sábado, 6 de fevereiro de 2016

Costa : A evolução na continuidade!

No princípio, quando se dirimiam argumentos sobre quem teria sido o responsável por chamar a tróica para resgatar a dívida portuguesa e salvar Portugal da bancarrota, era o chorrilho propositadamente caótico de acusações entre os diferentes sectores da burguesia que, à vez, sozinhos ou coligados, protagonizando sempre a política de bloco central, tinham conduzido o país à massiva destruição do seu tecido produtivo e transformado a pátria amada com que todos enchem a boca para a condição de protectorado.

Esgotado a lama e seco o lamaçal, viraram-se, então, para outro capítulo: o de que, apesar de todos eles – PS, PSD e CDS – terem estado de acordo em chamar a tróica germano-imperialista, existiriam antagonismos inconciliáveis entre os que, como o PS, defenderiam uma política de esquerda para a aplicação do Memorando da traição assinado por todos eles, e os que, como PSD e CDS, defendiam e defendem uma visão de direita.

Tudo têm feito os subscritores daquele memorando da traição com a tróica germano-imperialista para escamotear a origem do buraco orçamental e justificar o princípio de que a austeridade era inevitável para um povo que teria vivido acima das suas possibilidades. Para justificar a inevitabilidade de  chamar os credores para arrumar a casa!

Precisamente aqueles que tinham, através dos vendidos, traidores e vende pátrias, que com eles haviam acordado em destruir a nossa indústria, a nossa agricultura, as nossas pescas, entre muitos outros sectores de produção, criado as condições para a cada vez maior dependência do país ao exterior, a cada vez maior fragilização da sua já débil economia e um endividamento progressivo, imparável e, sobretudo...IMPAGÁVEL!

E foi o que se viu. Durante o mandato dos traidores Passos e Portas – patrocinados pelo palerma de Boliqueime – foi a destruição do que restava do nosso tecido produtivo, a venda a pataco dos activos estratégicos que ainda não tinham sido vendidos – EDP, REN, TLP, TAP, GALP, ANA, etc, etc, etc. - , o roubo dos salários e do trabalho, com a imposição de mais horas de trabalho, por menor salário, com a destruição massiva de postos de trabalho, o roubo das pensões e reformas.

Foi a destruição sistemática do SNS, da Escola Pública, uma miserável ataque à Contratação Colectiva, a política de despejos protagonizada pela NRAU, ou Lei dos Despejos, a humilhação a que se sujeitaram os desempregados, a fome e a miséria exponenciados, a drástica diminuição para o orçamento da saúde, da educação e da solidariedade social, a expulsão de centenas de milhar de portugueses do seu país – sobretudo jovens e qualificados – à procura, lá fora, de um projecto de vida que lhes assegurasse a sua sobrevivência e a da família.

E o PS, o lídimo representante da tal suposta ala esquerda dos adeptos da vinda da tróica germano-imperialista para Portugal, sempre a defender uma oposição firme e violenta ao então governo dos traidores nacionais Passos e Portas e seu patrono Cavaco, chegado ao poder o que faz? Beneficiando da disponibilidade para serem suas muletas por parte de PCP, Verdes e BE, eis António Costa e seus comparsas a apresentarem um primeiro esboço de orçamento que mais parecia um queijo gruyère, típico pelos seus inúmeros buracos.

Buracos que se alargaram quando viemos a perceber, quer durante as discussões preliminares, quer  durante a apresentação da versão final – aprovada, com sérias reprimendas e dúvidas, pela autoridade colonial que representa, nestes dias, a Comissão Europeia – que tal lei do orçamento assenta, afinal,  num chorrilho de mentiras.

Desde logo, o rasgar de uma bandeira eminentemente patriótica, como era o da reconquista da maioria do capital da TAP, vendida por tuta e meia e às pressas, pelos traidores Passos e Portas, ao fura greves da Barraqueiro e a um cowboy americano falido e mentiroso.  Depois, o adiar – sabe-se lá para quando ou se para sempre – da retoma da semana das 35 horas para os funcionários públicos, o jogo de cintura em torno da redução da taxa do IVA, que já só descerá de 23% para 13% na restauração, para os produtos alimentares e a cegada em torno da eliminação da sobretaxa do IRS. E ainda a procissão vai no adro!

É por isso que, não fosse este orçamento, que reflecte a política de um dos vários sectores da burguesia  que representa os interesses do imperialismo germânico, replicar mais do mesmo no que concerne exploração, miséria e perda de soberania para a classe operária, os trabalhadores e o povo português em geral, um drama, até esboçaríamos um sorriso quando, os seus defensores nos vêm afirmar que, se é certo que ele contém alguma austeridade, ela distingue-se, no entanto, pela positiva, quando comparada com a austeridade imposta por Passos, Portas e Cavaco.

Ou seja, para estes patifórios, tal como existiriam troicanos de esquerda e troicanos de direita, também agora existirá uma austeridade boa, em contraponto a uma austeridade má! A esquerda, mesmo que formal, será responsável por iludir a questão de fundo. Que o presente orçamento foi ditado por Berlim, com a chancela do seu instrumento político operacional que é a Comissão Europeia.

Essa esquerda, mesmo que formal, em Portugal já é responsável pelo facto de ter alimentado a ilusão junto da classe operária, dos trabalhadores e do povo, de que, sem um firme repúdio do pagamento da dívida e uma corajosa ruptura com o euro, sem promover a saída de Portugal da União Europeia e da NATO, Portugal nunca será um país livre, democrático e próspero, nunca será uma nação soberana.

Ou arrepia caminho ou a história remete-los-á para a mesma galeria de traidores onde figuram já Passos, Portas e Cavaco.

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