domingo, 5 de abril de 2015

Um iceberg chamado desemprego

Um dos parâmetros mais exaustivamente explorado por este governo de traição nacional para demonstrar que a sua política vende pátrias tem levado a um autêntico milagre económico e que, portanto, os sacrifícios que exigiu ao povo português estão a ser recompensados é o do desemprego.

Até há bem pouco tempo,  Cavaco, Passos e Portas, em território nacional, ou em viagem de promoção de Portugal como país de salários baixos e leis do trabalho flexíveis, enalteciam as sucessivas reduções dos níveis de desemprego, isto apesar de, hipocritamente, referirem sempre que, apesar das boas notícias, tinham consciência de que muito mais haveria para fazer para contrariar os efeitos desse autêntico anátema.

A realidade pode tardar, mas sobrevalece sempre sobre a mistificação e a mentira. Já em Maio de 2012, confrontados com os números então divulgados pelo Eurostat sobre o agravamento do desemprego em Portugal, Cavaco, Passos e Portas expressavam a sua surpresa por algo de tão inesperado!

Na altura, o em boa hora corrido Miguel Relvas chegou a afirmar, de forma absolutamente provocatória, que o desemprego era algo que lhe tirava, e ao governo que integrava, o sono, escamoteando o facto de, como revelavam os números do Eurostat libertados em 2012, 15,3% da nossa população activa estar então no desemprego, o que, por si só, fazia de Portugal o 3º país da União Europeia com a mais elevada taxa de desemprego, somente ultrapassada pela Espanha (24,1%) e pela Grécia (21,7%).

Isto mesmo tendo em conta que tais números não eram realistas, porque não contemplavam os designados inactivos disponíveis e os inactivos desencorajados que, se fossem considerados nessa estatística, fariam com que essa taxa ultrapassasse os 23% e que o número de desempregados se cifrasse nos cerca de 1,3 milhões.

Pois bem, a máscara da mentira e da hipocrisia, uma vez mais, caiu a esta canalha de traidores ao serviço do imperialismo germânico e sua tróica. Para além das exportações a cair, da dívida a aumentar e do deficit a crescer, a emigração e o desemprego não param de aumentar.

Segundo o último relatório do Observatório sobre Crises e Alternativas, estima-se que o desemprego real se situará em 2014 nos 29% da população activa revelando, uma vez mais,  uma situação muito mais grave do que a estimada pelo Instituto de Estatística Nacional (INE) já que, ao contrário dos números oficiais libertados pelo INE, o Observatório contempla os ocupados, os migrantes e os subempregados.

O número real de desempregados é mais do dobro do que aqueles que são exibidos pelos pomposamente designados números oficiais. Isto porque destes números são propositadamente excluídos um significativo número de desempregados. A saber:

  • Os Inactivos desencorajados, que mais não são do que aqueles trabalhadores registados nos Centros de (Des)Emprego, os quais o IEFP e a Segurança Social mantém  ocupados, graças a um fraudulento programa de colocação em formações e Contratos de Emprego-Inserção que chegam a atingir níveis absolutamente inéditos. A titulo de exemplo, refira-se que esse número, até 2012, não havia nunca excedido os 40 mil desempregados, mas no final de 2014 atingiu os 171 mil!

  • Os Activos Migrantes – O governo e os institutos que promovem as estatísticas oficiais escamoteiam que a aparente diminuição do desemprego se deve ao facto de haver uma aparente diminuição da população, em virtude de, para os activos migrantes, ter havido um aumento da emigração e a redução do saldo - entradas e saídas - de cidadãos estrangeiros em idade activa (imigrantes).

·         Os Sub-empregados – Para se ter uma real dimensão do peso deste sector que incorpora aqueles trabalhadores que são forçados a vender a sua força de trabalho em regime de part-time, o universo daqueles que auferia menos de 310 euros/mensais cresceu mais de 140% nos últimos 6 anos.


Com uma política assente no pressuposto do pagamento de uma dívida ilegítima, ilegal e odiosa, que pretende, ainda por cima, que sejam os trabalhadores e o povo, que não a contraíram nem dela beneficiaram, a pagar, sempre denunciámos que o caminho que o governo de traição PSD/CDS persiste em trilhar é o caminho da liquidação do pouco que ainda resta do nosso tecido produtivo, da nossa agricultura e pescas, transferindo activos e empresas públicas estrategicamente importantes, a preços de saldo, para as mãos dos grandes grupos financeiros e bancários, sobretudo alemães, e lançando o nosso povo numa ainda mais pronunciada fome, miséria, desemprego e precariedade.


Só o derrube deste governo de traição nacional PSD/CDS e do seu líder Cavaco Silva poderá levar à constituição de um governo de unidade democrática e patriótica que imponha a suspensão do pagamento dessa dívida, assegure a saída de Portugal do euro e leve a cabo um programa económico que afecte os recursos que estão a ser transferidos para os bolsos da parasitagem financeira, com os grandes grupos económicos e financeiros alemães à cabeça, e que tem vindo a impedir a criação de riqueza e emprego, e assegurar a Independência e a soberania nacional a Portugal.


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