quarta-feira, 22 de outubro de 2014

OE 2015 confirma que o fim da condição de protectorado é uma fábula!

À medida que numa estratégia de conta gotas que serve para baralhar a consciência do povo e escamotear que mais crimes de genocídio fiscal vão ser cometidos em 2015 se vão conhecendo mais detalhes sobre a Lei do Orçamento de Estado para o próximo ano, esta evidencia, se é que tal era necessário, que os argumentos dos partidos que sustentam, no parlamento, o governo de traição nacional PSD/CDS, de que este seria o primeiro dos orçamentos do período pós-troica, o tal que mereceu um pomposo relógio atómico a anunciar os dias, horas, minutos e segundos que faltariam para Portugal retomar a sua soberania nacional e sair da sua condição de protectorado, são uma perfeita falácia!

Para sustentar tamanha mentira e falácia, revelam indicadores de crescimento e diminuição das taxas de desemprego, sustentabilidade e execução orçamental de uma dimensão homérica que em nada se compaginam com a realidade sofrida, no dia a dia, pelo povo e por quem trabalha.

Nada de mais falacioso. Não é a dívida, nem a chantagem que através dela a tróica germano-imperialista exerce sobre Portugal, lançando para a miséria, o desemprego e a emigração maciça os trabalhadores e o povo português, a única condicionante à soberania nacional.

A dívida é, tão só, uma das consequências de um programa político, ideológico e económico sagazmente levado a cabo, ao longo das últimas décadas pelo imperialismo germânico, consistente em contar com um certo sector da burguesia compradora parasitária em Portugal e noutros países, para destruir os tecidos produtivos dos mesmos e aceitar as condições que mais interessam à Alemanha para a existência de uma moeda que mais não é do que o marco travestido: o euro!

A dívida e o défice são, sobretudo, decorrências do facto de a nossa actividade produtiva industrial ter sido praticamente erradicada e Portugal ter hoje de importar mais de 80% daquilo que necessita para garantir a subsistência do povo e gerar economia.

É por isso que, a par dos faraónicos e agiotas juros que são cobrados pela tróica germano-imperialista – juros que engordam os cofres dos grandes grupos financeiros e bancários internacionais, sobretudo alemães -, a dívida é IMPAGÁVEL!

E, mesmo que fosse possível aliviar ou aligeirar a dívida ou, no extremo, pagá-la, a condição de colónia ou protectorado a que Portugal foi remetido pela acção de PS, PSD e CDS, subsistiria.
Isto porque os sucessivos tratados que os partidos do chamado arco governamental foram caninamente subscrevendo, entre os quais o Tratado de Lisboa, implicam:

·         Inscrição na constituição do país de uma limitação ao montante do défice e da dívida pública o que, na prática, significa que o orçamento de estado passa a ser escrito e ditado pelo directório europeu – um organismo sob total influência e ao serviço do imperialismo germânico -, ficando o governo de serventuários em cada país, incluindo Portugal, encarregue, apenas e tão só, de o executar;

·         Imposição de quotas para toda a sorte de produções agro-pecuárias e nas pescas, que levaram à destruição da frota pesqueira, ao abandono dos campos e à destruição maciça de produções de leite e de carne, assim como de frutas e leguminosas – estas com imposição de calibragens absolutamente ridículas - entre muitas outras;

·         Imposição de um posicionamento na divisão internacional do trabalho que remete Portugal para país periférico, com uma indústria de baixíssima produtividade e um crescente sector terciário, com um fraco índice de produtividade, depois de se ter liquidado a indústria siderúrgica, os sectores da metalurgia e metalomecânica, o sector mineiro, que alimentavam e sustentavam uma forte indústria, mormente de reparação naval e material ferroviário circulante e de se ter criminosamente abandonado o projecto de construção de uma linha ferroviária em bitola europeia que, conjugado com a renovação e reapetrechamento dos portos, possibilitasse a Portugal sair da condição de país periférico e constituir-se como a porta de entrada e de saída do essencial das mercadorias e até passageiros, de e para a Europa;

·         Perda da autonomia cambial que melhor sirva os interesses de cada país. Enquanto a uns, com superavits industriais e financeiros, como é o caso da Alemanha, interessa um euro forte, a outros, como é o caso de Portugal, interessaria possuir moeda própria sobre a qual tivesse capacidade e autonomia para exercer uma política de desvalorização ou valorização, consoante as suas necessidades e interesses;

·         Perdida a autonomia orçamental e a independência cambial, a política fiscal fica prisioneira do programa de pagamento da dívida que melhor convém aos interesses dos grandes grupos financeiros e bancários, cujos interesses são representados e defendidos pela tróica germano-imperialista, levando a um aumento exponencial, quer dos impostos sobre o trabalho, quer sobre bens e serviços essenciais.

·         Isto, é óbvio, acompanhado de um criminoso programa de liquidação e venda, a preços de saldo, de activos e empresas públicas essenciais para se desenhar uma política financeira e económica independente e soberana.


Conscientes de que a imposição deste OE significará o aprofundar e alargar do genocídio fiscal que os orçamentos anteriores representaram e exponenciará ainda mais a condição de protectorado a que sujeitaram Portugal, assistimos a uma surreal pressão exercida quer por Coelho e Portas, quer através de vários oradores do governo ou das bancadas do PSD e do CDS, sobre os seus cúmplices na assinatura do memorando com a tróica germano-imperialista, no sentido de ter a adesão do PS e seu putativo líder António Costa à aceitação do famigerado guião da reforma de estado.

E, se é certo que Costa replica a célebre tese de fazer uma oposição violenta a Coelho e Portas, tão cara ao deposto Seguro,os indicadores de que replicará as mesmas políticas que o actual executivo impõe se chegar ao poder são mais do que muitos. Basta assinalar que durante a campanha eleitoral para umas bizarras eleições primárias, como candidato a qualquer coisa que não existe do ponto de vista jurídico e constitucional – que é a de ser candidato a 1º ministro -, nem uma palavra ter dispensado sobre o que faria quanto à dívida e ao défice e qual seria a sua posição quanto à permanência no euro ou se, pelo menos, admitiria um debate aberto, livre e democrático e um referendo sobre um assunto de capital importância para o povo, para quem trabalha e para a soberania nacional.


Bem podem Costa e os seus pares anunciar, como fez Hollande e outros pseudo socialistas por essa Europa fora, que são contra a austeridade e pelo crescimento. O facto é que nem uma palavra foi produzida para denunciar que, apesar  das sucessivas afirmações que Coelho e Portas, e o seu tutor Cavaco, vêm produzindo,  este OE não só não tirará Portugal da sua condição de protectorado, como ainda a agravará.


Pudera! Nesta matéria o PS é tão responsável como o PSD e o CDS pelo facto de ter subscrito um Memorando que apenas confirmou que a soberania perdida desde que se impôs a adesão de Portugal à CEE (hoje União Europeia) está agora institucionalizada e que, para que seja recuperada o povo e quem trabalha, os democratas e patriotas, terão de derrubar este governo de serventuários e impôr um governo de unidade democrática e patriótica que imponha a saída de Portugal do euro e o não pagamento de uma dívida que não foi contraída pelo povo, nem o povo dela retirou qualquer benefício.

Sem comentários:

Enviar um comentário