A política não me interessa, afirmam muitos elementos do
povo para justificar o seu desinteresse, desprezo e alheamento por todo e qualquer acto eleitoral. Uns dizem-no por estarem legitimamente desgastados com mais de 40 anos de
traições, roubo, destruição do seu posto de trabalho, ataque à sua dignidade e
ao seu direito a sonhar.
Outros, porque não entendem que votar é um acto de cidadania
duramente conquistado pelos mesmos que conquistaram o direito a um contrato
colectivo de trabalho, à semana de 40 horas, a saúde e à educação – para si e
para os seus filhos -, a férias, isto é, à classe operária, aos trabalhadores, ao
povo em geral, ao qual pertencem e do qual emanam.
Mas se é certo que
estão desinteressados pela política, asseguro-lhes que a política está muito
interessada neles. Sobretudo por aquele sector de classe – a dos
exploradores e vende pátrias – que faz da política um circo de patranhas e
enganos, de inuendos sem fim, um sector que sabe que a abstenção, o voto nulo
ou em branco, favorece as grandes e bem oleadas máquinas partidárias, que dominam
os órgãos de comunicação social e
definem os critérios jornalísticos que impedem, numa atitude profundamente anti-democrática e
fascista, aqueles que pugnam pela defesa dos interesses do povo e de quem trabalha de debater e defender os seus
pontos de vista e as suas propostas.
Isto porque, segundo o método em que se baseia o sistema
português – o método de Hondt -, é indiferente que votem 100% dos eleitores
inscritos nos cadernos eleitorais ou apenas ... 20! O sistema distribui os
lugares destinados a deputados na exacta percentagem dos 20 eleitores que se
dispuseram a votar. O que é mais confrangedor é verificar que,
independentemente do grau e dimensão da abstenção, votos brancos ou nulos, as
máquinas partidárias fazem com que a sua clientela
– uma minoria – capture os anseios, as expectativas e os direitos da esmagadora
maioria do povo.
O resultado de quarenta anos de desgastante e viciada política de alterne, protagonizada por
PS e PSD, a sós ou coligados, quase sempre com um valet de chambre que dá pelo nome de CDS/PP, está à vista.
Destruição do tecido produtivo, com a consequente destruição de postos de
trabalho. Sem agricultura, sem pescas, sem indústria ligeira e pesada, Portugal
vê-se hoje na contingência de ter de importar mais de 80% daquilo que necessita
para alimentar o povo e gerar economia.
Claro que, nestas circunstâncias, o saldo da balança de
transacções se agrava continua e dramaticamente, assim como a dependência
externa. Dependência que se pronuncia com a imposição de uma moeda forte como o
euro . o marco alemão travestido – para uma economia incipiente e frágil como a
portuguesa e que, a par da política de traição nacional que levou à venda dos
principais activos estratégicos nacionais, destrói qualquer capacidade de levar
a cabo uma política autónoma, soberana e independente que defenda os interesses
do povo e tire o maior proveito das vantagens competitivas de partida que
conferem a Portugal um lugar de destaque na nova centralidade europeia.
Para travar o genocídio fiscal que lhe foi imposto, a
sangria de elementos do povo que, para fugir ao desemprego e à miséria, são
forçados a emigrar, ao povo só lhe resta interessar-se por uma política que
esteja ao seu serviço e que ele possa dirigir e influenciar. Para tal é preciso
votar naqueles que não fazem da dívida, do euro, da continuidade de Portugal na
União Europeia e da Justiça, um tabu. É preciso votar contra os partidos
germanófilos que estão comprometidos até ao pescoço com a estratégia imperial
da Alemanha que, tal como Hitler preconizava num passado recente, visa impor o espaço vital alemão, colonizando todos
aqueles países que se ajoelham perante os seus ditames.
Este blogue e o seu autor, de forma militante, consciente e
activa, sabe de há muito qual o campo que escolheu. O campo da classe operária,
o campo de quem trabalha ou trabalhou toda uma vida, o campo do povo oprimido e
pobre, o campo dos que defendem que a única saída passa por uma Frente de
Unidade Democrática e Patriótica. Por
isso, no próximo dia 4 de Outubro, vota PCTP/MRPP!
Luis Júdice
Outubro de 2015
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