Aplicar o programa da
tróica é uma questão de ritmo e de dose!
As chamadas dívidas soberanas são decorrências do próprio
sistema capitalista, do facto de este assentar no princípio de que todos os
meios servem para justificar o fim último, a ganância e obtenção de lucro. É um
sistema assente no caos, na ausência de planeamento que tenha em conta as
necessidades do povo e que, de forma cíclica promove massiva destruição de
forças produtivas com o consequente corolário de fome miséria e desemprego.
Em Portugal onde, apesar dos sucessivos milagres económicos anunciados todos os dias por este governo de
vende pátrias e pelo seu tutor Cavaco, a dívida cresce e se configura cada vez
mais impagável, tal fica a dever-se, entre outros, a três factores principais:
1. A
destruição da nossa capacidade produtiva, moeda de troca da adesão do país à
então CEE, hoje Unidade Europeia,
levou ao desmantelamento da nossa indústria pesada e media – estaleiros navais,
metalomecânica/metalurgia, minas, etc.-, ao abate da nossa frota pesqueira e da
nossa marinha mercante, ao abandono da agricultura;
2. A
adesão ao marco travestido de euro, uma moeda forte para uma economia frágil e
aberta como a portuguesa que, desprovida da sua capacidade industrial e da sua
agricultura e pescas, tem de importar mais de 80% daquilo que consome e
necessita para gerar economia;
3. A
dívida ser um negócio rentável para os grandes grupos financeiros e bancários
que criaram o quadro atrás relatado para, depois, emprestar dinheiro pelo qual cobram juros faraónicos, especulativos
e classificados como agiotas por qualquer ordenamento jurídico que não esteja
capturado pelos seus interesses como é o caso do português.
É, pois, neste quadro, que temos de perceber a real extensão
das recentes afirmações de António Costa, até à pouco tempo imperador de Lisboa
e, actualmente, putativo candidato a 1º ministro de Portugal. Um oportunista
dos sete costados que tem a distinta lata de vir dizer que tudo se resume a uma
questão de ritmo e de dose, quando se
trata de comparar o programa político que o PS propõe, caso venha a vencer as
próximas eleições legislativas, da actual governação de PSD e CDS.
...uma questão de ritmo e de dose... |
Quando
António Costa sugere que não… tenhamos
dúvidas: se pensarmos como a direita pensa, acabamos a governar como a direita
governou… a mudança necessária exige ruptura com a actual maioria e a sua
política, está a fugir a sete pernas, como oportunista que é e sempre foi,
a responder às seguintes questões:
1. Como
pagar uma dívida que, só em juros, representa 9 mil milhões de euros por ano?
Quem a vai pagar?
2. Qual
o plano de investimentos criteriosos que permitirá gerar economia e emprego e
assegurará emprego?
3. Permanecer
agarrados ao euro e ao Tratado Orçamental que nos retira independência e soberania?
4. Que
medidas em relação à legislação terrorista e fascista sobre trabalho, mormente
as leis que liquidaram a contratação colectiva e facilitaram e embarateceram os
despedimentos?
E que dizer do plafonamento das reformas que representa a
medida anunciada de redução progressiva - até aos 4% - do IRS, escamoteando que
ela se compagina com uma redução futura nas reformas, de igual ou montante
superior?
Não existe nenhuma diferença entre o que propõe o PS e o imperador de Lisboa, António Costa, e a actual coligação PSD/CDS-PP. Já cheira mal a insistência nesta tese da existência de troiquistas de esquerda e troiquistas de direita!
Seja qual for o entendimento que cada um faça sobre a extensão ou intensidade com que deve ser aplicado o acordo de entendimento com a tróica, todo aquele partido que creia que o melhor para Portugal e o seu povo é pagar uma dívida ilegal, ilegítima e odiosa é de direita!
Não existe nenhuma diferença entre o que propõe o PS e o imperador de Lisboa, António Costa, e a actual coligação PSD/CDS-PP. Já cheira mal a insistência nesta tese da existência de troiquistas de esquerda e troiquistas de direita!
Seja qual for o entendimento que cada um faça sobre a extensão ou intensidade com que deve ser aplicado o acordo de entendimento com a tróica, todo aquele partido que creia que o melhor para Portugal e o seu povo é pagar uma dívida ilegal, ilegítima e odiosa é de direita!
