sábado, 2 de maio de 2015

António Costa Dixit:

Aplicar o programa da tróica é uma questão de ritmo e de dose!

As chamadas dívidas soberanas são decorrências do próprio sistema capitalista, do facto de este assentar no princípio de que todos os meios servem para justificar o fim último, a ganância e obtenção de lucro. É um sistema assente no caos, na ausência de planeamento que tenha em conta as necessidades do povo e que, de forma cíclica promove massiva destruição de forças produtivas com o consequente corolário de fome miséria e desemprego.

Em Portugal onde, apesar dos sucessivos milagres económicos anunciados todos os dias por este governo de vende pátrias e pelo seu tutor Cavaco, a dívida cresce e se configura cada vez mais impagável, tal fica a dever-se, entre outros, a três factores principais:

1.       A destruição da nossa capacidade produtiva, moeda de troca da adesão do país à então CEE, hoje Unidade Europeia, levou ao desmantelamento da nossa indústria pesada e media – estaleiros navais, metalomecânica/metalurgia, minas, etc.-, ao abate da nossa frota pesqueira e da nossa marinha mercante, ao abandono da agricultura;

2.       A adesão ao marco travestido de euro, uma moeda forte para uma economia frágil e aberta como a portuguesa que, desprovida da sua capacidade industrial e da sua agricultura e pescas, tem de importar mais de 80% daquilo que consome e necessita para gerar economia;

3.       A dívida ser um negócio rentável para os grandes grupos financeiros e bancários que criaram o quadro atrás relatado para, depois, emprestar dinheiro pelo qual cobram juros faraónicos, especulativos e classificados como agiotas por qualquer ordenamento jurídico que não esteja capturado pelos seus interesses como é o caso do português.

É, pois, neste quadro, que temos de perceber a real extensão das recentes afirmações de António Costa, até à pouco tempo imperador de Lisboa e, actualmente, putativo candidato a 1º ministro de Portugal. Um oportunista dos sete costados que tem a distinta lata de vir dizer que tudo se resume a uma questão de ritmo e de dose, quando se trata de comparar o programa político que o PS propõe, caso venha a vencer as próximas eleições legislativas, da actual governação de PSD e CDS.

...uma questão de ritmo e de dose...
Quando António Costa sugere que não… tenhamos dúvidas: se pensarmos como a direita pensa, acabamos a governar como a direita governou… a mudança necessária exige ruptura com a actual maioria e a sua política, está a fugir a sete pernas, como oportunista que é e sempre foi, a responder às seguintes questões:

1.       Como pagar uma dívida que, só em juros, representa 9 mil milhões de euros por ano? Quem a vai pagar? 

2.       Qual o plano de investimentos criteriosos que permitirá gerar economia e emprego e assegurará emprego?

3.       Permanecer agarrados ao euro e ao Tratado Orçamental que nos retira independência e soberania?

4.       Que medidas em relação à legislação terrorista e fascista sobre trabalho, mormente as leis que liquidaram a contratação colectiva e facilitaram e embarateceram os despedimentos?

E que dizer do plafonamento das reformas que representa a medida anunciada de redução progressiva - até aos 4% - do IRS, escamoteando que ela se compagina com uma redução futura nas reformas, de igual ou montante superior?

Não existe nenhuma diferença entre o que propõe o PS e o imperador de Lisboa, António Costa, e a actual coligação PSD/CDS-PP.  Já cheira mal a insistência nesta tese da existência de troiquistas de esquerda e troiquistas de direita!

Seja qual for o entendimento que cada um faça sobre a extensão ou intensidade com que deve ser aplicado o acordo de entendimento com a tróica, todo aquele partido que creia que o melhor para Portugal e o seu povo é pagar uma dívida ilegal, ilegítima e odiosa é de direita!

