A 7 de Março de 1920
era publicado no suplemento do jornal comunista PRAVDA (A Verdade), mais tarde
editado nas Obras Completas, Volume XXV, páginas 63-64, o texto de Lenine a
propósito do Dia Internacional da Mulher cuja leitura recomendo vivamente neste
dia em que a burguesia tenta transformar o dia 8 de Março em mais uma operação
de marketing, esvaziando de conteúdo a história da luta das mulheres e
transformando um dia de memória da sua luta sangrenta, dura e prolongada pela
igualdade, num dia de consumismo e lamechismo.
O capitalismo alia à igualdade puramente formal a desigualdade económica e,
portanto, social. Essa é uma de suas características fundamentais, hipocritamente dissimuladas pelos
defensores da burguesia, pelos liberais e não compreendida pelos democratas pequeno-burgueses. Dessa
característica do capitalismo decorre, entre outras coisas, a necessidade, na
luta decidida pela igualdade económica, de reconhecer abertamente a desigualdade
capitalista e, mesmo em certas condições, de colocar esse reconhecimento explícito
da desigualdade na base do Estado proletário.
Mas, mesmo no que se refere à
igualdade formal (igualdade diante da lei, a «igualdade» entre o bem nutrido e
o esfaimado, entre o possuidor e o espoliado), o capitalismo não pode dar
prova de coerência. E uma das manifestações mais eloquentes da sua incoerência,
é a desigualdade entre o homem e a mulher.
Nenhum Estado burguês, por
mais progressista republicano e democrático que seja, concedeu completa
igualdade de direitos ao homem e à mulher.
Ao contrário, a República da
Rússia Soviética varreu para sempre, de um só golpe, sem excepção, todos
os resquícios das leis que colocavam os dois sexos em condições desiguais e
garantiu imediatamente à mulher a igualdade jurídica mais completa.
Já se disse que o índice mais
importante do progresso de um povo é a situação jurídica da mulher.
Existe nessa fórmula um grão de profunda verdade. Desse ponto de vista, apenas
a ditadura do proletariado, apenas o Estado socialista, podia alcançar e
alcançou o grau mais avançado do progresso.
Por isso o novo impulso, de
força sem precedentes, do movimento operário feminino está ligado à criação (e
à consolidação) da primeira república dos sovietes e, ao mesmo tempo, da
Internacional Comunista.
Aqueles a quem o capitalismo
oprimia de modo directo ou indirecto, total ou parcial, o regime dos sovietes — e
apenas este regime — assegura a democracia. As condições da classe operária e
dos camponeses mais pobres comprovam-no claramente. Comprovam-no claramente as
condições da mulher.
Mas a regime dos sovietes é o
instrumento da luta final, decisiva, pela abolição das classes, pela
igualdade económica e social. Não nos basta democracia, mesmo a
democracia para os oprimidos pelo capitalismo, nestes se incluindo o sexo
oprimido.
O movimento operário feminino
propõe-se como tarefa principal a luta por conquistar para a mulher a igualdade
económica e social e não apenas igualdade formal. Fazer a mulher participar do
trabalho social produtivo, arrancá-la da «escravidão doméstica», libertá-la do
jugo degradante e humilhante, eterno e exclusivo do ambiente da cozinha e do
quarto dos filhos: eis a principal tarefa.
Será uma luta prolongada porque
exige a transformação radical da técnica social e dos costumes. Mas terminará
com a vitória completa do comunismo.
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