sábado, 4 de outubro de 2014

Lisboa entregue a abutres, servidos por gente estúpida e sem escrúpulos!

No preciso momento em que estas linhas estão a ser escritas, mais de 4 dezenas de projectos imobiliários hoteleiros se iniciaram ou estão em fase de acabamento em plena baixa pombalina lisboeta.
Se, mercê de 4 décadas de executivos camarários liderados, à vez, a sós e coligados, por TODOS os partidos do arco parlamentar – nos quais pontificaram PS, PSD e CDS – mais de metade da população foi expulsa da capital, registando hoje Lisboa os índices demográficos de 1931, desta nova febre do ouro que resulta do negócio do turismo, mais umas dezenas de milhar de munícipes verão acelerado o já iminente processo da sua expulsão.

Respaldado em afirmações tão imbecis como criminosas produzidas por Manuel Salgado, que justifica o facto de os hotéis estarem a germinar no centro de Lisboa, porque o capital flui para onde identifica oportunidades de negócio, agora se começa a perceber a gigantesca fraude retórica de António Costa e do seu executivo imperial, quando fingia combater a nova Lei das Rendas, desenhada por Assunção Cristas e imposta pelo governo de traição nacional PSD/CDS que integra.
Sem a imposição do articulado fascista constante de tal lei não teria sido possível efectuar, ao preço da uva mijona, centenas de despejos e chegado a dezenas de acordos de indemnização que estão a levar a baixa lisboeta a uma autêntica desertificação de moradores e comerciantes tradicionais, ao mesmo tempo que a tríade mafiosa de PS, PSD e CDS/PP exulta com a cadeia de valor que ajudou a criar.

Com aquele ar seráfico e imbecil que caracteriza os vendidos, Manuel Salgado, delfim do imperador António Costa, exibe com grande agrado e satisfação a sua confiança de que a progressão do negócio do turismo não é uma fatalidade mais, mas sim do mais puro ouro para uma cidade que teve à frente do seu executivo camarário, ao longo das últimas 4 décadas partidos como o seu que levaram à destruição da indústria e à quebra de mais de 50% do seu PIB.

Executivos que, por virtude dessa destruição, impuseram à capital um modelo de gestão assente na especulação imobiliária, no turismo, na caça às multas, transformando a cidade num enorme parque de estacionamento, capturada pela invasão automóvel e assente numa migração massiva da sua população para a periferia, a par de um criminoso abandono, desleixo e destruição, quer de edifícios, quer de jardins e árvores.

E o que acontecerá quando o tal capital que Salgado diz não investir sem ter feito as suas contas, concluir que os turistas deixam de se interessar por uma cidade na qual só poderão conviver entre eles, pois os seus cidadãos foram obrigados a migrar por causa deles e da oportunidade de negócio criada para eles e por eles?

Como a ganância do lucro é a única alma que reconhecem e amam, os detentores do capital farão o que sempre fizeram: mastigar, deglutir tudo o que puderem e cuspir o que considerarem já não lhes servir para nada. Entretanto, toda uma população de residentes e comerciantes foi expulsa do centro da cidade.

Mas, não só! É já um clássico comportamento dos mercados, em sociedades dominadas pelo sistema capitalista que, onde o turismo exponencia, exponenciam os preços, pois a procura aumenta e a oferta exulta, pois pode assim obter lucros acrescidos. A acompanhar este fenómeno, no entanto, teremos trabalhadores a quem são pagos salários de miséria para estarem dispostos a cumprir cargas horárias que se compaginam com os tempos da escravatura e os cidadãos de Lisboa em geral a sofrerem o aumento brutal de bens e serviços cujos preços passarão a alinhar pelo poder de compra dos turistas abastados que passam a visitar a cidade aos magotes.

Agora que se candidatou à liderança do PS e, até, a primeiro ministro, melhor podemos compreender porque é que António Costa, no seu passeio pelas primárias do seu partido, não quis discutir uma linha que fosse sobre qual o programa que defende para o país, uma medida que fosse a favor dos interesses do povo e de quem trabalha, uma medida que fosse que assegure a independência e soberania de Portugal.

Porque, no essencial, o seu programa é o de toda a direita e a única diferença é que o seu desejo é o de a liderar e não o de ser secundarizado.

 A Lei das Rendas, tal como a Lei que, ainda no âmbito do governo de Sócrates foi apresentada, discutida e aprovada pelo PS no parlamento para beneficiar amplamente os Fundos Imobiliários e entregar ainda mais Lisboa à especulação imobiliária e ao patobravismo.

A visão e o modelo de gestão assente na eficácia que esteve por detrás da extinção da EPUL, do projecto de ampliação do Hospital da Luz que levará à destruição do mais moderno e bem apetrechado Quartel de Bombeiros da capital, da venda de terrenos no Aeroporto de Lisboa a preços de saldo, etc., são paradigmáticos de que, bem pode Costa e os seus apaniguados vestirem a pele de cordeiro que os seus intentos serão, tal como os de Coelho, Portas e Cavaco, de lobos sedentos em sugar o sangue dos trabalhadores e do povo. 

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