Num debate entre
dois representantes do bloco central
– Correia de Campos, pelo PS e Ângelo Correia, pelo PSD – ocorrido num canal de
notícias de um canal de televisão por cabo, na noite desta 5ª feira, o primeiro
destes personagens, que foi ministro da saúde num governo liderado por
Sócrates e levou a cabo o programa que fundamentou e deu início à destruição do
Serviço Nacional de Saúde, explanou de forma meridianamente clara a estratégia
do PS e de António Costa para o futuro próximo.
Perante o cenário de nenhum dos dois partidos do arco do poder conquistar, nas próximas
eleições legislativas, a maioria, e face à possibilidade histórica – adiantada
pelo segundo – de o PCP e o BE promoverem moções de censura contra o novo
governo minoritário e o programa apresentado por este – fosse esse governo
liderado pela coligação PSD/CDS, fosse por António Costa e o PS -, Correia de
Campos defendeu que a memória da
responsabilidade na queda do governo Sócrates, levaria aqueles dois partidos à esquerda do PS , na eventualidade de
ser este partido a ganhar as eleições a, na pior das hipóteses, remeter-se à
abstenção no caso mais que provável de uma moção de censura emergir desse
cenário.
Ou seja, Correia de Campos que, ao longo de todo o debate,
se identificou com quase todos os pressupostos políticos avançados por Ângelo
Correia, no que concerne a necessidade
de prosseguir – em nome da famigerada prudência - a política de genocídio fiscal (que
pomposamente classificam de austeridade),
admite como óbvio que nunca estabelecerá acordos – seja no âmbito parlamentar,
seja no plano do elenco governamental, com partidos à sua esquerda -, ao mesmo
tempo que não renega a possibilidade de acordos de incidência parlamentar com
partidos da actual maioria
parlamentar.
Mas, a pièce de
resistence da estratégia do PS, que levou a um congelamento do anúncio do candidato presidencial a apoiar por este
partido, é o facto de o PS presumir que a pressão da memória do derrube do governo de Sócrates - que, segundo Correia de
Campos, abriu portas à eleição da coligação de extrema-direita Coelho Portas,
tutelada por Cavaco -, sobre PCP e BE, se pode articular com a possibilidade de
o candidato presidencial a escolher vir a ser a plataforma que una toda a esquerda parlamentar.
Isto é, um governo, sem maioria, mas com o beneplácito de um
presidente que se prestaria a congregar
as boas vontades de toda essa esquerda, para que esta aceitasse o pressuposto de que
Portugal deverá continuar sujeito à condição de protectorado a que o obriga o
euro, o tratado orçamental, o tratado da união bancária, acompanhada da perda
de soberania fiscal e financeira, todas elas medidas impostas por um directório
europeu completamente manipulado e ao serviço dos interesses do imperialismo
germânico, agitando a cenoura da reestruturação ou da renegociação da dívida.
O que ficou claro do desenho desta estratégia, de forma
cândida e meridiana explicitada durante o supracitado debate, é que ela demonstra não existir entre PS e PSD nenhum
diferendo no que concerne a obediência, que ambos admitem, relativamente às
políticas que o directório europeu e o imperialismo germânico que este serve
ditam a um governo que seja protagonizado por qualquer um destes intervenientes.
A única diferença, meramente formal, estará na dimensão do cacete, na extensão
do golpe e na profundidade do genocídio fiscal a que qualquer um deles pretende
sujeitar os trabalhadores e o povo português.
E, se ainda assim, subsistirem dúvidas, aqui vos deixo uma estatística que não desmente o que acima se afirma. Durante os 4 anos da legislatura que agora terminou, de um total de 310 propostas apresentadas à Assembleia da República pelo governo de Coelho e Portas, o PS votou a favor 139 delas e contra 92, abstendo-se em 79! Tendo em conta que uma das abstenções foi relativa à proposta do governo para a Lei do Orçamento de Estado de 2012, se isto é oposição...estamos conversados!
Não satisfeitos com tanta e tão enérgica oposição, no que respeita projectos de lei apresentados pelas bancadas parlamentares de PSD e CDS - a estatística ainda é mais reveladora. De um total de 98 diplomas, 70 mereceram o voto favorável da bancada do PS!
O que ficou claro para o povo português é que este nunca poderá esperar do PS um acto de contrição relativamente às consequências dramáticas das medidas impostas pelo governo Sócrates e que foram a antecâmara do que o actual governo PSD/CDS impôs. Correia de Campos, que integrou aquele governo como ministro da saúde nem sequer esboçou qualquer auto-crítica ao mesmo, nem sequer à sua nefasta acção sobre o sector da saúde que tutelou.
E, se ainda assim, subsistirem dúvidas, aqui vos deixo uma estatística que não desmente o que acima se afirma. Durante os 4 anos da legislatura que agora terminou, de um total de 310 propostas apresentadas à Assembleia da República pelo governo de Coelho e Portas, o PS votou a favor 139 delas e contra 92, abstendo-se em 79! Tendo em conta que uma das abstenções foi relativa à proposta do governo para a Lei do Orçamento de Estado de 2012, se isto é oposição...estamos conversados!
Não satisfeitos com tanta e tão enérgica oposição, no que respeita projectos de lei apresentados pelas bancadas parlamentares de PSD e CDS - a estatística ainda é mais reveladora. De um total de 98 diplomas, 70 mereceram o voto favorável da bancada do PS!
O que ficou claro para o povo português é que este nunca poderá esperar do PS um acto de contrição relativamente às consequências dramáticas das medidas impostas pelo governo Sócrates e que foram a antecâmara do que o actual governo PSD/CDS impôs. Correia de Campos, que integrou aquele governo como ministro da saúde nem sequer esboçou qualquer auto-crítica ao mesmo, nem sequer à sua nefasta acção sobre o sector da saúde que tutelou.
Sem comentários:
Enviar um comentário