Revela que mais
depressa se apanha um mentiroso...
Milhões de utentes do Serviço Nacional de Saúde e dezenas de
milhar de médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde, negam sem
qualquer margem de hesitação ou dúvida a anunciada excelência da gestão e o milagre
da multiplicação, de serviços e meios, anunciados por este governo de vende
pátrias e pelo seu ministro da saúde,
Paulo Macedo, que já não se livra do mais que justo epíteto de Doutor Morte.
Mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo, um
antigo ditado popular que agora se confirma num Estudo solicitado pela Ordem
dos Médicos ao ISCTE/IUL , que envolveu mais de 3 mil clínicos, quer do sector
público, quer do privado, cujas conclusões não poderiam ser mais claras e
denunciadoras do papel e do efeito que estão a provocar na saúde do povo as
medidas que este governo está a impor na área da saúde pública, ao desviar
fundos destinados à saúde e a outras prestações sociais para o pagamento de uma
dívida ilegítima, ilegal e odiosa, que não foi contraída pelo povo, nem dela
este retirou qualquer benefício.
Neste estudo, que foi coordenado por Tiago Correia e que,
para além dele, integrou os médicos Graça Carapinheiro, Jorge Silva e Joana
Vieira, sob o título O SISTEMA DE SAÚDE PORTUGUÊS NO TEMPO DA
TROIKA: A EXPERIÊNCIA DOS MÉDICOS, a primeira das conclusões revela que
a aposta deste governo e do seu ministro
da saúde tem sido, como sempre
denunciámos, a liquidação do SNS e o favorecimento da privatização do sector,
quando se afirma que os resultados sugerem um processo de reconfiguração
do mercado privado em Portugal com a consequente diminuição da actividade dos
consultórios e, em parte das clínicas a contrastar com o aumento da actividade dos hospitais
privados!
Do supracitado estudo, com inquéritos que abrangeram mais de
3 mil clínicos, devem ser realçados os seguintes dados:
·
Mais de 60% dos médicos nos cuidados de saúde
primários e cuidados continuados e 44% dos médicos hospitalares apontaram
faltas recorrentes de material nas instituições.
·
Existe um crescendo da pressão para gastar menos com os doentes, o que se
reflecte, sobretudo, na cada vez maior dificuldade em aceder a meios complementares de diagnóstico e
terapêutica e a exames laboratoriais.
·
Pressão que se estende à prescrição de
medicamentos, onde se destacam a oncologia e a medicina geral e familiar.
·
No que concerne tratamentos inovadores é
gritante a recusa por parte da tutela ao acesso a estes tratamentos,
destacando-se os casos das especialidades de
urologia – 53% - e de oncologia – 47%!
·
O traço comum referido pelos médicos que foram
inquiridos no âmbito deste estudo, é a falta de recursos no sector hospitalar. 40% dos médicos hospitalares já foram
confrontados com a falta de medicamentos no tratamento adequado dos
doentes, 30% estiveram envolvidos em
cirurgias adiadas e 23% já deixaram de realizar técnicas invasivas por falta de
material disponível.
O supracitado estudo revela, ainda, que 80% dos internos e
50% dos médicos especialistas com actividades de formação (tutores) inquiridos,
consideram que a qualidade da formação no internato médico diminuiu desde 2011.
Mas, as consequências desta política de destruição do SNS
que, recordamos, não é exclusiva deste governo, pois iniciou-se em governos
liderados pelo PS – particularmente pelos liderados pelo famigerado e em boa
hora corrido Sócrates -, não se ficam por aqui:
·
Mais de 60% dos médicos a trabalhar no SNS
referem que o abandono das terapêuticas
aumentou nos últimos anos e 80% que os doentes têm pedido mais vezes a
prescrição de medicamentos mais baratos, assinalando um cada vez maior abandono
das terapêuticas por parte dos doentes.
·
Abandono que se estende às consultas,
assinalando-se as especialidades onde o absentismo
dos doentes aumentou de forma dramática: medicina física e de reabilitação,
pneumologia, estomatologia, gastroenterologia, medicina interna, cardiologia e
dermato- venerologia, isto para além de 40% dos oncologistas terem assinalado
um aumento considerável de falta às consultas de doentes oncológicos.
Tal como acontece com outros profissionais da saúde – por
exemplo, enfermeiros e técnicos auxiliares – o esgotamento entre os médicos no
sector público é crescente, como crescente é a desmotivação, sendo de assinalar
que são os médicos que trabalham em regime de exclusividade no sector privado
os que mais denunciam o aumento das dificuldades financeiras.
São estas dificuldades económicas que explicam a crescente
emigração de médicos e outros profissionais de saúde. Segundo este estudo,
estas dificuldades económicas potenciam em 50% o aumento da possibilidade de
emigração.
Sendo importante este estudo, pela denúncia, pela
identificação e levantamento sistematizado das principais consequências das
políticas de destruição do SNS levadas a cabo pelo governo dos vende pátrias
Coelho e Portas, tutelado por Cavaco, conclui-se que não basta interpretar a
história, é absolutamente vital que todos os profissionais da saúde – médicos,
enfermeiros, técnicos auxiliares, etc. – se unam e integrem a corrente
democrática e patriótica que tem por objectivos o derrube deste executivo
governamental e a defesa de um SNS que corresponda às necessidades do povo e à
sua dignidade.
Que pugne por um governo de unidade democrática e patriótica que se recuse a pagar uma dívida que mais não tem servido do que os interesses dos grandes grupos financeiros e bancários – designados, pomposamente, por credores – que, sem dó nem piedade, advogam a destruição do SNS e de outras prestações sociais – em nome da defesa do sacrossanto lucro, nem que para tal esteja em causa a vida, a saúde e a dignidade de todo um povo.
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