terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

A Irmandade dos “portugueses honrados”!

Quem não se lembra - ademais pelas péssimas memórias que tem do personagem e das suas políticas – do Gaspar, ministro das Finanças do governo de coligação da direita com a extrema direita de Passos Coelho e Paulo Portas, que era tutelado pelo imbecil de Boliqueime, um tal de Cavaco que agora se entretém a fazer novelas orientadas, sobretudo, para as quintas feiras de namoro com o ex-primeiro-ministro Sócrates?
Para aqueles mais dados a perdas de memória, gostaria de relembrar o episódio em que PS, PCP e BE se congratularam com o facto de Gaspar e o governo de traição nacional que integrava terem anunciado que seria necessário mais tempo para pagar a dívida e menos juros para que os recursos pudessem ser afectados ao crescimento.
Reconhecer tal opinião como válida, é como reconhecer que, não é quanto à questão de fundo que PS, PCP e BE estavam contra aquele governo – agora oposição -, mas sim quanto à intensidade e duração das medidas terroristas e fascistas que, mesmo com um governo que se diz assentar numa maioria de esquerda, continuam a ser aplicadas.
Quando afirmávamos que, quer PSD e CDS, quer PS – agora com a ajuda das muletas do PCP/BE/Verdes e PAN – estavam de acordo quanto à questão de fundo, isto é, que deveria de ser o povo, que não a contraiu, nem dela retirou qualquer benefício, a pagar uma dívida que foi fruto da acção combinada da corrupção – PPP’s, bancos falidos, casino especulativo, destruição do nosso tecido produtivo -, caiu-nos o Carmo e a Trindade em cima.
Agora, veja-se bem, a demonstrar que estamos perante a união de todos os portugueses honrados – apesar de algumas tricas de permeio que mais não são do que areia lançada para os olhos dos incautos – até o presidente de todos os patrões, o famigerado António Saraiva, vem alinhar na tão de esquerda reclamação da renegociação e da reestruturação, como única salvação para a economia, diga-se, em linguagem patronal, para assegurar o sacrossanto lucro, a sacrossanta propriedade capitalista e para que, na dança da redistribuição capitalista da riqueza, a parte substancial do bolo calhe sempre à burguesia e as migalhas sejam distribuídas pelo pobres, pelo sal da terra – operários e trabalhadores em geral!
São, pois, meras manobras de diversão, as guerrilhas parlamentares entre a oposição PSD/CDS e a maioria de esquerda parlamentar. O que de facto existe é uma  irmandade de PORTUGUESES HONRADOS, mancomunados na irmandade dos partidos do arco parlamentar e fundidos com a argamassa e o cimento dos afectos de Marcelo, a assegurar a unidade na acção de todos eles para a exploração de quem trabalha e o dobrar da cerviz para as potências imperialistas – europeias, e não só – que pilham sem dó nem piedade os nossos recursos e activos, branqueando, pelo caminho, a origem do défice e da dívida.
A todos os que ainda se deixam iludir pelo maravilhoso mundo novo anunciado pela maioria de esquerda que governa, assente na arte do possível, mas distante do alegadamente desejado, que a esquerda parlamentar, mesmo que formal, lhes prometeu, deixam-se as mesmas questões de sempre, pois os caminhos que nos impõem também têm sido sempre os mesmos:
·         Quem está a pagar a dívida? Quem a contraiu – ou seja, a banca, os corruptos que vivem à custa das trafulhices jurídico/políticas em que assentam as PPP’s, os governos e governantes que aceitaram destruir o tecido produtivo do país, etc. – ou quem, não a tendo contraído, nem dela retirado qualquer benefício está a ser obrigado a pagá-la, isto é, a classe operária e os trabalhadores em geral?
·         Porque é que, apesar de qualquer folha Excel facilmente demonstrar que a dívida é IMPAGÁVEL – e os credores desejam que assim continue a ser -, quer porque a taxa de crescimento da economia é inferior aos juros da dívida que estão a ser pagos, quer porque, sem indústria, sem agricultura, sem pescas, somos obrigados a importar mais de 80% do que necessitamos para alimentar o povo e para gerar economia, a irmandade dos portugueses honrados insiste em toda a sorte de modelos – incluindo a reestruturação ou a renegociação da dívida – que mais não provoca que ela se reproduza e cresça ad eternum, bem como os seus efeitos?

Porque os partidos do arco parlamentar nada mais são do que representantes de classes e camadas de classe que sobrevivem à custa do parasitismo, à custa das esmolas que as potências que, com a adesão de Portugal, primeiro à CEE, depois à UE, têm saqueado os nossos recursos económicos, o nosso mar, os nossos activos, e se têm servido do euro e da dívida para toda a sorte de chantagem e pressão sobre o nosso povo e sobre o nosso país, levando a uma depreciação dramática do valor do trabalho – pretendendo transformar Portugal numa espécie de Malásia da Europa, com trabalho precário e baratinho e um sub-colónia ou protectorado, sobretudo do imperialismo germânico.

3 comentários:

  1. Muito lúcido e ilustrativo sobre as ALGEMAS que as politicas Alemãs e da U.E. colocaram em Portugal por centenas de anos numa penúria sem fim à vista,
    aos portugueses das classes mais desfavorecidas, com o único pretexto de continuar a privilegiar o capital e as grandes fortunas.., DEPLORAVEL. INJUSTO. INFAME....

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  2. Um texto de grande coragem e determinação.
    Aqui fica o meu total apoio.
    Força!

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