A menos de 2 semanas da entrada em vigor dos novos “passes
sociais” – que viria a ocorrer, vá-se lá saber porquê, no dia das mentiras, o
primeiro dia de Abril – que, segundo Costa, Jerónimo, Catarina e Apolónia, iria
constituir uma “verdadeira revolução” nos transportes urbanos e, até,
regionais, o PCTP/MRPP foi o único Partido que se levantou contra o monumental
embuste, operação de manipulação, mentira e decepção, que tal medida
constituía.
Enquanto a “oposição” tentava por todos os meios
“associar-se” a tão “magnífico” evento, o nosso Partido foi o único que teve a
coragem de, contra a corrente dos elogios a tal medida, denunciar a marosca.
Por tal ousadia, mereceu da parte de toda a corrente populista e reaccionária,
encabeçada pelo PS e secundada por PCP, BE e Verdes, o silenciamento das suas
opiniões e posições políticas.
A chamada “comunicação social” exultava! Vendida aos
interesses que aqueles partidos representam, replicavam durante todo o dia e a
todas as horas, durante semanas a fio, gráficos, opiniões manifestadas pela
“vox populi”, a aplaudir a medida. Era uma festa!
E, como sempre, lá estava o desmancha-prazeres do PCTP/MRPP
para estragar os festejos. Começámos por apelar ao bom senso do povo, com frases
populares, facilmente reconhecíveis pela sua experiência de vida, como é aquela
que alerta para o facto de “...quando a esmola é muita, o pobre desconfia”!
Levámos o exercício ao ponto de sugerir uma simples operação
assente na mais pura lógica. Se a medida, de tão popular que é, se traduzir num
substancial aumento de aquisição de “passes sociais”:
·
Haverá parques de estacionamento suficientes
para acomodar as viaturas que os utentes vão querer levar até aos terminais de
transportes que os conduzirão aos locais pretendidos?
·
Haverá um aumento das carreiras e horários,
correspondente ao expectável aumento da procura?
·
E, quanto a material circulante – quer para
comboios, quer para o metro -, embarcações e transportes rodoviários, existem
em número suficiente para satisfazer as necessidades das populações aderentes?
·
Estão previstas contratações de mais
profissionais – condutores, mestres de embarcação, operacionais para condução
de comboios e metropolitano, etc. – que assegurem a fluidez necessária e a operacionalização
dos meios que terão de, necessariamente, aumentar?
·
E, em matéria de segurança e manutenção, os
riscos estão acautelados?
Há décadas que alguns sindicatos a operar quer na ferrovia,
quer no metropolitano de Lisboa, quer noutras redes de transporte por esse país
fora, sabem da existência de situações dramáticas, ao nível da segurança dos
passageiros, que se recusam a denunciar.
Porquê? Acham que agora, com o previsível aumento da
procura, a segurança vai aumentar? Acham que o risco de acidentes catastróficos
que há muito consideram ser possíveis de acontecer, dadas as precárias
condições dos equipamentos e a ausência recorrente de financiamento na área da
manutenção, vai diminuir e, assim, aliviar a pressão?
Todo os dias existem fortes constrangimentos nas estações de
comboios, nas linhas de metropolitano de várias cidades, nos terminais de
autocarros e carreiras – urbanas e regionais – nos cais de embarque de linhas
fluviais que servem para o transporte das populações de uma margem onde pontificam
bairros periféricos, para a margem onde se situa o emprego cada vez mais
apanágio das capitais ou grandes centros urbanos (o exemplo da SOFLUSA é
paradigmático).
Constrangimentos que despoletam situações cada vez mais
violentas de passageiros que, não percebendo que o responsável pela supressão
de carreiras e disfuncional planeamento dos transportes é o governo e suas
muletas que lhes haviam anunciado esta “revolução nos transportes”, caiem na
armadilha do executivo de Costa e Centeno que os leva a considerar que é o seu
igual, trabalhador como ele, explorado como ele, o mestre da embarcação, o
maquinista, o condutor, que são os culpados do caos que os afecta.
Não nos demitiremos nunca de demonstrar que este será sempre
o resultado do voto útil. Os trabalhadores portugueses têm de entender que a
(in)utilidade do seu voto tem criado as condições para estes e outros patifes
congéneres, que nos (des)governam há mais de 4 décadas, tudo prometem antes dos
actos eleitorais.
Última e derradeira pergunta: até quando?!
Artigo retirado do Luta Popular online:
http://www.lutapopularonline.org/index.php/partido/2530-passes-sociais-ou-passe-de-magia-saloia
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