Na proporção inversa ao que sucede nos
países sob intervenção e resgate por
parte da tróica germano-imperialista, e que neles permanece, apesar das
campanhas de cosmética que anunciam o
seu fim e a sua saída, após o término dos programas
de intervenção impostos pelo directório ao serviço da Alemanha, este país
começou por registar em 2012 um deficit zero,
terminando 2014 com um superavit de 6,2% do PIB! Tudo isto, afirmam, à
custa do aumento das receitas fiscais.
Só para quem não queira entender, é que
o princípio dos vasos comunicantes não faz sentido. Claro está que a
consequência dos fabulosos e especulativos lucros que os grandes grupos
financeiros e bancários alemães registam, à custa das dívidas soberanas da Grécia, de Espanha, da Itália, da Irlanda e de
Portugal, levando esses países a ficarem exauridos dos seus recursos e os seus
povos a serem atirados para a fome e a miséria, seria a de terem um efeito
muito positivo no orçamento germânico e noutras economias, sobretudo do norte da
Europa, que têm beneficiado do guarda
chuva protector do IV Reich da chancelerina Merkel!
Como é certo que, enquanto montava uma
estratégia que levou à liquidação do tecido produtivo desses países,
obrigando-os a importar cada vez mais produtos industriais da Alemanha, criaram
as condições ideais para, por um lado, dar pujança à sua indústria – que
atingiu superavits extraordinários – e, por outro, criar um ciclo de
endividamento progressivo e impagável para esses países.
A cereja no topo do bolo desta
estratégia laboriosa e sagazmente montada pelo imperialismo germânico culmina
na imposição do euro – nada mais, nada menos do que o marco travestido – como
moeda única e com uma paridade cambial que mais defendesse os interesses da
Alemanha.
Claro está que, enquanto ao imperialismo
germânico, com uma indústria e um sector financeiro e bancário pujantes não lhe
interessa, sequer, que se ponha a hipótese de uma desvalorização do euro, para
países fragilizados pela traição das camarilhas do tipo PS, PSD e CDS que se
submeteram aos seus interesses e ditames, muito interessaria poder agora
valer-se da independência quanto à política cambial, à qual, se ainda
possuíssem moeda própria, poderiam recorrer, quer para desvalorizar, quer para
valorizar a sua moeda em consonância com os seus interesses próprios e as
necessidades da sua economia e soberania.
Não surpreenderá ninguém, pois, a
inflexibilidade e arrogância ostentada pelo ministro das finanças do IV Reich,
Wolfgang Schauble, no decurso das negociações com a Grécia, exigindo que este
país cumpra todos os ditames impostos
pelo directório europeu ao serviço do imperialismo germânico, nem que para tal
seja necessário reforçar o genocídio fiscal a que já sujeitou o povo grego e de
outros países europeus, como é o exemplo de Portugal e escamoteando que, se a consolidação orçamental na Alemanha atingiu o ponto zero do défice
em 2012, tal se deva aos fabulosos lucros que o seu país obtém à custa dessas dívidas soberanas.
Assim como não surpreenderá que o nível
de endividamento da Alemanha, que em 2012 era de 81,5%, com a perspectiva de
atingir os 73% em 2016, se situe nos 74,70% no final de 2014. Isto é, com a
forte propabilidade de em 2016 ser inferior ao previsto. Enquanto, claro,
Portugal chegou, no final de 2012, a um
défice de 5% do PIB, défice que será de mais de 3% em 2015, sendo que o nível
de endividamento, apesar de todas as promessas em sentido contrário, não cessa
de aumentar, podendo ultrapassar os 132% do PIB no final deste ano!
Óbvio! O líquido que sai do vaso
de uns, neste princípio de comunicação e transferência de recursos, inunda o
vaso de outros! Entendendo-se por líquido
os recursos e os activos que os países estão a ser obrigados, com a prestimosa
colaboração das camarilhas traidoras e ao serviço dos interesses do IV Reich –
no caso português, com a colaboração dos traidores Coelho e Portas, ambos sob a
tutela de Cavaco – a sacrificar no sacrossanto altar da dívida e da acumulação
acelerada de capital.
Quebrar este infernal ciclo dos vasos comunicantes passa, no caso de
Portugal, pela constituição de uma larga frente de todas as camadas populares,
com ou sem partido, disposta a construir um governo de unidade democrática e
patriótica, cujo programa assegure a saída de Portugal do euro, o controlo do
sistema bancário e das empresas estratégicas entretanto privatizadas ou em vias
de o ser, o não pagamento de uma dívida que não foi contraída pelo povo, nem o
povo dela retirou qualquer benefício, um programa que leve à reconstrução do
nosso tecido produtivo e a um novo paradigma de economia ao serviço dos
trabalhadores e do povo.
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