Na pré-campanha
eleitoral para as eleições legislativas que terão lugar no final do
corrente ano de 2015, os partidos do Bloco
Central já revelaram quais as linhas
mestras do que vão defender:
·
A coligação PSD/CDS vai apostar na continuidade, pretendendo demonstrar que só a prossecução da
política a que se convencionou chamar de austeridade,
mas que mais não representa do que um autêntico genocídio fiscal sobre o
povo, impondo que este pague uma dívida que não contraiu, nem dela retirou
qualquer benefício, é que poderá continuar a proporcionar os autênticos milagres económicos que só ela,
coligação, consegue vislumbrar
·
O PS e António Costa, defendendo que as
autarquias como a de Lisboa – onde
reclama ter conseguido uma redução de 40% da dívida - , de Gaia e do Governo
Regional dos Açores, são bem o exemplo de que, com uma gestão adequada, se consegue a prossecução de políticas que não
contundam com os interesses do povo.
Bastaria ter em conta, só para mencionar o caso mais
paradigmático de boa gestão avançado
por António Costa e seus apaniguados, que é o do município de Lisboa, para ter
um vislumbre de que o que esperará o povo português, assim caia de novo na
esparrela das promessas pseudo-socialistas. Um aumento catastrófico das taxas
que incidem sobre todos os serviços municipalizados, o mais gritante dos quais
é o abastecimento da água.
Isto para além de um sistemático plano de destruição de
postos de trabalho sob a capa da racionalização
dos recursos e da indução de uma economia
de escala que assegure criação de maior
valor, que passa pelo massivo despedimento de cantoneiros, jardineiros,
etc., e pela demissão de – ao abrigo da
própria Constituição – reclamar o seu estatuto de parte interessada – e
determinante – na política de transportes da cidade que impeça o programa de
concessão a privados do sistema de transportes da capital a privados e
consequentes despedimentos colectivos a que tal programa conduzirá.
Num contexto em que a indústria representa 13% do Produto
Interno Bruto (PIB) e a agricultura e as pescas não chegam a 3%, não basta,
como faz António Costa e o batalhão de pseudo-economistas que elaboraram o
programa e linhas mestras do PS para um futuro governo liderado por esta força
partidária, limitar a discussão ao montante e progressão da dívida pública.
É preciso, é determinante e urgente que o povo tenha
consciência de que tal dívida é o efeito de uma política de destruição
consecutiva, programada, de traição nacional, em que todos os partidos do arco da governação se empenham há cerca
de 40 anos e que levou, por um lado, à destruição do tecido produtivo português
e, por outro, à perda total de soberania fiscal, aduaneira, cambial, financeira
e económica de Portugal. Uma política que levou a que o conjunto de activades
ligadas à indústria, agricultura e pescas, que em 1974 representava mais de 40%
do PIB, hoje representem pouco mais de 14%!
É que, se não se entender que um país onde a classe operária
representava, em 1974, cerca de 40% da população activa e o campesinato pobre,
os assalariados rurais e os trabalhadores ligados às pescas e à marinha
mercante, mais de 20%, e que hoje, essas classes nucleares a qualquer economia
independente e soberana, não representam, sequer, 20% dessa população, não se
perceberá que nenhuma medida paliativa resolverá a endémica dependência do país
a economias mais fortes, desde logo, à economia alemã.
Assim como não se compreenderá porque é que o euro, uma
moeda forte, que convém a economias dominantes e superavitárias como a do
imperialismo germânico, se traduz num factor de aprofundamento da dívida e do
défice para economias fracas e abertas como a de Portugal – agora desprovidas
de um tecido produtivo autónomo e dinâmico -, num instrumento que transforma
Portugal e outros países em situação similar, em meras colónias ou
protectorados da Alemanha, através de um processo que nem Hitler vislumbrou
quando tentou dominar, com as suas divisões Panzer, a Europa e o mundo.
Não restam quaisquer dúvidas que, não sendo atacadas as
causas da crise, da dívida e da cada vez maior perda de soberania , ocorrida através
da prévia liquidação do nosso tecido produtivo para que fosse aceite a nossa
adesão à então CEE, do Tratado Orçamental e de outros tratados em preparação –
como o do Mar Azul, que visa criar as condições para que o directório
europeu, a mando dos interesses germânicos, venha a abocanhar os 4 mil milhões
de quilómetros quadrados ( a maior Zona Económica Exclusiva Marítima da Europa)
que Portugal detém – qualquer das medidas propostas por PS e PSD/CDS, mais não
são que variações ao mesmo tema, mais não revelam do que entendimentos formais
diversos quanto à intensidade e dimensão do golpe a desferir contra os
interesses do povo e de quem trabalha.
As verdadeiras questões que hoje devem ser colocadas pelo
povo, pela classe operária e pelos camponeses- pobres e assalariados rurais -,
pelos estudantes e intelectuais, pelos democratas e patriotas, são as
seguintes:
·
É possível
implementar uma política independente e soberana sem recuperar o tecido
produtivo destruído e que afectou sectores determinantes como a indústria, as pescas e a agricultura?
·
É possível, num quadro de falência, corrupção e
bancarrota de toda a banca privada e pública que a única saída que defenda os
interesses de uma economia ao serviço do povo não passe por uma intervenção
musculada do estado no sector, levando à sua nacionalização imediata?
·
É possível continuar uma política que priviligie
o pagamento de uma dívida e dos seus juros, privando o povo de serviços
públicos essenciais como a educação, a saúde, os transportes, as pensões e
reformas, ao mesmo tempo que agrava as condições para o desemprego, a emigração
e a miséria?
Cada vez se compreende melhor porque é que PS, PSD e CDS
estão de acordo que devam imperar os critérios
jornalísticos quanto aos participantes nos debates eleitorais que se
avizinham. Cada vez se percebe melhor porque é que António Costa e o PS vão,
nesta matéria, ainda mais longe do que o PSD e o CDS, ao afirmar que tal
decisão deve competir às administrações e conselhos redactoriais dos diferentes
órgãos de comunicação social –
sobretudo às televisões em regime de sinal
aberto, como são os casos de RTP, SIC e TVI - , e que será um direito democrático que lhes assiste determinar
que partidos e propostas políticas devem
merecer fazer parte desses critérios!
É que ao PS, PSD e CDS não convém sair da quadratura do círculo que tem imposto há mais de 40 anos ao povo português, a esta autêntica dança e contra-dança ao ritmo da mesmíssima música, uma autêntica cacofonia que só tem ensurdecido o povo, num autêntico contratempo contra os seus interesses.
Muito bem elaborado, este será ponto de vista de muitos portugueses com e sem partido, muito embora que neste trabalho se reflita a política do PCTP/MRPP, mas é fundamental que se dê a conhecer aos trabalhadores e ao povo português por meio de debates e comícios bem convocados, denunciando aquilo que os partidos do arco do poder e o PS chamam de alternativa, mas não passa de alternância entre eles, a que chamam de democrática.
ResponderEliminarUm excelente artigo, obrigado por nos dar a conhecer muitas das coisas que a comunicação social não publica e não informa.
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