domingo, 8 de março de 2015

O Dia Internacional da Mulher

A 7 de Março de 1920 era publicado no suplemento do jornal comunista PRAVDA (A Verdade), mais tarde editado nas Obras Completas, Volume XXV, páginas 63-64, o texto de Lenine a propósito do Dia Internacional da Mulher cuja leitura recomendo vivamente neste dia em que a burguesia tenta transformar o dia 8 de Março em mais uma operação de marketing, esvaziando de conteúdo a história da luta das mulheres e transformando um dia de memória da sua luta sangrenta, dura e prolongada pela igualdade, num dia de consumismo  e lamechismo.

O capitalismo alia à igualdade puramente formal a desigualdade económica e, portanto, social. Essa é uma de suas características fundamentais, hipocritamente dissimuladas pelos defensores da burguesia, pelos liberais e não compreendida pelos democratas pequeno-burgueses. Dessa característica do capitalismo decorre, entre outras coisas, a necessidade, na luta decidida pela igualdade económica, de reconhecer abertamente a desigualdade capitalista e, mesmo em certas condições, de colocar esse reconhecimento explícito da desigualdade na base do Estado proletário.

Mas, mesmo no que se refere à igualdade formal (igualdade diante da lei, a «igualdade» entre o bem nutrido e o esfaimado, entre o possuidor e o espoliado), o capitalismo não pode dar prova de coerência. E uma das manifestações mais eloquentes da sua incoerência, é a desigualdade entre o homem e a mulher.

Nenhum Estado burguês, por mais progressista republicano e democrático que seja, concedeu completa igualdade de direitos ao homem e à mulher.

Ao contrário, a República da Rússia Soviética varreu para sempre, de um só golpe, sem excepção, todos os resquícios das leis que colocavam os dois sexos em condições desiguais e garantiu imediatamente à mulher a igualdade jurídica mais completa.

Já se disse que o índice mais importante do progresso de um povo é a situação jurídica da mulher. Existe nessa fórmula um grão de profunda verdade. Desse ponto de vista, apenas a ditadura do proletariado, apenas o Estado socialista, podia alcançar e alcançou o grau mais avançado do progresso.

Por isso o novo impulso, de força sem precedentes, do movimento operário feminino está ligado à criação (e à consolidação) da primeira república dos sovietes e, ao mesmo tempo, da Internacional Comunista.

Aqueles a quem o capitalismo oprimia de modo directo ou indirecto, total ou parcial, o regime dos sovietes — e apenas este regime — assegura a democracia. As condições da classe operária e dos camponeses mais pobres comprovam-no claramente. Comprovam-no claramente as condições da mulher.

Mas a regime dos sovietes é o instrumento da luta final, decisiva, pela abolição das classes, pela igualdade económica e social. Não nos basta democracia, mesmo a democracia para os oprimidos pelo capitalismo, nestes se incluindo o sexo oprimido.

O movimento operário feminino propõe-se como tarefa principal a luta por conquistar para a mulher a igualdade económica e social e não apenas igualdade formal. Fazer a mulher participar do trabalho social produtivo, arrancá-la da «escravidão doméstica», libertá-la do jugo degradante e humilhante, eterno e exclusivo do ambiente da cozinha e do quarto dos filhos: eis a principal tarefa.

Será uma luta prolongada porque exige a transformação radical da técnica social e dos costumes. Mas terminará com a vitória completa do comunismo.




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