Sobre os
acontecimentos ocorridos no início desta semana em Bruxelas e o choro hipócrita
que provocou em todos os líderes mundiais - sobretudo os das potências
imperialistas e seus lacaios, envolvidos na agressão e pilhagem de povos e
nações em todo o mundo -,proponho uma reflexão que nos permita contrariar o branqueamento que a chamada comunicação social da burguesia faz das
verdadeiras razões que levam às acções de guerra que ocorreram em Paris,
Bruxelas e noutros pontos do mundo.
Unânimes
em adjectivar de barbárie os atentados bombistas que sucederam, agora em
Bruxelas, mas num passado recente em Paris e noutras capitais mundiais, tentam
assim escamotear os milhões de
assassinatos - ou, utilizando a expressão hipócrita dos agressores, danos colaterais - provocados pelas
guerras de agressão e rapina levadas a cabo pelos imperialistas americanos ou
pelos outros imperialismos - desde o russo, ao germânico, passando pelo francês
e pelo inglês.
Chomsky, na sua obra as 10 estratégias para os media – um verdadeiro manual que identifica como a classe dominante fomenta a contra-informação -, escalpelizava muito bem o enquadramento desta autêntica histeria em torno dos atentados terroristas que matam algumas dezenas de pessoas, enquanto se branqueia o genocídio por detrás das acções de barbárie levadas a cabo no Vietname - quem não se recorda das bombas de napalm? -, no Afeganistão, no Iraque, no Mali, na Nigéria, no chamado corno de África, na Líbia, no Líbano, na Síria, etc.
Os dados objectivos estão aí para provar que, em nome dos direitos humanos, da prevenção do uso de armas de destruição maciça ou, simplesmente, em defesa do princípio da soberania limitada, os maiores assassinos que a história conhece são aqueles que agora vertem lágrimas hipócritas sobre as vítimas dos atentados de Bruxelas ou Paris, enquanto se tentam eximir ao julgamento que a história e os povos não deixarão de lhes fazer, por terem sido os executores dos maiores crimes contra a humanidade.

Numa
guerra de agressão que durou de 1955 a 1975, só em 1973, ano em que a potência
imperialista americana foi humilhada e derrotada em toda a linha, e se viu
obrigada a capitular, os EUA haviam estacionado na região mais de 700 mil
soldados. Nesta guerra morreram 58 mil soldados americanos e, apesar da
enormidade bárbara dos números apontar para mais de 1 milhão de mortos entre
cívis vietnamitas, existem algumas estimativas que apontam para um número muito
superior, de cerca de 3 milhões de vítimas nesta guerra de agressão
imperialista.
Uma
guerra onde os EUA utilizaram profusamente uma arma química que viria a vender –
também profusamente, - a regimes como o iraquiano, antes de estes terem passado
de aliados a inimigos figadais. O agente laranja destruiu de forma
irreversível enormes extensões de plantações florestais e agrícolas e causou a
morte e a malformação e contaminação de crianças, adultos e idosos, com efeitos
devastadores que ainda hoje se revelam. Quem são, então, os terroristas?
Se, mesmo
assim, os que agora choram as vítimas dos atentados de Bruxelas, não se deixarem
convencer sobre quem são, afinal, os verdadeiros terroristas, falemos sobre o
Iraque onde, à pala da justificação
de que se trataram de danos colaterais,
milhares de civis foram assassinados, as suas casas, aldeias e cidades
destruídas, obrigando a que mais de 3 milhões se vissem forçados a procurar
refúgio, ou noutras regiões do país ou, a maioria, noutros países, integrando
as vagas de refugiados que hoje tanto
afligem as potências que criaram as
condições para que estas estejam a ocorrer.
Ainda
sobre o Iraque, apesar de ter envolvidos cerca de meio milhão de soldados, o número de militares aliados mortos neste conflito cifrou-se em 299! Enquanto o número
de iraquianos – na esmagadora maioria civis – assassinados pelas tropas de
agressão imperialista se situa em cerca de 500 mil mortes. Claro que
sempre classificadas com o rótulo de danos
colaterais numa guerra para a qual a justificação
encontrada foi a de que era imperioso fazer chegar à região os direitos humanos e desmantelar o arsenal de armas de destruição maciça possuídas por Saddam e seu regime.
No
Afeganistão, outro país onde os imperialistas americanos quiseram escamotear a
verdadeira natureza do conflito – isto é, a sua necessidade de desalojar do
território a outra potência imperialista, a ex-União Soviética – com a defesa
do que entende serem os direitos humanos,
segundo dados da ONU, desde 2001, entre soldados, resistentes e população
cívil, são mais de 150 mil os mortos e de 160 mil o número de feridos!
Antes da
invasão e guerra levadas a cabo pelos imperialistas americanos e seus aliados, já a extinta União Soviética –
outra potência imperialista - havia
empenhado 115 mil soldados numa guerra pela imposição dos seus interesses
geoestratégicos na região – com a justificação
de ter acorrido a um pedido do seu aliado pró-Moscovo então no poder. Nesse
conflito morreram 15 mil militares soviéticos e foram assassinados mais de 1,2
milhões de afegãos!