A este propósito nada como relembrar o que afirmava nestas páginas, no artigo TRÓICA: A rídicula idéia da existência de uma ala de esquerda e outra de direita!, publicado a 18 de Abril de 2012. Basta trocar o nome de António Seguro pelo de António Costa e o do traidor João Proença - à data dirigente máximo dessa central sindical amarela que dá pelo nome de UGT - pelo de Carlos Silva, seu actual secretário-geral, e está assegurada a sua actualidade:

 

De há uns tempos a esta parte que alguns vêem insistindo numa teoria de que existirá uma forma PLUS, por contraponto a um forma moderada, de aplicar o programa que a tróica germano-imperialista impôs aos trabalhadores e ao povo português. Criada pelo eixo Berlim/Paris, esta plataforma que visa dominar e subjugar, à custa da chantagem da dívida, vários povos e nações europeus, está a ser paulatinamente elevada a nova bíblia da filosofia, da política e do pensamento económico da burguesia e do seu sistema capitalista.

Num contexto de luta de classes que domina a sociedade dos nossos dias e é o motor da história, claro está que, mesmo dentro da tróica, e sobretudo em relação a ela, diferentes interesses, representando o montante do quinhão da exploração sobre os trabalhadores e o povo que cada um dos sectores da burguesia reclama para si, se manifestam e degladiam, havendo já quem, como António Seguro, defenda que existirá um tróica de direita e outra de esquerda onde, claro está, se alinha o PS.

Ou seja, os direitistas e os esquerdistas, no seio da tróica, serão ambos favoráveis a que sejam adoptadas medidas terroristas e fascistas sobre os trabalhadores e o povo português, para os obrigar a pagar uma dívida que não contraíram, nem dela tiraram qualquer benefício, estando apenas em desacordo quanto à intensidade do golpe e à dimensão do cacete!

A acreditarmos nesta classificação, os troikistas de direita, representados pelos partidos traidores PSD e CDS, que formaram o governo serventuário dos interesses da tróica germano-imperialista que domina e coloniza o nosso país, aplicam as medidas que visam o roubo dos salários e do trabalho, a facilitação e embaratecimento dos despedimentos, o aumento de serviços e bens essenciais que agravam ainda mais as condições de vida do povo e aumentam a fome e a miséria, excedendo-se à própria tróica no que diz respeito à intensidade, profundidade e alcance dessas medidas, pois querem que a tróica, para além de os considerarem bons alunos, os elejam como seus delfins de confiança.

Já para os troikistas de esquerda, como ficou bem claro na conferência de imprensa conjunta Seguro/Rubalcaba (novo secretário-geral do Partido Socialista espanhol, o PSOE), em Madrid, no final de uma reunião entre os dois – provavelmente para gizarem a estratégia desta esquerda troikista para a Península Ibérica e, quem sabe, estendê-la a toda a Europa –, o que está em causa, como afirmou Seguro, é que não seja tomada qualquer medida que vá para além daquilo que, com o PSD e o CDS, subscreveram no memorando com a tróica germano-imperialista, traindo a nossa soberania nacional e os interesses dos trabalhadores e do povo português, estando ainda contra o anúncio de toda e qualquer medida que provoque ainda mais pânico…desnecessário, segundo o António… entre o povo!

Os mimos que ultimamente trocam entre si – troikistas de direita e de esquerda –, destinam-se então, e somente, a deitar areia para os olhos do povo, ao mesmo tempo que disputam qual das alas assumirá melhor os comandos do leme do governo, qual delas melhor servirá os interesses da tróica de que ambas são serventuárias.

De um e outro lado das barricadas, contam-se espingardas e alinham-se as tropas de choque, sempre encabeçadas por uma profusão de opinadores, politólogos, eminentes economistas e filósofos. E, desta vez, Seguro parece não estar para brincadeiras. Fez avançar o seu peão de brega, o seu mais canino servidor, o traidor Eng.º João Proença, para, neste jogo de ver quem tem maior poder de fogo e influência, vir, em tom 
ameaçador, dizer ao governo e ao patronato – alegadamente troikistas de direita – que considera que o acordo de traição que subscreveu recentemente com eles e que, acreditava ele, visava o crescimento e o emprego não está a ser cumprido, pelo que se arroga o direito da possibilidade de dele fazer desvincular a UGT!


Claro está que estas disputas internas, entre troikistas de direita e de esquerda, não têm por objectivo defender os interesses dos trabalhadores e do povo português, nem assegurar uma política independente e soberana para Portugal. Nada disso!

Nós, simples e mortais ignorantes, continuamos a pensar que tão ladrão é o que entra na vinha para roubar, como o que fica à porta para lhe montar guarda!

 






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