A chantagem, pressão e ameaça que o imperialismo
germânico, com a prestimosa colaboração dos governos europeus que controla, exerce
neste momento sobre o governo grego, demonstra plenamente a apreciação que sempre
fizemos àcerca da natureza do euro, da política de convergência e solidariedade europeia, justificando a nossa defesa da saída daquele espaço para assegurar a
independência, a soberania, a liberdade, a democracia e o progresso para os
países e povos da Europa.
Lastro ou bote de salvação para os povos da Europa? |
Não é a Alemanha que é indispensável à sobrevivência do euro. É o euro que
é indispensável à estratégia de dominação do imperialismo germânico sobre a
Europa. E, para a Alemanha, há-de chegar o momento em que, depois de se ter
utilizado desse instrumento para dominar os povos e nações da Europa – assim
tenha sucesso com esta sua estratégia – pura e simplesmente o dispensará.
Esta realidade tem de ser contextualizada no panorama geopolítico
internacional, em que a superpotência imperialista americana pretende recuperar
a sua hegemonia a nível mundial e a Alemanha se quer posicionar de forma a, por
um lado, demonstrar ser um dos mais fortes aliados com que os EUA podem contar
e, por outro, não vir a perder influência, nem ver comprometidos os seus
interesses face a um cada vez mais agressivo imperialismo chinês que já se comporta
como nova superpotência e que já demonstrou a sua capacidade em se aliar com
os inimigos de ontem, como é o caso da Rússia, nesta
contenda pelo domínio mundial.
As desesperadas tentativas de chantagem exercidas pela chefe do IV Reich, a
Srª Angela Merkel, sobre o governo grego e sobre os restantes países da
chamada zona euro, que tem o apoio canino do socialista François
Hollande, decorrem do facto de a Alemanha saber, de há muito, que
o projecto europeu só servirá efectivamente os seus
interesses de dominação sobre os restantes países europeus, se conseguir impor
a moeda única. Paulatinamente, foi convencendo vários países a aderir a
esta ideia, prometendo-lhes o paraíso do leite e do mel em abundância,
conseguindo que as burguesias vendidas de 17 dos 27 países que integram a União
Europeia ao euro aderissem.
Mais histórias para crianças? |
E de cimeira em cimeira – a dois ou com os seus serventuários – foi
acrescentando novos patamares para desferir novos golpes, encarregando a sua
tróica germano-imperialista de ir impondo memorandos e programas que visam, tão
só, dominar e espezinhar os povos e países da Europa, arrogando-se tomar
medidas absolutamente fascistas e antidemocráticas como depor governos e
colocar em sua substituição os seus homens de mão.
Mas, de facto, o euro foi desenhado, desde a sua génese, como o novo marco
ou o marco travestido de euro! Como a única entidade com capacidade e
autoridade para emitir esta moeda e controlar os seus fluxos é o BCE, um banco
privado onde os principais accionistas são bancos e grandes grupos financeiros
germânicos, melhor se entenderá a teia que a Alemanha teceu para vir a manietar
e dominar os restantes países europeus.
Muito antes de sugerir o euro, o imperialismo
germânico foi impondo a destruição da capacidade produtiva e do tecido
produtivo, sobretudo industrial, da esmagadora maioria dos países europeus,
sobretudo aqueles que são considerados os elos fracos da cadeia
capitalista, salvaguardando essa capacidade para a Alemanha, onde esta
não só foi mantida como cresceu e se fortaleceu. Com tal manobra a Alemanha
consegue ter superavits importantes, dominar em termos de capacidade industrial
e financeira todos os outros países que, entretanto, aderiram ao euro, por
virtude de terem passado a depender daquilo que importam para poder fazer funcionar as
suas economias, levando-os a graus de endividamento nunca antes atingidos.
Os factores combinados das crises orçamentais com a
crise do sub-prime americano, criaram as condições ideais para que uma entidade
como o BCE, cujo capital social é inteiramente privado, e em que os grupos
financeiros e bancários alemães, como já havíamos referido, predominam, mercê
da taxa de participação de cada país em função do seu PIB, se transformasse no
principal instrumento da dominação germano-imperialista. Desde logo porque foi
imposto que os estados não poderiam recorrer directamente ao crédito nessa
instituição, a um juro muitas das vezes inferior a 1%, mas tão só os bancos
que, depois, o emprestariam aos estados a taxas de juro
de 5 e 6%!