Dados recolhidos
e divulgados pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos, que não incluem os
milhares de desaparecidos durante os quase 5 anos de guerra, revelam que já
foram assassinados cerca de 300 mil elementos do povo, sendo Aleppo uma das
cidades mais devastadas da Síria.
Nunca é
demais recordar que foram aqueles que agora vertem lágrimas de crocodilo sobre as mortes que o conflito na Síria
produz, os mesmos que armaram e financiaram as milícias – algumas delas
transitaram da Líbia para a Síria -, que pretendem derrubar o regime de Assad
para implantar um regime mais domesticado
e conforme com os interesses dos EUA e aliados
naquele país. E, claro está, um regime assente no firme princípio dos direitos humanos que, como é do
conhecimento público, é profusamente aplicado pelo principal aliado dos EUA na
região, a Arábia Saudita!

Conforme afirma o meu camarada Arnaldo Matos
numa carta endereçada ao camarada Lúcio, publicada no Luta Popular online : ”O
imperialismo, ele próprio terrorista, é que é a única causa real do terrorismo
no mundo. Enquanto houver imperialismo, haverá sempre violência terrorista, a
qual não sendo a forma própria da violência da classe do proletariado, é
todavia a forma típica da violência imperialista e também daqueles povos e
nações que não tendo os meios tecnológicos apropriados para responder às
sofisticadas tecnologias de guerra dos imperialistas, só lhes resta o tipo de
guerra que exige os meios e as formas mais baratos, mas por vezes também
eficazes, para dobrar a espinha aos imperialistas mais poderosos. Toda a
comunicação procura ocultar e oculta, os crimes do imperialismo, onde mataram
sem declaração de guerra, nem aviso prévio, milhares de homens, mulheres velhos
e crianças inocentes”.
De que terror
estamos, pois, a falar?! Quem são os verdadeiros culpados?! E, já agora, quem
pode clamar inocência quando chora as mortes de Paris, Bruxelas ou Ancara e
coloca a cabeça debaixo da areia como a avestruz perante as guerras de agressão
imperialista e os genocídios que estas provocam?! " Quando desabarem sobre nós
as consequências normais de um conflito armado para o qual nunca nos devíamos
ter deixado arrastar, então que não se diga que estamos todos inocentes numa
guerra que deveríamos ter previsto e contra a qual nos deveríamos ter erguido e
revoltado sem hesitações desde o primeiro momento."
Mais um texto de Paul Craig Roberts a denunciar o terrorismo ianque.
ResponderEliminar"Como Eles Brainwash Us - Paul Craig Roberts"
"Podemos observar a inexecução da mesma media na arena dos negócios estrangeiros. O exército sírio ajudado pela força aérea russa apenas libertou Palmyra das tropas ISIS que Washington enviou para derrubar o governo sírio. Embora fingindo estar lutando ISIS, Washington e Londres estão em silêncio sobre esta vitória sobre o que é suposto ser uma frente comum contra o grupo terrorista."
http://www.paulcraigroberts.org/2016/03/30/how-they-brainwash-us-paul-craig-roberts/