Volvidos 35 anos da criação do Serviço Nacional de Saúde
(SNS), se tivermos de atribuir a paternidade à sua implantação e desenvolvimento,
o pai dessa realidade é verdadeiramente o povo português, a classe operária e
os trabalhadores, que se empenharam numa luta sem quartel para que tal
estrutura, essencial à sua qualidade de vida e à sua dignidade, fosse
constituída.
É por isso inaceitável a ideia agora transmitida pelo
auto-proclamado pai do SNS de que
teria ficado mais tranquilizado quanto ao futuro deste precioso activo, depois
de ouvir as recentes declarações daquele que é considerado o coveiro de serviço
ao seu enterro, enterro e morte há muito proclamadas pela tróica
germano-imperialista.
A inteligência
criminosa do actual ministro da saúde, Paulo Macedo, começou a revelar-se
aquando da sua passagem pelo BCP/Millenium onde, como gestor, foi co-responsável
pela criminosa política de casino
especulativo em que aquela entidade bancária privada se envolveu, mormente a arriscada
e desastrosa compra de dívida pública
de outros países e a adesão a fundos de alto risco que estiveram na base do
estrondoso rebentamento da famigerada bolha
imobiliária.
Como a burguesia valoriza quem ostenta esta criminosa inteligência que consegue justificar a razão pela qual vícios privados têm de ser pagos com
dinheiros públicos, isto é, à custa do aumento de impostos, logo vislumbrou em
Paulo Macedo, um excelente director geral das Finanças – leia-se, para
optimizar o assalto, via impostos, a quem trabalha.
E, como em matéria de defender os interesses da burguesia,
tanto faz que seja o PS, como o PSD a fazê-lo, eis Paulo Macedo – naquilo que
se pode considerar a expressão de uma verdadeiro entendimento entre os partidos
que compõem o bloco central – a
aceitar tais funções no quadro de um governo PS, mormente o que foi presidido
pelo em boa hora escorraçado Sócrates.
Tantos e tão valorosos foram os préstimos de Paulo Macedo,
nomeadamente em criar as condições para que a tese de que o povo esteve a viver acima das suas possibilidades –
uma expressão provocatória cujo autor foi o génio
da finança, agora caído em desgraça, Ricardo
Salgado, o chefe da quadrilha Espírito Santo - vingasse, que, quando Passos
Coelho anunciou a formação deste governo de traição PSD/CDS, lá vinha o
personagem indicado como Ministro da Saúde. Claro que tivemos de imediato a
consciência de que a sua tarefa seria a de tratar
da saúde aos trabalhadores e ao povo português.
E tão diligentemente o está a fazer que, seguindo os planos
– e aprofundando-os, até – iniciados no governo de Sócrates, prosseguiu e
exponenciou um ciclo de encerramento de centros de saúde, maternidades,
serviços de urgência, etc., aumentou para o dobro as taxas moderadoras para as
consultas médicas e para os que recorrem às urgências hospitalares e caucionou
um dramático aumento dos custos de transporte em ambulâncias.
Pois é, tal como no passado se gabava dos fabulosos lucros
que ajudou o BCP a ensacar – e que agora os trabalhadores e o povo português
estão a ser obrigados a pagar -, tal como no passado se orgulhava de ter posto
na ordem o serviço de colecta de
impostos, é com grande orgulho que Paulo Macedo vem anunciando que a excelência
da sua gestão à frente do Ministério da Saúde já teria levado a uma redução de
mais de 50% do recurso a consultas médicas e aos serviços de urgência
hospitalar!!!
Isto é, aumenta-se para o dobro o valor das taxas
moderadoras, reduzem-se os actos médicos, quer os decorrentes das consultas
médicas, quer os das urgências e internamentos hospitalares (nos quais se
incluem as intervenções cirúrgicas), despedem-se e atiram-se para a emigração
milhares de enfermeiros, auxiliares e médicos, para se chegar à conclusão de
que, do ponto de vista financeiro, o
resultado líquido não só torna mais exequível o SNS, como permite gerar poupança para o erário público.
Não nos alongando nas consequências que tais medidas
terroristas e fascistas têm na cada vez mais evidente transferência de recursos
públicos – como é o caso da saúde – para o sector privado, cabe-nos denunciar
que esta acção do governo de traição PSD/CDS vai ter um impacto criminoso cujos
efeitos poderemos desde já elencar: maior índice de mortalidade, quebra
dramática da esperança média de vida, baixa abrupta do índice de natalidade,
rápido e progressivo agravamento do envelhecimento da população com as
implicações que tais fenómenos sociais terão nos fundos da segurança social e
na política de prestações sociais que são da responsabilidade do Estado.
E bem pode o seu secretário de estado tentar transferir para
os trabalhadores e para o povo a responsabilidade de preventivamente cuidarem de não ficar doentes! É que já muito
poucos se deixarão enganar por este discurso que visa desresponsabilizar o
estado dos cuidados de prevenção das doenças a que está obrigado – e por isso
cobra o couro e o cabelo em impostos
a quem trabalha - e, mais do que isso, do tratamento das mesmas quando elas
ocorrem.
Pelos vistos, os únicos que ainda se deixarão enganar pelo discurso assertivo e eminentemente técnico de Paulo Macedo, para além do
auto-proclamado pai do SNS - António
Arnaut -, serão os seus colegas de PS – António Seguro e António Costa – que de
momento se engalfinham para capturar a direcção do partido e que, em matéria de
saúde como, no passado recente, em matéria de colecta de impostos, defendem
exactamente o mesmo que o governo de traição nacional PSD/CDS.
Não há, pois, volta a dar! Prevenir a doença, na perspectiva
de quem trabalha e do povo português, passa por remover o vírus que representa este governo de serventuários da tróica
germano-imperialista. E, parafraseando um ex-seleccionador da equipa
nacional de futebol, ou é o povo a matar esse vírus ou é morto por ele!
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