Cada vez que
se aproximam actos eleitorais, sejam para os órgãos autárquicos, seja para o
parlamento europeu, seja para eleger deputados para a Assembleia da República,
lá vem o PS com a cantilena do voto útil
face ao papão da direita, onde há propostas mas não há preocupações
sociais,
sempre com aquele tom displicente e arrogante de quem aceita esse voto, não porque seja útil para o PS mas porque é
útil para os portugueses que mais necessitam.
Qualquer
acção política, nomeadamente a que resulta do voto, tem de ter um destinatário
e defender interesses de classe. Cerca de quatro décadas de rotatividade entre
voto na direita e voto útil na esquerda de que o PS se reclama, o que
trouxeram que tenha beneficiado o povo e quem trabalha? Vejamos:
·
Em
nome da adesão à CEE , mais tarde União Europeia - quando denunciámos que não
seria Portugal a entrar na CEE, mas a CEE a entrar em Portugal -, em nome de um
projecto de solidariedade europeia do
qual, se a ele aderisse, Portugal beneficiaria de fundos que colocariam o país
e o povo no mesmo patamar dos países mais desenvolvidos da Europa, o que
aconteceu, no entanto, foi uma destruição maciça do tecido produtivo – desde a
siderurgia, metalomecânica/metalurgia, indústria mineira, às pescas, passando
pela agricultura – e esta foi a inutilidade do voto útil;
·
Em
cerca de 4 décadas, a indústria que representava cerca de 40% do PIB, passou a
representar 13% e a agricultura e as pescas que asseguravam 30% de toda a
riqueza produzida no país, passou a representar cerca de 2%! E esta foi mais
uma inutilidade do voto útil;
·
A destruição que se registou, profunda e progressiva, da nossa
economia, a escandalosa bancarrota financeira – com a falência dos chamados
bancos de referência – o
empobrecimento acelerado do povo português, acompanhado da desvalorização do
trabalho, da liquidação da classe média, da destruição da soberania e da
independência nacional, do desaparecimento das conquistas e liberdades
democráticas e da crescente fascização da vida política, não aconteceram por geração espontânea, são antes
consequências óbvias – directas ou indirectas – da introdução forçada de uma
moeda única forte numa economia débil como era, à época, a economia portuguesa. E esta foi, uma vez mais, uma inutilidade do voto útil.
Em todas as
circunstâncias em que o povo português se deixou embalar por esta cantilena do voto útil , bramida pelo PS, novas
consequências para o seu direito ao trabalho, à saúde e à educação tiveram
lugar. De cada vez que se deixou iludir por esta patranha, o povo português e
quem trabalha viu diminuída ou restringida a sua capacidade negocial, o retirar
de direitos e garantias, o resvalar para políticas que beneficiaram despedimentos
colectivos, fecho de escolas e maternidades e outros serviços vitais para
assegurar quer direitos, quer comodidade e eficácia para as populações.
Face a todo
um fervor com que o imperialismo germânico impõe às outras nações europeias –
sobretudo àquelas que aderiram à zona
euro e, dentro destas, as que se sujeitaram a programas cautelares – os seus ditames, a direcção de Seguro e o
PS, quiseram convencer o povo português da utilidade para os povos da Europa de
o PSF de François Hollande vencer as eleições presidenciais em França. E a inutilidade
do voto útil naquele país está à
vista de todos! O que se passa hoje na França dirigida por Hollande é, aliás,
um vislumbre do que será Portugal se governado por Seguro!
Depois, e certamente
que acreditando que assim descola a sua da imagem de Sócrates, que em boa hora
foi corrido pelo povo português, vem Seguro afirmar que à
esquerda há preocupações sociais
mas não há propostas realistas, prometendo rectificar este
passado para que se consolide a obra
feita que tem sido uma marca distintiva face aos governos de direita.
Mais uma vez escamoteando que foi Seguro e o PS que permitiram, o ano
passado, que um dos principais objectivos dos trabalhadores e do povo português
– o derrube do governo de traição nacional de Coelho, Portas e Cavaco – não
fosse concretizado, ao aceitar fazer um pacto
com o diabo, no âmbito da convergência
tão solicitada pelo indigente de Belém. Pacto do qual resultou a redução de um
imposto que beneficia ainda mais os grandes capitalistas – o IRC! Como foi
Seguro que instruiu, primeiro o traidor Proença e, depois, o traidor Carlos
Silva, a aceitar que na concertação
social toda a sorte de medidas terroristas e fascistas, promotoras do roubo
dos salários e do trabalho, tivessem acolhimento.
Mais uma vez escamoteando que os únicos beneficiários da utilidade do
voto no PS têm sido os grandes grupos económicos e financeiros, os interesses
de países como a Alemanha e a França que beneficiaram da destruição do tecido
produtivo português e da crescente dependência do país aos produtos originários
daqueles.
Voto útil, quer nas
eleições para o parlamento europeu, quer em futuros actos eleitorais,
nomeadamente para as legislativas, é o voto naqueles que defendem o derrube deste governo de traição nacional, a constituição de um
governo democrático e patriótico, o não pagamento da dívida e a saída do euro.
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