quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Fábulas e mitos urbanos

Aos trabalhadores e ao povo português pouco interessa quem é que terá tomado a iniciativa de abrir as portas do país à tróica germano-imperialista e criado as condições para o genocídio fiscal de que está a ser alvo e vítima. De facto, e nesta perspectiva, é indiferente se foi o PS ou o PSD, ou se foi o CDS o responsável porque o que é um facto é que todos eles assinaram esse pacto com o directório dos interesses de Merkel e do imperialismo germânico.

Assim como pouca ou nenhuma diferença fará se existirá uma diferenciação da intensidade na aplicação das políticas de empobrecimento e exploração a que tal pacto obriga, que cada um dos subscritores defende. É que, no que concerne aplicação de medidas tão draconianas que, para além de roubarem trabalho, salários, prestações sociais de vária natureza, saúde e educação, não existe esse autêntico mito urbano da existência de troiquistas de esquerda e de troiquistas de direita.

Diz o povo, e com razão. Que tão ladrão é o que rouba a vinha como aquele que lhe monta guarda.

É por isso, aliás, que PS, PSD e CDS tentam desviar as atenções do povo e de quem trabalha para o inócuo tema de determinar a paternidade de quem chamou a tróica germano-imperialista. Com esta manobra de diversão o que todos eles pretendem é escamotear  e fugir ao debate dos reais problemas com que o povo e quem trabalha hoje se debatem e que são a dívida, o euro e a pertença a uma comunidade que, cada vez mais, se entende como servindo exclusivamente os interesses imperiais da Alemanha que visa conquistar aquilo que nem Hitler logrou conquistar: o espaço vital alemão!

Não sendo indiferente para o povo e os trabalhadores portugueses qual o montante do genocídio fiscal a que estão ou continuarão a ser sujeitos – o PS propõe um saque mais moderado e a coligação PSD/CDS (PAF) a continuação da intensidade da execução do mesmo – o que interessa é saber o que cada um dos protagonistas pretende fazer quanto a uma dívida IMPAGÁVEL que, só em juros, representará este ano um saque de mais de 7 mil milhões de euros – mais do que a Lei do Orçamento de Estado previu para o sector da saúde em 2015 – e que, progressivamente, atingirá em 2020 os 17 mil milhões de euros.

Acontece que PS, PSD e CDS fogem como o diabo da cruz em discutir o facto de que, sendo sempre os trabalhadores e o povo a pagar, através da carga fiscal que lhes é imposta, uma dívida que não contraíram e da qual nada beneficiaram, uma dívida que lhes foi imposta pelo directório europeu, dominado pelos interesses dos grandes grupos financeiros, bancários e industriais da Alemanha para salvar a banca, transformando as suas dívidas em dívida pública, o seu pagamento terá uma relação directa com a liquidação do Sistema Nacional de Saúde, do acesso à educação, das prestações sociais a que tem direito e para cujo sistema toda uma carreira contributiva teve lugar.

Quando, de forma populista e manipulatória, tentam desviar a atenção do povo para questões acessórias como a de saber quem é o pai da vinda da tróica germano-imperialista para Portugal, quando tentam escamotear que essa tróica nunca de cá saiu, nem tem intenções de sair enquanto não for escorraçada pelo povo, escamoteiam sobretudo o facto de que a pertença ao euro e à União Europeia redundou na perda da soberania política, financeira, económica, fiscal, orçamental.

Escamoteiam o facto de ser insaciável a pretensão de Merkel e da potência imperialista germânica que comanda, em transformar Portugal - e outros países europeus – numa sua colónia ou protectorado, como bem o prova o facto de quererem agora, e depois de terem imposto a venda dos principais activos estratégicos do país – a preços de saldo -, assenhorar-se da plataforma marítima de Portugal (a sua Zona Exclusiva), sob o patético argumento de uma mar europeu, gerido para o bem comum – leia-se, os interesses da Alemanha – a que chamaram MAR AZUL.


Os patriotas, os democratas, os trabalhadores e o povo em geral, não se devem deixar enredar nestas manobras e devem impor que se recentre o debate naquilo que é essencial para a defesa dos seus interesses e da soberania de Portugal. Isto é, a recusa do pagamento da dívida, a saída do euro e a sua substituição por uma moeda nacional – o novo escudo – e a saída da União Europeia. Único caminho para assegurar um plano estratégico que leve à recuperação do tecido produtivo destruído e à recuperação da soberania e independência nacionais.

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