O euro asfixia e mata a soberania |
As dívidas soberanas passaram a ser, por um lado,
um excelente negócio, pois proporcionam taxas de juro faraónicas e, por outro,
um factor poderosíssimo de chantagem sobre governos e governantes vende-pátria
que ficam satisfeitos com as migalhas que a chefe do IV Reich lhes reserva a
troco de submeterem os seus povos à miséria, à fome, ao desemprego e
precariedade e os seus países ao esbulho dos seus activos e empresas
estratégicas por parte do imperialismo germânico. Isto é, traidores que se
vendem por trinta moedas a troco de submeter os povos e países europeus à
condição de colónia ou protectorado da poderosa Alemanha!
A bascularização da economia mundial, que se
caracteriza, por um lado, pela estranha inexistência
de crises das dívidas soberanas em países do chamado 3º
Mundo – como é o exemplo do que se passa em quase todo o continente africano –
e, por outro, num processo de acumulação primitiva capitalista nos países
emergentes, como a China, a Índia e o Brasil,
entre outros, que passam neste momento por um processo histórico muito idêntico
ao que se vivia na Manchester do sec.XIX, explicam o resto do quadro em que, a
nível global, hoje nos encontramos e de como ele influencia e condiciona a
situação política e económica da velha Europa e da
burguesia europeia.
Com este processo de crescimento, fundamentalmente alimentado pela
migração massiva de agricultores e artesãos arruinados para os grandes centros
urbanos e encafuados em grandes unidades fabris, aceitando condições
desumanas de vida, ritmos de trabalho intensos e salários miseráveis, começa-se
a compreender como é que a bascularização da economia
influencia a estratégia da Alemanha e de outros países do chamado 1º mundo.
Países com uma indústria avançada, com alto desenvolvimento tecnológico e
que apostam fortemente na investigação cientifica e que, tendo sagazmente
levado as outras nações do continente europeu à desindustrialização e à
liquidação da sua agricultura e pescas, têm por objectivo, agora, remeter esses
países para a terceirização da economia ou para fornecedores de
mão-de-obra-barata, ao nível dos praticados na Malásia ou no Bangladesh, para
se tornar competitivos, isto é, alinhando por baixo as
políticas assistenciais e salariais até agora praticadas e que tinham sido
fruto de intensas e duras lutas de operários, camponeses e outros
trabalhadores, na Europa dos séculos XIX e XX.
Imperialismo germânico substitui divisões Panzer por euro |
Se é certo que a forma como hoje se organiza o trabalho nos países mais
desenvolvidos não é a mesma dos séculos XIX e XX, até porque existem
cada vez menos grandes unidades industriais – sobretudo naqueles países que
aceitaram liquidar o seu tecido produtivo, como foi o caso de Portugal -, não
menos certo é que a classe operária aliada a uma intelligentsia cada
vez mais lançada para a precarização e à prática de baixos salários, ao
campesinato pobre e arruinado e a pequenos e médios comerciantes e industriais
ameaçados pela falência, são a força motriz que tem, cada vez mais, condições
para derrubar este governo e impor um governo que leve a cabo um programa
democrático patriótico que vá de encontro aos seus interesses.
E, se aparentemente, parece que as condições para a revolução quer no nosso
país, quer a nível mundial são cada vez mais diminutas, o que se passa é
exactamente o contrário. No nosso país, bem como noutros países europeus, as
medidas terroristas e fascistas que têm sido impostas pela tróica
germano-imperialista, através dos governos serventuários dos seus interesses,
encontram cada vez maior capacidade de organização, mobilização e combatividade
por parte dos trabalhadores e dos povos desses países.
Nos chamados países emergentes, as condições em que a
classe operária é alocada à produção, em grandes unidades fabris, facilita a
sua organização revolucionária e a elevação da sua consciência de classe. O
processo histórico é imparável, a contradição antagónica entre burguesia e
proletariado, entre natureza social do trabalho e apropriação privada da
riqueza gerada por ele, será resolvida a favor de quem trabalha. E o ciclo das
revoluções socialistas rumo à construção da sociedade comunista do futuro será
não só uma realidade, como uma inevitabilidade histórica.
Neste contexto, as hesitações
reveladas pelo governo grego e pelo SYRIZA, constituem, em termos objectivos,
uma traição às expectativas que criou ao povo grego e que levou a que este
tivesse eleito o seu programa como aquele em que deveria assentar a acção do
governo helénico.
Ao não compreender que, para fazer frente à chantagem das instituições europeias – cuja mudança de
nome serve apenas para escamotear que o lobo pode perder a pele, mas não perde
os intentos e de que, no fundo continua a predominar a velhinha e conhecida tróica germano-imperialista – não pode entrar
em jogos florais ou em infantilóides
jogos de esconde esconde, mas sim
preparar a saída da Grécia do euro, o que teria/terá de levar à imediata
nacionalização da banca e ao retomar do novo dracma.
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