A este propósito nada como relembrar o que afirmava nestas páginas, no
artigo TRÓICA: A
rídicula idéia da existência de uma ala de esquerda e outra de direita!, publicado a 18 de Abril de 2012. Basta trocar o nome de António Seguro pelo de António Costa e o do traidor João Proença - à data dirigente máximo dessa central sindical amarela que dá pelo nome de UGT - pelo de Carlos Silva, seu actual secretário-geral, e está assegurada a sua actualidade:
De há uns tempos a esta parte que alguns
vêem insistindo numa teoria de que existirá uma forma PLUS, por contraponto a
um forma moderada, de
aplicar o programa que a tróica germano-imperialista impôs aos trabalhadores e ao povo
português. Criada pelo eixo Berlim/Paris, esta plataforma que visa dominar e
subjugar, à custa da chantagem da dívida, vários povos e nações europeus, está
a ser paulatinamente elevada a nova bíblia da filosofia, da política e do
pensamento económico da burguesia e do seu sistema capitalista.
Num contexto de luta de classes que
domina a sociedade dos nossos dias e é o motor da história, claro está que,
mesmo dentro da tróica, e sobretudo em relação a ela, diferentes interesses,
representando o montante do quinhão da exploração sobre os trabalhadores e o
povo que cada um dos sectores da burguesia reclama para si, se manifestam e degladiam, havendo já quem, como António Seguro, defenda que existirá um tróica
de direita e outra
de esquerda onde,
claro está, se alinha o PS.
Ou seja, os direitistas e os esquerdistas, no seio da tróica, serão ambos favoráveis a que
sejam adoptadas medidas terroristas e fascistas sobre os trabalhadores e o povo
português, para os obrigar a pagar uma dívida que não contraíram, nem dela
tiraram qualquer benefício, estando apenas em desacordo quanto à intensidade do
golpe e à dimensão do cacete!
A acreditarmos nesta classificação, os
troikistas de direita, representados
pelos partidos traidores PSD e CDS, que formaram o governo serventuário dos
interesses da tróica germano-imperialista que domina e coloniza o nosso país,
aplicam as medidas que visam o roubo dos salários e do trabalho, a facilitação
e embaratecimento dos despedimentos, o aumento de serviços e bens essenciais
que agravam ainda mais as condições de vida do povo e aumentam a fome e a
miséria, excedendo-se à
própria tróica no que diz respeito à intensidade, profundidade e alcance dessas
medidas, pois querem que a tróica, para além de os considerarem bons alunos, os elejam como seus
delfins de confiança.
Já para os troikistas de esquerda, como ficou bem claro na conferência de
imprensa conjunta Seguro/Rubalcaba (novo secretário-geral do Partido Socialista
espanhol, o PSOE), em Madrid, no final de uma reunião entre os dois –
provavelmente para gizarem a estratégia desta esquerda troikista para a Península Ibérica e, quem sabe,
estendê-la a toda a Europa –, o
que está em causa, como afirmou Seguro, é que não seja tomada qualquer
medida que vá para além daquilo que, com o PSD e o CDS, subscreveram no
memorando com a tróica germano-imperialista, traindo a nossa soberania nacional
e os interesses dos trabalhadores e do povo português, estando ainda contra o anúncio de toda e qualquer medida que provoque ainda
mais pânico…desnecessário, segundo o António… entre o povo!
Os mimos que ultimamente trocam entre si
– troikistas de direita e
de esquerda –,
destinam-se então, e somente, a deitar areia para os olhos do povo, ao mesmo
tempo que disputam qual das alas assumirá
melhor os comandos do leme do governo, qual delas melhor servirá os interesses
da tróica de que ambas são serventuárias.
De um e outro lado das barricadas, contam-se espingardas e
alinham-se as tropas de choque, sempre encabeçadas por uma profusão de
opinadores, politólogos, eminentes economistas
e filósofos. E, desta vez, Seguro parece não estar para brincadeiras. Fez
avançar o seu peão de brega,
o seu mais canino servidor, o traidor Eng.º João Proença, para, neste jogo de
ver quem tem maior poder de fogo e influência, vir, em tom
ameaçador, dizer ao governo e ao
patronato – alegadamente troikistas
de direita – que considera que o acordo de traição que subscreveu
recentemente com eles e que, acreditava ele,
visava o crescimento e o emprego não está a ser cumprido, pelo que se arroga o
direito da possibilidade de
dele fazer desvincular a UGT!
Claro está que estas disputas internas, entre troikistas de direita e de esquerda, não têm por objectivo
defender os interesses dos trabalhadores e do povo português, nem assegurar uma
política independente e soberana para Portugal. Nada disso!
Nós, simples e mortais ignorantes, continuamos a pensar que
tão ladrão é o que entra na vinha para roubar, como o que fica à porta para lhe
montar guarda!
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