Na passada 5ª
feira e após ter analisado o relatório apresentado pela Parpública e pela Águas de
Portugal, bem como o parecer da comissão
especial de acompanhamento, o Conselho de Ministros deste governo de traição
nacional concluiu que, dos três candidatos a concurso o que deveria ser
seleccionado era o consórcio SUMA,
uma empresa ligada ao Grupo Mota-Engil.
Num filme que
o povo português já foi obrigado a visionar várias vezes, com todas as
consequências que daí têm advindo para a sua bolsa, não nos podemos esquecer
dos negócios que as PPP’s nas auto-estradas e pontes proporcionaram a esta
empresa que beneficiou dos jogos de influência e poder de Jorge Coelho que,
mesmo tendo sido Ministro da pasta que tutelava estas infra-estruturas no
governo de António Guterres, aceitou o cargo de administrador e, enfim, tutor,
da dita empresa.
O consórcio
vencedor fica, assim, a deter 95% do capital social da EGF, a Empresa Geral de Fomento que é responsável pela recolha,
transporte, tratamento e valorização
de resíduos urbanos, através de 11 empresas de norte a sul do país que contam
entre os seus accionistas com a empresa estatal Águas de Portugal (51%) e os municípios (49%)!
Tudo isto
apesar de esta alienação de capital ter sido fortemente contestada pela
esmagadora maioria dos municípios do país, sendo que dos 174 abrangidos pelo
sistema, apenas 12 aceitaram vender as suas acções, tendo levado à apresentação
de inúmeras providências cautelares no sentido de travar esta decisão.
Já num artigo
publicado em 31 de Janeiro passado se denunciava quer a natureza deste negócio
ruinoso e contrário aos interesses do povo português, quer o alcance do mesmo
que, quanto a nós, visa um activo com muito maior valor, um bem público que faz
salivar de ganância os grandes grupos, isto é…a ÁGUA!
Denunciámos
então que o governo presidido pelos serventuários Coelho e Portas, tutelados
por Cavaco, tinha manifestado no final de Janeiro do corrente ano um inusitado interesse em proceder à privatização da EGF, a empresa que gere o lixo de mais de dois terços da população
do país, mais precisamente de 174 concelhos.
Anunciando
que o objectivo é alocar ao abate da dívida da Águas
de Portugal – a empresa mãe – o valor que obtiver desta operação de
privatização, o que o governo está de facto a preparar é a criação de um
precedente para a privatização de um importante activo público como é a água.
Basta atentar
nas empresas que concorreram para além da SUMA
(Grupo Mota-Engil). O grupo espanhol FCC
– Fomento de Construcciones y Contratas, que ficou em segundo lugar, o
grupo de capital português DST, que
ficou em terceiro, bem como do grupo belga Indaver
que, apesar de ter sido excluído demonstrou o seu interesse nesta operação.
E, claro
está, com a arrogância fascista e terrorista que tem caracterizado a sua acção,
o governo está a tentar atrair para esta armadilha da venda de activos públicos
que, tudo indica, serão a antecâmara da privatização das Águas de
Portugal, vários municípios detentores de participações na EGF,
sobretudo os de menor dimensão, com a ilusão de que tal negócio lhes permitiria
obter a liquidez necessária para fazer face ao seu endividamento.
Estamos em
crer, aliás, que esgotada a estratégia
da aceitação voluntária deste modelo,
porque os municípios já renovaram a sua disposição de a ele não aderir, se
seguirá a estratégia da chantagem, senão mesmo – já que este é um governo
altamente especializado e reincidente em governar contra a constituição – a da
imposição pura e dura, apesar de ilegal!
Se é certo
que vários municípios já interpuseram providências cautelares para que tal
privatização não seja possível de realizar, não deixa de ser sintomático de uma
política de venda a retalho do país e de privatização de tudo o que seja activo
e empresa pública estratégica para definir qualquer plano de desenvolvimento
económico independente para o país, este súbito interesse em
se privatizar uma das holdings da Águas de
Portugal.
Não tendo
sido certamente o valor oferecido pela
SUMA – 149,9 milhões de euros por 100% das acções da EGF - , nem o volume de
negócios que esta gera – cerca de 157 milhões – o que atraiu
os supracitados grupos económicos, entre os quais a Mota-Engil, só pode ser
enquadrado no típico caso do gato escondido com o rabo de fora.
Compete ao
povo português exigir às organizações sindicais, políticas ou de cidadania nas
quais se sintam representados, que manifestem desde já aos executivos
camarários que elegeram o seu repúdio por esta esta privatização, levando a
cabo uma luta sem quartel para que o negócio seja revogado.
Tendo
consciência, no entanto, de que só o derrube deste governo de traição nacional
e a constituição de um governo de unidade democrática e patriótica assegurará
que activos públicos fundamentais como a água não sejam privatizados e outros
activos entretanto vendidos a grandes corporações, nacionais
ou estrangeiras – como foi o caso da electricidade e da rede
eléctrica –, voltem a ser nacionalizados.
Sem comentários:
Enviar um comentário