segunda-feira, 4 de julho de 2016

Carvalho Jesus: a luta pela democracia não pode morrer solteira!

Mário Fernando Carvalho Jesus é um operário soldador que vendeu a sua força de trabalho, primeiro numa empresa no centro de Lisboa e, depois, por essa Europa fora, em países tais como a Suíça, Espanha, França, Itália, Holanda e Bélgica, de 1986 a 2012. Começou a trabalhar com 13 anos de idade, como aprendiz de serralheiro, foi servente na construção civil.

O crime de que foi acusado – perturbação de órgão constitucional ! Uma acusação e um caso no mínimo insólito em que a justiça é célere a tentar calar a voz do descontentamento, vinda de cidadãos comuns, do mesmo passo que faz vista grossa às sucessivas práticas inconstitucionais do em boa hora corrido governo de traição nacional protagonizado pela dupla Coelho/Portas.

Segundo os promotores de uma página de apoio ao Carvalho Jesus criada no Facebook, ”...este Cidadão anónimo, teve a coragem de interromper a sessão plenária na Assembleia da República, quando discursava o então Primeiro Ministro, Pedro Passos Coelho, no dia 11 de Março de 2015. Por esse facto e porque não quis que calassem a sua voz, deixando arquivar o processo, foi a julgamento...”.
Um julgamento que teve início a 24 de Junho do corrente, prosseguindo, dia 27, estando prevista a leitura do Acórdão para o próximo dia 13 de Julho, pelas 09h30.
O “crime” de que vem acusado é o de perturbação de funcionamento de órgão constitucional, que está tipificado no Código do Processo Penal, pelo Artº 334, alínea a), tendo o réu, na 1ª sessão do julgamento, recusado admitir que tinha praticado um crime. Na 2ª sessão, quer o juiz presidente – de um colectivo de 3 juízes (o presidente e duas juízas) -, quer o delegado do ministério público tudo fizeram, o primeiro ainda na fase das perguntas – quer a testemunhas, quer ao réu – e o segundo na fase das alegações finais, para caracterizar o “crime” como “premeditado”.
As duas testemunhas – o professor José Zaluar e a companheira do arguido, Maria João Paulo -, para além de sublinharem o empenho na defesa do cidadão do réu em relação a questões sociais de relevo, como eram os cortes nas pensões que naquele dia 11 de Março de 2015 (não será certamente por acaso que na data em que se celebraria a tentativa de golpe fascista, seguida de contra-golpe social-fascista em 1975), e a sua seriedade humana, política e social, enfatizaram que o que o mesmo fez foi dar voz a tantos que gostariam de ter tido a coragem de fazer exactamente o mesmo, não deixando de fazer referência ao facto de muitos outros o terem feito também, nas mais variadas situações.
Porque partilho do ponto de vista da sua companheira e testemunha de defesa, Maria João Paulo, reproduzo neste espaço a estranheza com que no seu último comentário na supracitada página de apoio ao Carvalho Jesus se dirige “aqueles amigos, conhecidos ou desconhecidos, que nem uma palavra têm para com o cidadão Carvalho Jesus” questionando-se, muito justamente, sobre o paradeiro de  “...todos aqueles,que por tudo e por nada publicam tanta coisa, importante sem dúvida, mas que neste caso, nem uma presença,um gosto, um gesto solidário, uma palavra ...” produziram em sua defesa.
Para ousar vencer há que ousar lutar! A todos os que pugnam pela democracia e pela justiça, exige-se a denúncia do que está por detrás deste processo político contra o cidadão Carvalho Jesus. E, o primeiro passo que se lhes exige seja dado é o de estarem em massa no próximo dia 13 de Julho, pelas 09h30, no Edifício A do Campus da Justiça, no Parque Expo, em Lisboa.
Para que conste, o Processo tem o nº 16/15.3P9 LSB e a leitura do Acórdão da sentença deverá decorrer no mesmo local onde tiveram lugar as duas sessões do julgamento, isto é,  no 4º piso do Edifício A do Campus da Justiça, em Lisboa, na sala 1.





2 comentários:

  1. Excelente artigo que retrata a verdade dos factos.
    Obrigada, Luís Júdice.

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  2. Pois...pois...pois... Pessoalmente logo no inicio desta democracia 1976 a 1979,já pós constituição de 1976 estive dois anos preso inocente com reportagens das sessões no Diário Lisboa, tinha 26 anos, cometi muitos crimes; o 25 de Abril 74, impedi a matança em Setúbal em7 março 75, ninguém sabe mas antecedeu o 11 de Março, andei na revolução agrária depois não me deixei matar em 18 de Abril 1976, mas tudo correu sem nenhum sobressalto , só alguns poucos, cumpriram com o seu dever e direito de solidariedade coisas andrade da silva

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