terça-feira, 9 de junho de 2015

Estudo sobre estado da saúde em Portugal

Revela que mais depressa se apanha um mentiroso...


Milhões de utentes do Serviço Nacional de Saúde e dezenas de milhar de médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde, negam sem qualquer margem de hesitação ou dúvida a anunciada excelência da gestão e o milagre da multiplicação, de serviços e meios, anunciados por este governo de vende pátrias e pelo seu ministro da saúde, Paulo Macedo, que já não se livra do mais que justo epíteto de Doutor Morte.

Mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo, um antigo ditado popular que agora se confirma num Estudo solicitado pela Ordem dos Médicos ao ISCTE/IUL , que envolveu mais de 3 mil clínicos, quer do sector público, quer do privado, cujas conclusões não poderiam ser mais claras e denunciadoras do papel e do efeito que estão a provocar na saúde do povo as medidas que este governo está a impor na área da saúde pública, ao desviar fundos destinados à saúde e a outras prestações sociais para o pagamento de uma dívida ilegítima, ilegal e odiosa, que não foi contraída pelo povo, nem dela este retirou qualquer benefício.

Neste estudo, que foi coordenado por Tiago Correia e que, para além dele, integrou os médicos Graça Carapinheiro, Jorge Silva e Joana Vieira, sob o título O SISTEMA DE SAÚDE PORTUGUÊS NO TEMPO DA TROIKA: A EXPERIÊNCIA DOS MÉDICOS, a primeira das conclusões revela que a aposta deste  governo e do seu ministro da saúde tem sido, como sempre denunciámos, a liquidação do SNS e o favorecimento da privatização do sector, quando se afirma que os resultados sugerem um processo de reconfiguração do mercado privado em Portugal com a consequente diminuição da actividade dos consultórios e, em parte das clínicas a contrastar com o aumento da actividade dos hospitais privados!

Do supracitado estudo, com inquéritos que abrangeram mais de 3 mil clínicos, devem ser realçados os seguintes dados:

·         Mais de 60% dos médicos nos cuidados de saúde primários e cuidados continuados e 44% dos médicos hospitalares apontaram faltas recorrentes de material nas instituições.

·         Existe um crescendo da pressão para gastar menos com os doentes, o que se reflecte, sobretudo, na cada vez maior dificuldade em aceder a meios complementares de diagnóstico e terapêutica e a exames laboratoriais.

·         Pressão que se estende à prescrição de medicamentos, onde se destacam a oncologia e a medicina geral e familiar.

·         No que concerne tratamentos inovadores é gritante a recusa por parte da tutela ao acesso a estes tratamentos, destacando-se os casos das especialidades de  urologia – 53% - e de oncologia – 47%!

·         O traço comum referido pelos médicos que foram inquiridos no âmbito deste estudo, é a falta de recursos no sector hospitalar. 40% dos médicos hospitalares já foram confrontados com a falta de medicamentos no tratamento adequado dos doentes,  30% estiveram envolvidos em cirurgias adiadas e 23% já deixaram de realizar técnicas invasivas por falta de material disponível.

O supracitado estudo revela, ainda, que 80% dos internos e 50% dos médicos especialistas com actividades de formação (tutores) inquiridos, consideram que a qualidade da formação no internato médico diminuiu desde 2011.

Mas, as consequências desta política de destruição do SNS que, recordamos, não é exclusiva deste governo, pois iniciou-se em governos liderados pelo PS – particularmente pelos liderados pelo famigerado e em boa hora corrido Sócrates -, não se ficam por aqui:

·         Mais de 60% dos médicos a trabalhar no SNS referem que o abandono das terapêuticas  aumentou nos últimos anos e 80% que os doentes têm pedido mais vezes a prescrição de medicamentos mais baratos, assinalando um cada vez maior abandono das terapêuticas por parte dos doentes.

·         Abandono que se estende às consultas, assinalando-se as especialidades onde o absentismo dos doentes aumentou de forma dramática: medicina física e de reabilitação, pneumologia, estomatologia, gastroenterologia, medicina interna, cardiologia e dermato- venerologia, isto para além de 40% dos oncologistas terem assinalado um aumento considerável de falta às consultas de doentes oncológicos.

Tal como acontece com outros profissionais da saúde – por exemplo, enfermeiros e técnicos auxiliares – o esgotamento entre os médicos no sector público é crescente, como crescente é a desmotivação, sendo de assinalar que são os médicos que trabalham em regime de exclusividade no sector privado os que mais denunciam o aumento das dificuldades financeiras.

São estas dificuldades económicas que explicam a crescente emigração de médicos e outros profissionais de saúde. Segundo este estudo, estas dificuldades económicas potenciam em 50% o aumento da possibilidade de emigração.

Sendo importante este estudo, pela denúncia, pela identificação e levantamento sistematizado das principais consequências das políticas de destruição do SNS levadas a cabo pelo governo dos vende pátrias Coelho e Portas, tutelado por Cavaco, conclui-se que não basta interpretar a história, é absolutamente vital que todos os profissionais da saúde – médicos, enfermeiros, técnicos auxiliares, etc. – se unam e integrem a corrente democrática e patriótica que tem por objectivos o derrube deste executivo governamental e a defesa de um SNS que corresponda às necessidades do povo e à sua dignidade.

Que pugne por um governo de unidade democrática e patriótica que se recuse a pagar uma dívida que mais não tem servido do que os interesses dos grandes grupos financeiros e bancários – designados, pomposamente, por credores – que, sem dó nem piedade, advogam a destruição do SNS e de outras prestações sociais – em nome da defesa do sacrossanto lucro, nem que para tal esteja em causa a vida, a saúde e a dignidade de todo um povo.


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