segunda-feira, 4 de junho de 2018

Electricidade e Gás:


Um mercado liberalizado à custa de burla?





Já ninguém terá dúvidas de que o muito rentável mercado da electricidade e do gás é o eldorado para empresas multinacionais que lutam por obter, a todo o custo, um quinhão do mesmo.

O consumidor paga duplamente. Quer através das fabulosas rendas que o estado contratualizou com a EDP –,  rendas que são pagas através dos impostos de que quem trabalha -, quer através dos tarifários que esta empresa lhes aplica.

Situação idêntica ocorre no mercado do gás, onde as tarifas praticadas chegam a corresponder ao dobro do que se pratica na vizinha Espanha.

Sobretudo no caso da electricidade, onde a rede de distribuição pertence à EDP e à sua associada REN,  a empresa considera que não é atractivo para o seu negócio e para a maximização dos seus lucros – leia-se, ganância ilimitada -,  permanecer prisioneira do mercado regulado.

Mercado onde é obrigada a respeitar os tarifários que o regulador lhe impõe, alimentando, assim, o mercado liberalizado com o objectivo de vir a aplicar tarifas que fujam ao controlo do regulador e proporcionem maiores lucros e dividendos.

É neste contexto que os trabalhadores, o povo, os consumidores em geral – quer da electricidade, quer do gás – têm sido alvo de sucessivas vagas de agressivas campanhas comerciais por parte de novos operadores que, utilizando a rede existente de distribuição, pertença da EDP, vêm prometer tarifários mais competitivos do que aqueles que o mercado regulado pratica.

O bom senso levaria a que qualquer pessoa, abordada por estas equipas, tivesse presente o princípio de que quando a esmola é muita...o pobre desconfia! E, não é caso para menos. Quando alguns incautos se deixam enredar na teia das manipulações e mentiras com que tais equipas os convencem a aderir, na maior parte dos casos vê-se confrontado com aumentos dramáticos dos tarifários de luz e gás.

Insaciáveis que são, estas empresas acabam de introduzir uma nova táctica para arregimentar novos aderentes. Enviam equipas – normalmente constituídas por dois elementos - , vestidos com coletes cinzentos a exibir nas costas as palavras Electricidade e Gás, sem nenhum logo identificativo da empresa para a qual  afirmam trabalhar.

Colocam dentro de uma bolsa plástica, pendurada por uma mola ao colete, um cartão híbrido, sem marca de água, com a foto do dito funcionário, bem como identificação básica – mas não escrutinável – do dito, como nome, empresa que representam  e função.

Estas equipas estão a apresentar-se como prestadora de serviços para a EDP Distribuição, solicitando aos incautos acesso aos contadores, de forma a registarem o número de matriz exibidos nos mesmos e anunciando que tal se deve ao facto – verdadeiro – de que, dentro em breve, esses contadores serão substituídos por novos, com uma tecnologia mais avançada e uma calibração respeitadora das novas regras impostas pelo regulador.

Consumada a burla, o cidadão ou cidadã, quando é dramáticamente despertado para os efeitos da burla em que cairam – normalmente sob a forma de facturas com valores exorbitantes – vêm-lhes ser negadas as reclamações com base no argumento de que o número da matriz do seu contador só pode ter revelado, de forma voluntária, pelo próprio.

Contactada a EDP Distribuição, esta nega ter contratualizado empresas externas – mormente a Endesa, que se tem revelado a mais agressiva comercialmente – para implementar tal serviço, referindo que tal acção, a ocorrer, é sempre previamente anunciada e nela só participam trabalhadores da própria empresa, devidamente identificados e identificáveis.

Acresce que, revelaram, não fazer qualquer sentido a EDP Distribuição solicitar os números de matriz dos contadores já que estão na posse da empresa o registo desses dados.

Tal como aconteceu hoje, 4ª feira, dia 4 de Junho de 2018, ao final da manhã, na zona de Arroios em Lisboa, as pessoas contactadas – geralmente pessoas idosas, de fracos recursos ou fragilizadas – devem de imediato denunciar estas práticas e, se necessário, recorrer a alguma autoridade que faça abortar a burla em marcha.

Não há que ter piedade desta gente que, defendendo que estão apenas a fazer o seu trabalho e que trabalhar não é crime, não demonstram qualquer empatia por aqueles que, conscientemente, estão a burlar. De facto, trabalhar não é crime mas, burlar, sim!


1 comentário:

  1. Vou partilhar em grande divulgação e terei o cuidado de ir informando com quem contacte. " É preciso avisar toda a gente ", diz a canção e é verdade.

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