Não basta sair do
euro, é fundamental afirmar a consigna NÃO PAGAMOS!
Que o povo e os trabalhadores portugueses já nada podem esperar de PS, PSD
e CDS que, empenhados em executar o memorando que a tróica representativa dos
interesses do imperialismo germânico, nada mais têm para oferecer do que o
roubo sistemático do trabalho e dos salários, é uma redundância. Mas, dos
flic-flacs programáticos e estratégicos do professor
Louçã e restante oposição da esquerda parlamentar, também não!
Um autêntico camaleão da política! Um oportunista sem emenda! Lembrar-se-ão
certamente de que o personagem em questão defendia até há bem pouco tempo que a
saída do euro seria desastrosa para os interesses do povo e de quem trabalha,
apodando quem defendesse o contrário de irresponsável! Pois bem, numa recente
publicação, em parceria com o economista João Ferreira do Amaral, e sob o título A Solução Novo Escudo, vem aparentemente
defender o que há muito era uma evidência para o PCTP/MRPP – a saída de
Portugal do euro, uma moeda forte para uma economia débil.
Uma moeda que, sendo o marco travestido, significa um instrumento através
do qual o imperialismo germânico submete e coloniza todos os países
económicamente mais fracos da Europa, assegurando que, quer através do negócio
da dívida, quer através da florescente indústria alemã, se torna na potência
dominante na Europa e uma voz com que as outras potências mundiais terão de
contar na distribuição do saque mundial que prosseguem e a que chamam
pomposamente globalização.
Acontece, porém, que uma vez cretino e oportunista… para sempre cretino e
oportunista! Defendendo, aparentemente, a saída de Portugal do euro, o
personagem em questão esquece-se de
referir que, para que essa saída fosse consequente, para que o povo e os
trabalhadores tivessem controlo sobre a mesma, e os efeitos que ela provocaria
não se voltassem contra os seus interesses de classe, teria de ser acompanhada
de outra medida – o NÃO PAGAMENTO de uma dívida que é ilegítima, ilegal e,
ademais, odiosa! O que teria de ser acompanhado da liminar rejeição de todos os
tratados que impuseram a perda de soberania política, fiscal, orçamental,
económica e cambial de Portugal!
Mas, vamos aos factos que Louçã tenta escamotear. Anunciado que foi o milagre
económico, transferida que foi grande parte da dívida para 2017 e 2018
– o que acrescentará muitos mais milhares de milhão de euros à dita -, alcançado que foi um acordo de
traição entre Seguro, a actual direcção do PS – e que, a avaliar pela
intervenção de Costa no 1º debate televisivo entre os dois concorrentes do PS a
primeiro-ministro (uma figura que só na cabeça destes parias da política
poderia existir) este prosseguirá se vier a ganhar as eleições primárias no seu partido -, e o governo de serventuários da tróica
germano-imperialista sobre as novas taxas de IRC (que facilitarão, ainda mais,
a acumulação capitalista), para os que
ainda têm dúvidas sobre como o negócio da dívida enche os bolsos
aos accionistas dos grandes grupos financeiros e bancários, particularmente os
alemães (pois são eles que predominam na composição social do Banco Central Europeu, vulgo BCE), uma explicação de merceeiro impõe-se, para que não mais
nos tentem enganar:
1. Num primeiro momento, como, segundo o Tratado de Lisboa, os estados membros
da União Europeia não se podem financiar directamente no BCE, beneficiando de taxas de juro a 0,5 ou
1% praticadas pelo banco central europeu – taxas que, actualmente, se situam
quase nos 0% (isto é, 0,05%!) -, esse privilégio
só pode ser accionado pela banca privada que, depois, revende o capital obtido através desses empréstimos aos estados, a empresas e a particulares a taxas de
juro que, no primeiro caso se situam entre os 5 e os 6%, isto é, obtendo margens de 500, 600% e mais!
2. Como o capital não conta porque se uma entidade contrai um empréstimo pelo montante de 100 e, num
determinado prazo, sem riscos, o paga na íntegra, o que de facto é negócio são
os juros e não o capital, já que 100 – 100 = 0! temos, assim, que se a entidade paga sobre
100, qualquer coisa como 0,5 ou 1 de juros e depois obtém 5 ou 6 em
juros cobrados, a margem de negócio é efectivamente de 500 a 600%!
