Segundo um estudo do Instituto
Nacional de Estatística (INE), divulgado no dia 1º de Maio deste ano e
baseado numa exaustiva compilação de
dados, que abrangem trabalhadores em regime de full e part-time, a idade média do trabalhador, o montante mensal da sua
remuneração e o sexo, quando se comparam tais dados com os dos restantes
trabalhadores europeus – sobretudo com aqueles que trabalham no espaço da UE a
28 -, o trabalhador português trabalha mais horas, recebe cerca de metade do
salário médio europeu e o seu nível de escolaridade é inferior.
O que o estudo escamoteia é que este quadro se deve a mais
de 4 décadas de políticas de concertação
social, durante as quais a conciliação, a hesitação e a traição miserável
aos interesses dos trabalhadores– em nome de tornar conciliável algo que não o
é, isto é, os interesses dos trabalhadores com os interesses do capital -,
acompanhado de uma política de educação completamente alheia aos interesses de
uma economia mais qualificada e virada para a satisfação das necessidades do
povo e de quem trabalha, levaram a uma progressiva degradação, quer da distribuição
dos rendimentos em relação a quem trabalha, quer da formação superior e técnica
necessárias para uma economia mais moderna e eficiente.
Senão, vejamos! Segundos dados da Pordata, desde 1974 que os
rendimentos do trabalho foram superiores aos rendimentos do capital. Esta
tendência teve o seu auge entre 1975 e 1976, conforme se pode constatar pelo
quadro anexo.
Foram os desvios oportunistas, operados pelas duas centrais
sindicais – UGT e CGTP/Intersindical - , que amarraram os trabalhadores à
armadilha da concertação social,
sujeitando-os ao colete de forças de estruturas sindicais que se foram
afastando dos operários e dos trabalhadores, privilegiando as lutas de gabinete, em vez das lutas nos
locais de trabalho, demitindo-se de exercer uma direcção sindical
revolucionária, que levou ao actual quadro.
Um quadro onde a parte dos rendimentos que se destina aos
salários de operários e restantes trabalhadores caíram dos 68,9% de 1975 para
os pouco mais de 33%, para grande gáudio de todos os capitalistas e da
burguesia em geral!!! Não vale a pena vir-se carpir, como o faz Arménio Carlos
da CGTP/Intersindical ,da situação e ficar-se pela constatação dos factos!
Há que perceber que, num quadro onde, para agravar este
desequilíbrio, os sucessivos governos da burguesia – incluindo o actual governo
de António Costa, apoiado pelas suas muletas PCP/BE/Verdes e PAN – com maior ou
menor intensidade impõem aos trabalhadores o pagamento de uma dívida que não
contraíram, nem dela retiraram qualquer benefício, num quadro onde o pagamento
da dívida – e juros – compromete qualquer aposta no investimento da educação e
de uma maior e mais eficiente especialização -seja em que área for da ciência,
da indústria, do desenvolvimento ou da inovação -, só a ruptura com o colete de
forças da concertação social, só
impondo uma direcção adequada aos interesses dos trabalhadores na frente
sindical, firme e musculada, será possível inverter este quadro.
Certeiro, desmascarado a traição praticada pelas duas centrais sindicais à luta dos operários e trabalhadores durantes estas últimas décadas.
ResponderEliminarQuando se aprende, aprende-se e não se comenta.
ResponderEliminar