segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Orçamento ou telenovela?

António Costa e o PS levaram toda a campanha eleitoral a bramir argumentos contra a austeridade. E, se é certo que o povo português, chamado a ir às urnas, e apesar de uma brutal taxa de abstenção, exprimiu um vigoroso repúdio pelas políticas de traição nacional prosseguidas pelo governo de Coelho e Portas, tutelado por Cavaco,

Não menos certo é que também manifestou uma profunda desconfiança relativamente a um partido que nunca se dignou a fazer um verdadeiro balanço das políticas prosseguidas por Sócrates e seu governo – no qual se destacaram alguns ministros que agora fazem parte do actual executivo -, precursor da entrada da tróica germano-imperialista no nosso país, animador do Tratado de Lisboa onde foi consagrado o Tratado Orçamental que representa o domínio colonial germânico sobre Portugal e outros países que fez com que o José produzisse um sonante porreiro pá ao seu cúmplice de traição, o famigerado Durão Barroso.

Derrotada a coligação PAF, uma aliança entre a direita e a extrema-direita, e apoiado em duas muletas salvíficas – PCP/Verdes e BE – ganhou forma e sustentabilidade, no parlamento, uma aliança que permitiu que Costa visse consagrada a sua proposta de um novo ciclo político, segundo o próprio tão importante ou mais do que a queda do muro de Berlim, consubstanciada num governo assente numa ampla plataforma ou maioria de esquerda, catarse dos maus momentos experenciados durante a fase do PREC.

Pura semântica! O que se pretendia escamotear era exactamente o mesmo que levou a que, primeiro durante a campanha para as legislativas e, mais recentemente, durante a campanha eleitoral presidencial fosse proibido de ser analisado,discutido e denunciado pelo povo português, as questões essenciais:

·         Qual a natureza da dívida, isto é, se ela decorre – como PS, PSD e CDS sempre quiseram impor - do facto de o povo português ter vivido acima das suas possibilidades ou se, bem pelo contrário, ela está a servir para fazer o povo pagar uma dívida privada, uma dívida sobretudo gerada pela banca – nacional e internacional.

·         Quem deve pagar esta dívida? E como a vai pagar? À custa do roubo dos salários, do trabalho, da degradação do SNS, da escola pública e da segurança social, à custa da miséria e do desemprego, da perda de qualidade de vida, da perda de dignidade e da perda de soberania nacional como impõe o Memorando de Entendimento que PS, PSD e CDS assinaram com a tróica?
Apesar de Costa afirmar que a aliança que estabeleceu com PCP, Verdes e BE representa um novo ciclo na política em Portugal, mais importante do que o derrube do muro de Berlim e o implodir do medo de uma maioria de esquerda herdado dos idos do PREC, o que é certo é que a recente Lei do Orçamento Geral do Estado para 2016 vem comprovar quem manda nisto tudo e neles todos!

É precisamente para escamotear esse facto que Costa decide produzir uma autêntica televonela, mais rasca do que a mais pirosa das telenovelas mexicanas, em episódios de minuto e meio, protagonizada pelo próprio e enviando para o terreno, desdobrando-se em múltiplas sessões de esclarecimento,  alguns dos seus ministros e secretários de estado. Uma telenovela com argumento do dramaturgo imperial, Schauble, e música de Wagner, para explicar ao povo que o orçamento que propõe, ao contrário da austeridade má praticada pelo executivo de traição nacional protagonizado por Coelho, Portas e Cavaco, contém uma austeridade boa, geradora de emprego e crescimento.

Esperando não ter de ser confrontado com o facto de que todo e qualquer orçamento, aprovado por este ou qualquer outro executivo, porque sujeito às ordens e directizes de Berlim, nunca servirá os interesses da classe operária, dos trabalhadores e do povo português. O simples facto de Portugal ter sido forçado, por toda uma cambada de traidores, a aceitar o tratado colonial que representa o Tratado Orçamental, dá para perceber que é uma charada fingir-se que o governo actual, como o anterior, tem autonomia e independência para implementar e impor uma lei de orçamento geral que sirva o povo e quem trabalha.

O não repúdio da dívida, a permanência de Portugal no euro e na União Europeia, constituem as âncoras da nossa condição de protectorado ou colónia.

Basta perceber que a chancelerina Merkel,  primeiro elogiando o seu canino servo Passos enquanto recebia o labrego e lambe botas Costa – quem não se lembra do Costa, em conferência de impressa, ao melhor estilo Hollande, a afirmar que não queria incomodar a Srª Merkel com os problemas do orçamento português -, depois através do seu cão de fila Schaubel, já vá vociferando ameaças sobre o Costa que, borrado de medo,  se prestou a apresentar 3 adendas ao orçamento e a comprometer-se com um Plano B mais a contento das exigências do imperialismo germânico.


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