3. Não satisfeita com
esta mordomia, a banca privada que, quando os lucros abundavam, em vez de os
utilizar para se recapitalizar, os distribuiu generosamente entre os seus
accionistas, vem, junto dos poderes que representam os seus interesses dizer:
3.1 Que esses governos têm de salvar
o sistema bancário do colapso financeiro, criando a ideia de que quem tem
de pagar as dívidas que a banca contraiu, tem de ser o povo que não as
contraiu, nem delas retirou qualquer benefício, e não a própria banca, cujas
políticas de gestão – privada -, mormente as actividades especulativas, a
aposta em fundos de alto risco (entre os quais se inclui a ganância que
suscitaram as dívidas soberanas de
países como a Grécia e não só), etc., é que foram responsáveis pela situação actual.
Ou seja, a teoria de que estivemos a
viver acima das nossas possibilidades é totalmente invertida, passando o
prevaricador a vítima! O recente caso
BES/GES é disto um exemplo paradigmático!
3.2 Depois, respaldando-se atrás do incumprimento
dos estados em pagar os empréstimos
que subvencionaram (recorde-se que obtendo o capital a emprestar a 0,5 e 1% no
BCE, para o vender aos estados a 5 e 6%) vêm exigir que estes estados, entre os
quais Portugal, caucionem, fazendo,
na prática, o povo atravessar-se, em
novos empréstimos que suscitem a
recapitalização desses bancos e, defendem, assegurem que essa banca possa
voltar a emprestar dinheiro aos
estados (novamente a ganhar margens de lucro de 500 e 600%!) e a reanimar
a economia, quer através do financiamento das empresas, quer do financiamento
ao consumo e a particulares;
3.3 Novos empréstimos que suscitam
mais dívida e o perpetuar da dependência do nosso país ao exterior, visto que,
tendo destruído o seu tecido produtivo somos hoje forçados a importar
mais de 80% daquilo que necessitamos para alimentar o povo e gerar economia, ao
mesmo tempo que constituem um excelente negócio para a banca que, quanto mais emprestar ao estado – que lança toda a
sorte de medidas terroristas e fascistas para que seja o povo a pagar essa dívida-, mais lucros embolsa para os
seus accionistas.
É por isso que os Salgados e Ulrichs desta banca parasita se podem depois
vir arrogar e provocatoriamente afirmar que até estão dispostos a antecipar o pagamento dos empréstimos caucionados pelo estado. É
que, os lucros que entretanto obtiveram, pagos pelo povo português, que em nada
beneficiou desses empréstimos, têm
sido o negócio que tem garantido a acumulação capitalista que o sector da especulação
imobiliária, pelo menos temporariamente, deixou de proporcionar. É por isso que
o banqueiro Ulrich tem a arrogante presunção de, ao mesmo tempo que passa
a ideia de que a antecipação de
tais pagamentos se deve à excelência
de gestão do banco a que preside, dizer que o povo português pode aguentar mais
destes dislates e exploração.
É por isso que Passos Coelho, como bom lacaio
da tróica germano-imperialista que é, pode afirmar do alto da sua imbecil
arrogância que a política que prossegue a mando daquele directório já começa a
dar frutos! Pudera, esquece-se é de mencionar que os ditos frutos apenas são
doces e alimentam e engordam os grandes grupos financeiros,
bancários e industriais, enquanto se tornam extremamente amargos e intragáveis
para o povo e quem trabalha! Daí a emergência de derrubar este governo de
serventuários!
Daí a emergência de uma ampla frente democrática e patriótica para
constituir um governo cujas primeiras medidas seriam a suspensão imediata
do pagamento da dívida (e do serviço da dívida), a nacionalização de todos os
sectores e activos estratégicos para uma economia que se deseja independente e
ao serviço do povo, a intervenção – militar se necessária – na banca, a
preparação emergente para a saída de Portugal do euro e a recuperação do tecido
produtivo nacional, destruído pelos sucessivos acordos e tratados de traição
que PS, PSD, com o CDS a reboque, firmaram com a União Europeia e a sua
Comissão que mais não representa do que os interesses da potência germânica e dos
seus grupos financeiros e bancários.
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