diante, proibido de circular na baixa lisboeta, medida que rapidamente se prevê estender a outras
zonas da capital.
Com o problema dos
sapatos resolvido, criam-se novos estacionamentos EMEL, mesmo em zonas
maioritariamente residenciais. Um socialista
dos sete costados este Costa. Não basta ao munícipe os pesados impostos a
que o governo o sujeita, o roubo dos salários e do trabalho, os cortes nas
pensões e reformas, e lá vem o município socialista
de Lisboa, atazanar-lhe ainda mais a vida com mais taxas e emolumentos.
Entretanto, diminuem-se a periodicidade e qualidade de
comboios e barcos sub-urbanos, de autocarros e metro. Não se criam parques de
estacionamento gratuitos e com dimensão para aparcar as viaturas daqueles
trabalhadores, estudantes ou reformados que se tenham de deslocar de e para
Lisboa.
A Margarida faz o seu caminho e regozija com o facto de Costa
promover o modelo de cidade que sempre desejou. Uma cidade muito mais respirável para uma elite que se poderá
pavonear com as suas viaturas topo de gama ou de último modelo, uma cidade
virada para a humilhante condição de bajular
turistas, vestida de jaqueta e libré! E a cheirar a merda!
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