quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Remover cirurgicamente o governo para salvar Serviço Nacional de Saúde!

Volvidos 35 anos da criação do Serviço Nacional de Saúde (SNS), se tivermos de atribuir a paternidade à sua implantação e desenvolvimento, o pai dessa realidade é verdadeiramente o povo português, a classe operária e os trabalhadores, que se empenharam numa luta sem quartel para que tal estrutura, essencial à sua qualidade de vida e à sua dignidade, fosse constituída.

É por isso inaceitável a ideia agora transmitida pelo auto-proclamado pai do SNS de que teria ficado mais tranquilizado quanto ao futuro deste precioso activo, depois de ouvir as recentes declarações daquele que é considerado o coveiro de serviço ao seu enterro, enterro e morte há muito proclamadas pela tróica germano-imperialista.

A inteligência criminosa do actual ministro da saúde, Paulo Macedo, começou a revelar-se aquando da sua passagem pelo BCP/Millenium onde, como gestor, foi co-responsável pela criminosa política de casino especulativo em que aquela entidade bancária privada se envolveu, mormente a arriscada e desastrosa compra de dívida pública de outros países e a adesão a fundos de alto risco que estiveram na base do estrondoso rebentamento da famigerada bolha imobiliária.

Como a burguesia valoriza quem ostenta esta criminosa inteligência que consegue justificar a razão pela qual vícios privados têm de ser pagos com dinheiros públicos, isto é, à custa do aumento de impostos, logo vislumbrou em Paulo Macedo, um excelente director geral das Finanças – leia-se, para optimizar o assalto, via impostos, a quem trabalha.

E, como em matéria de defender os interesses da burguesia, tanto faz que seja o PS, como o PSD a fazê-lo, eis Paulo Macedo – naquilo que se pode considerar a expressão de uma verdadeiro entendimento entre os partidos que compõem o bloco central – a aceitar tais funções no quadro de um governo PS, mormente o que foi presidido pelo em boa hora escorraçado Sócrates.

Tantos e tão valorosos foram os préstimos de Paulo Macedo, nomeadamente em criar as condições para que a tese de que o povo esteve a viver acima das suas possibilidades – uma expressão provocatória cujo autor foi o génio da finança, agora caído em desgraça, Ricardo Salgado, o chefe da quadrilha Espírito Santo - vingasse, que, quando Passos Coelho anunciou a formação deste governo de traição PSD/CDS, lá vinha o personagem indicado como Ministro da Saúde. Claro que tivemos de imediato a consciência de que a sua tarefa seria a de tratar da saúde aos trabalhadores e ao povo português.

E tão diligentemente o está a fazer que, seguindo os planos – e aprofundando-os, até – iniciados no governo de Sócrates, prosseguiu e exponenciou um ciclo de encerramento de centros de saúde, maternidades, serviços de urgência, etc., aumentou para o dobro as taxas moderadoras para as consultas médicas e para os que recorrem às urgências hospitalares e caucionou um dramático aumento dos custos de transporte em ambulâncias.

Pois é, tal como no passado se gabava dos fabulosos lucros que ajudou o BCP a ensacar – e que agora os trabalhadores e o povo português estão a ser obrigados a pagar -, tal como no passado se orgulhava de ter posto na ordem o serviço de colecta de impostos, é com grande orgulho que Paulo Macedo vem anunciando que a excelência da sua gestão à frente do Ministério da Saúde já teria levado a uma redução de mais de 50% do recurso a consultas médicas e aos serviços de urgência hospitalar!!!

Isto é, aumenta-se para o dobro o valor das taxas moderadoras, reduzem-se os actos médicos, quer os decorrentes das consultas médicas, quer os das urgências e internamentos hospitalares (nos quais se incluem as intervenções cirúrgicas), despedem-se e atiram-se para a emigração milhares de enfermeiros, auxiliares e médicos, para se chegar à conclusão de que, do ponto de vista financeiro, o resultado líquido não só torna mais exequível o SNS, como permite gerar poupança para o erário público.

Não nos alongando nas consequências que tais medidas terroristas e fascistas têm na cada vez mais evidente transferência de recursos públicos – como é o caso da saúde – para o sector privado, cabe-nos denunciar que esta acção do governo de traição PSD/CDS vai ter um impacto criminoso cujos efeitos poderemos desde já elencar: maior índice de mortalidade, quebra dramática da esperança média de vida, baixa abrupta do índice de natalidade, rápido e progressivo agravamento do envelhecimento da população com as implicações que tais fenómenos sociais terão nos fundos da segurança social e na política de prestações sociais que são da responsabilidade do Estado.

E bem pode o seu secretário de estado tentar transferir para os trabalhadores e para o povo a responsabilidade de preventivamente cuidarem de não ficar doentes! É que já muito poucos se deixarão enganar por este discurso que visa desresponsabilizar o estado dos cuidados de prevenção das doenças a que está obrigado – e por isso cobra o couro e o cabelo em impostos a quem trabalha - e, mais do que isso, do tratamento das mesmas quando elas ocorrem.

Pelos vistos, os únicos que ainda se deixarão enganar pelo discurso assertivo e eminentemente técnico de Paulo Macedo, para além do auto-proclamado pai do SNS - António Arnaut -, serão os seus colegas de PS – António Seguro e António Costa – que de momento se engalfinham para capturar a direcção do partido e que, em matéria de saúde como, no passado recente, em matéria de colecta de impostos, defendem exactamente o mesmo que o governo de traição nacional PSD/CDS.


Não há, pois, volta a dar! Prevenir a doença, na perspectiva de quem trabalha e do povo português, passa por remover o vírus que representa este governo de serventuários da tróica germano-imperialista. E, parafraseando um ex-seleccionador da equipa nacional de futebol, ou é o povo a matar esse vírus ou é morto por ele!

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