A polémica da concórdia!
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Torres do Aleixo - uma vista apetecível! |
Sejamos claros! A Lei das Rendas ou, mais propriamente, a
Lei dos Despejos, foi desenhada pelo PS, ainda durante a governação de
Sócrates, para acomodar, acolher e proteger os interesses da grande especulação
imobiliária, sobretudo nos grandes centros urbanos.
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Implosão das Torres do Aleixo |
A implosão das Torres do Aleixo e o súbito interesse por parte de toda a sorte de especuladores nas ilhas da cidade do Porto, assim como o
frenesim em torno da aquisição de prédios inteiros em zonas características de
Lisboa, como são Alfama, Mouraria e Socorro, são paradigmáticos desse desígnio.
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Mouraria e Socorro |
Com a Câmara Municipal de Lisboa a prestar-se para valorizar
os prédios entretanto reabilitados à custa da expulsão dos seus originais
moradores e a ser a fornecedora de toda uma logística facilitadora, como é o
caso do passeio da Graça, que mais não
é do que uma via, uma varanda, sobre os bairros da Mouraria e do Socorro,
construída com fundos públicos, que permitirá ao novo-riquismo do turismo ter
uma visão mais clara e abrangente sobre os seus domínios e sobre a linha de
horizonte magnífica que dessa infraestrutura se avista.
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Vista de uma ilha do Porto |
Tal como na cidade do Porto, onde a Câmara se dedica neste
momento a proporcionar todos os estudos
de impacto que a expulsão dos moradores das características ilhas que pululam pelas encostas da
margem direita do rio Douro possibilitou, devido aos efeitos da famigerada,
fascista e terrorista Lei das Rendas ou Lei dos Despejos.
O único partido
que se bateu – e continua a bater – pela revogação desta iníqua lei que, num
muito curto prazo, está a redundar num aprofundar da expulsão dos moradores dos
grandes centros urbanos – sobretudo de Lisboa e do Porto – foi o PCTP/MRPP.
Desde a consigna estratégica da revogação da lei, até à determinação táctica da
exigência em que fosse suscitada a fiscalização sucessiva desta lei junto do
Tribunal Constitucional.
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Mapa das ilhas do Porto |
Esta exigência
democrática contou desde sempre com o descarado boicote por parte do PS –
promotor , como acima já o afirmei, da lei – e por PCP, BE e Verdes, cujos
grupos parlamentares, em plena vigência do anterior governo de traição
nacional de Passos e Portas, tutelado por Cavaco, responderam evasivamente a
todos os grupos, associações e comissões de moradores que com eles se reuniram
para os sensibilizar a encabeçarem a
luta pela revogação desta famigerada lei.
Foi mesmo
criada a ideia de que, assim que um governo PS tomasse posse, outro galo cantaria, e a lei seria, no
mínimo, revista de acordo com os interesses dos moradores pobres que começavam
a ser despejados aos milhares, sem apelo nem agravo, ao respaldo desta lei e
seus posteriores apêndices.
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Ilhas - uma janela de luxo sobre a cidade |
Apesar de
alertarmos para o facto de não se poder confiar o ouro ao bandido que havia
decretado as condições objectivas para que esses despejos fossem levados a
cabo, o que é certo é que, chegado ao poder – ademais com o apoio da muletas que constituem PCP, BE e Verdes
– o PS, tal como a montanha que pariu um rato, limitou-se a introduzir na
sociedade uma polémica!
Em vez de
revogar a lei, António Costa, aquele que já foi – se é que não continua a ser –
o imperador de Lisboa, entretém-se a
alimentar polémicas no seio do seu próprio partido, com o propósito de desviar
as atenções do essencial. É neste contexto que surge o pateta de serviço Miguel Coelho, deputado do PS e autor do
articulado original da iníqua Lei dos Despejos, a manifestar a sua profunda desilusão com uma entrevista
dada pelo Secretário de Estado para a Habitação, na qual este defendeu que alargar
o período de transição (para
que se produzissem os efeitos da Lei das Rendas a moradores com idade superior
a 65 anos, nota da minha autoria) de
cinco anos não é solução.
