Antes da clamorosa derrota sofrida nas urnas pela coligação
PÀF, o governo de traição nacional protagonizado por Coelho e Portas e tutelado
por Cavaco, decidiu à última hora de vida do exercício do seu poder executivo
liquidar definitivamente com a TAP, vendendo esta companhia de bandeira a
retalho e comprometendo uma estratégia que assegurasse, por um lado, a ligação
entre Portugal e a sua diáspora e, por outro, a defesa de expansão de negócios
entre o país e a comunidade dos PALOP’S e outras nações.
A estratégia do anterior governo, que comprometia seriamente
a possibilidade de transformar Lisboa numa das principais plataformas
giratórias na Europa para a entrada e saída de passageiros e mercadorias, num
aeroporto regional, subsidiário da Espanha, e abortava a possibilidade do
aeroporto do Porto se constituir como a principal base aeroportuária do norte da
Península Ibérica, mereceu, então, críticas de vários sectores, incluindo os da
esquerda formal, a esquerda representada actualmente no parlamento, a esquerda
que apoia o actual governo de Costa e do PS.
Mas, confirma-se agora, que o apoio então anunciado à não
privatização da TAP e, mais recentemente, à reversão do negócio da sua
pirateada venda, não passou de um logro! Isto porque, ao contrário do que então
defendia António Costa e o PS, no seu programa de governo, não só aceitaram que
a dita reversão fosse de apenas 50%
como, pasme-se, aceitaram que a administração e o plano estratégico fossem
conduzidos pelo parceiro privado que detém, mercê de um acordo efectuado no
maior dos sigilos entre Centeno, o Ministério das Finanças e os capitalistas privados, apenas 45% do capital da companhia.
O leitor não se deverá deixar levar pela ilusão criada de
que não haveria outra solução que pudesse satisfazer a toda poderosa e colonial
Comissão Europeia. Nada disso! É preciso conhecer a história do azeiteiro Humberto Pedroso – administrador e sócio
preponderante do Grupo Barraqueiro – e David
Neeleman, dono da companhia aérea brasileira Azul.
O primeiro, um conhecido e muito utilizado fura-greves, por TODOS os governos nas últimas décadas, fossem eles maioritários
do PS ou do PSD, ou em coligação com o CDS, que sempre se prestou a ser um fiel cão
de trela do poder, para desarticular as lutas dos trabalhadores dos transportes
urbanos (ver artigo mais completo sobre este personagem em http://queosilenciodosjustosnaomateinocentes.blogspot.pt/search?q=barraqueiro) O outro, um aldrabão internacional que vê no negócio TAP um meio de fazer
escapar a sua empresa brasileira de
aviação – a AZUL – da falência já anunciada e vender a sucata – isto é, algumas
dezenas de aeronaves antiquadas e a precisar de reforma, a uns saloios que
estão dispostos a cair num bem arquitectado conto do vigário.
Torna-se cada vez mais claro que, tal como afirmava Arnaldo
Matos num artigo que escreveu a 25 de Novembro de 2015 sobre a TAP e publicada
no Órgão Central do PCTP/MRPP, o Luta Popular Online – “... A TAP foi
privatizada a favor de um consórcio constituído à pressa – o Atlantic Gateway – que não dispõe nem de capitais
próprios, nem de crédito bancário em parte nenhuma do mundo. O consórcio
comprador tem uma estratégia bem definida, que sempre denunciámos mas ninguém
parecia querer acreditar: entrar na TAP, vender os aviões, vender as rotas,
vender os prédios e os terrenos, e deixar as dívidas nos bancos para o Estado
português pagar” ( ver artigo completo em http://www.lutapopularonline.org/index.php/pais/104-politica-geral/1826-tap ).
Como se torna
evidente, também, que “...o
consórcio Atlantic Gateway é uma sociedade parasita e
parasitária: veio para liquidar a TAP, vendendo o património da companhia aérea
portuguesa, embolsando o produto da venda, deixando os trabalhadores sem
emprego e encarregando o Estado, quer dizer, o erário público, isto é, os
contribuintes, de pagar as dívidas”.
A solução agora imposta pelo governo PS e por António Costa, não altera a
natureza criminosa que representa o negócio da privatização da TAP, nem o dolo que se prefigura nas intenções que lhe estão por detrás. Tal como afirmava
Arnaldo Matos no supracitado artigo, “...o
privado vende o activo e fica com o dinheiro; os trabalhadores da TAP ficam
desempregados; o povo português paga a dívida. A TAP desaparece.”
O que levará Costa e o seu governo de unidade de esquerda – mesmo que formal – a apostar, então, neste
modelo?! Mesmo tendo em conta o recente parecer da ANAC (Autoridade Nacional da
Aviação Cívil) que, por não ver asseguradas as determinações europeias que
impõem que numa privatização desta natureza o capital maioritário deve ser
representado por uma entidade ou personalidade portuguesa ou europeia,
determinou que a actual administração, e durante os próximos três meses, só
pudesse praticar actos de gestão corrente?! Só pode ser uma
contrapartida aos serviços prestados como diligente fura-greves por Pedrosa no passado recente, às comissões
que o negócio envolve e ao capitular em toda a linha em relação às imposições
arrogantes e coloniais da Comissão Europeia.
É contra estes gangsteres, contra estes fura-greves
encartados que, ainda citando o meu camarada Arnaldo Matos no artigo a que
venho fazendo referência, “... os
trabalhadores da TAP devem erguer-se, com todas as formas de luta ao seu
alcance, contra este latrocínio e contra esta ladroagem...”, impondo a Costa e
ao seu governo a reversão total da privatização da TAP e seu regresso à
condição de empresa nacionalizada.
“E terão, sem
dúvida, o apoio de todo o povo português”.
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