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O Passeio da Graça - uma vista privilegiada |
Segundo este
Coelho, esse prazo deveria ser alargado para 15 anos, tal como o PS defendia
enquanto estava na oposição! Uma falsa questão, no contexto de um país onde os
sucessivos governos vão prestar vassalagem a uma Comissão Europeia, refém e
defensora dos interesses do imperialismo germânico que, por mais de uma vez,
dita as medidas políticas que melhor se compaginem com a política e a
estratégia de empobrecimento que têm imposto à classe operária e ao povo
português.
Se apenas o
vislumbre do poder faz com que PCP, BE e Verdes se disponham – como no passado
– a fechar os olhos e a emudecer face aos efeitos devastadores que esta lei
está a produzir na demografia dos grandes centros urbanos e nas situações de
indignidade, miséria e humilhação a que o povo está a ser sujeito, imagine-se
que alternativas às políticas de direita
que sempre afirmaram combater, teriam para oferecer caso viessem a deter, para
além desse vislumbre, o próprio poder! Um putedo!
Nenhum funil da
regulamentação da lei das rendas, nenhum subsídio ou prorrogação do prazo da
sua aplicação, salvaguardará os interesses dos moradores pobres! Só uma política
democrática e patriótica o assegurará!
O problema da habitação em centros urbanos como Lisboa e o Porto atingiu um tal grau de gravidade que se torna absolutamente imperioso e urgente ter coragem para cortar o nó górdio de toda a questão, ou seja, acabar com a especulação imobiliária, a qual tomou conta do mercado, o distorceu por completo, impedindo que ele funcione, seja com que Lei das Rendas for.
Esse corte só pode ser
efectuado aplicando de imediato duas medidas essenciais que só o PCTP/MRPP
ousou propor e ousará aplicar:
A primeira é a aprovação de uma nova Lei dos Solos, que permita
aos municípios deitar mão e tomar posse de todos os solos urbanos que estejam a
ser alvo e objecto de especulação. É que, a municipalização dos solos urbanos,
para além de um meio de combate à especulação imobiliária, permite a elaboração
de PLANOS MUNICIPAIS transparentes e que sirvam as populações, planos que tem
que ter como objectivo servir as populações e permitir a construção,
preservação, reabilitação e disponibilização de habitações condignas a preços
acessíveis para todos os habitantes.
A segunda é a fixação de um prazo máximo – por exemplo 6
meses – para que os senhorios e proprietários de todas as casas actualmente
DEVOLUTAS, as façam entrar, por venda ou arrendamento, no mercado da habitação
e, caso tal não se verifique, se proceda à colocação de tais casas numa BOLSA
DE ARRENDAMENTO criada pelas Câmaras e subsequente atribuição, mediante
concurso, do arrendamento das mesmas, com rendas limitadas, a jovens e famílias
carenciadas.
Estas são as únicas medidas
capazes de resolverem a contradição actualmente existente que é a de que,
grandes centros urbanos como Lisboa ou o Porto, crescerem em número de casas,
mas diminuírem em habitações, já que os cidadãos não têm dinheiro para as pagar
e os verdadeiros donos das cidades são os patos bravos da construção civil, os
especuladores imobiliários e os famigerados Fundos de Investimento Imobiliário
que, por causa de uma Lei proposta e aprovada pelo PS ainda durante o mandato
de Sócrates, beneficiam de isenções fiscais.
A bandeira da luta
contra esta sinistra lei dos despejos e seus apêndices tem de ser firmemente
empunhada pelos sindicatos e organizações dos trabalhadores, a par das associações
de moradores e associações de inquilinos, e inscrever-se no objectivo mais
geral do não pagamento da dívida e pela constituição de um governo
democrático patriótico, porque do actual governo, que à imagem do anterior se
revela cada vez mais de traição nacional, não há que esperar qualquer mudança
de política.
Sugiro, também, que releiam ainda os artigos propostos
por mim em Maio de 2012 e em Outubro de 2014 sobre esta matéria: