Cinco anos volvidos ...
e a festa, pá?!

Valendo-se do facto de ter nas suas mãos os meios de
produção audiovisual e escrita, a burguesia, a classe dominante, tentou
transformar estes eventos em meros exercícios
cívicos , manifestações de cidadania,
onde o povo teve os seu momentos contestatários,
aliviou a bílis e a raiva incontida para, logo de seguida, esses governos fazerem
o que lhes é costumeiro.
Isto é, dourar a pílula do roubo dos salários e do
trabalho, da facilitação e embaratecimento dos despedimentos, do agravamento
dos impostos, da dificultação do acesso à saúde e ao ensino, do agravamento do
desemprego e da precariedade, ao aprofundamento dramático da humilhação, da
fome, da miséria e do sofrimento, factores que levaram, precisamente, mais de
meio milhão de elementos do povo à rua a 12 de Setembro de 2011 e mais de um
milhão de trabalhadores e elementos do povo a invadir as ruas e praças de cerca
de 40 cidades do nosso país a 15 de Setembro de 2013.
O resultado é que hoje, tal como à época daqueles eventos,
o governo do PS, com o beneplácito das suas muletas da restante esquerda
formal, parlamentar, foram prestar vassalagem à tróica germano-imperialista. Quem
não se recorda da figura patética de Costa, em conferência de imprensa conjunta
com a nova fuhrer, ao afirmar, quando perguntado àcerca da Lei Geral do
Orçamento para 2016, cujo draft tinha
acabado de ser entregue na Comissão Europeia (uma autêntica correia de
transmissão ao serviço do imperialismo germânico) que não ía ali incomodar a Srª Merkel com esse assunto!
A exigência de expulsão da tróica germano-imperialista
de Portugal, que era reclamada pela esmagadora maioria dos trabalhadores e populares
que se manifestaram, sobretudo em 15 de
Setembro de 2013, foi traída. Escamoteando ou tentando mitigar a condição de
protectorado ou colónia a que sujeitaram Portugal, vê-se agora o PS a defender
o cumprimento dos acordos internacionais que impuseram em nome do povo
português, sem que este tenha sido tido ou achado aquando, nas suas costas,
eles foram firmados por toda a sorte de vendidos.

É bom, agora que tomou posse como presidente da
república, relembrar o que afirmava Marcelo
Rebelo de Sousa (e outros comentadores
do regime), sobretudo à saída da manifestação do 15 de Setembro de 2013. Dando
uma no cravo e outra na ferradura, dizia que, vá lá, o povo tem as suas razões, para rematar que aquele era um caminho sem outra saída, e que, se
Portas e Passos se entendessem a questão
se resolve.
Entre os muitos cartazes que se exibiam durante a
manifestação de 15 de Setembro, dois saltaram à vista pela importante síntese
que encerravam. No primeiro, podia-se ler: quem te meteu no buraco nunca te tirará dele,
com fotos de Soares, Cavaco e Passos, uma alusão clara a que os trabalhadores e
o povo português têm, nos dias que correm, uma cada vez mais elevada
consciência quanto a quem foram os responsáveis pela destruição do tecido
produtivo do país, que arrastou Portugal para um endividamento sucessivo,
consequência de ter de importar mais de 80% daquilo que necessita para se
alimentar e gerar economia, e que nada mais podem esperar destas figuras e das
políticas que sempre defenderam, senão o agravamento sucessivo das suas
condições de vida.
Outro dos cartazes, remete-nos para uma reflexão de
fundo mais importante. Provavelmente a mais importante de todas quando fazemos
o rescaldo da grandiosa manifestação de 15 de Setembro e nos questionamos: E
agora, o que fazer?. Dizia o cartaz em questão: Não deixem que
o cravo de ontem encrave a revolução de hoje! Encravar a revolução,
naquela época, seria não perceber que era vital para os interesses dos trabalhadores
e do povo português o derrube do governo de traição nacional Coelho/Portas e do
seu patrono Cavaco, e a expulsão da tróica do nosso país.

Estamos a falar, claro está do tratado da união
bancária, que promove a liquidação pura e simples do nosso sistema bancário e
financeiro, colocando-o à mercê dos grandes grupos financeiros e bancários
europeus – com a Alemanha à cabeça – e do tratado orçamental que priva o nosso
país da sua soberania fiscal, cambial e aduaneira.
A saída pífia que António Costa, o PS e as suas muletas – PCP, BE e Verdes – propõem, está
contaminada e refém da chantagem da expulsão
de Portugal da zona euro e da catástrofe que representaria para os
trabalhadores e o povo português se tal viesse a ocorrer.
Ao derrotar de forma clara e retumbante a coligação
PÀF que agregava os dois partidos da traição nacional – PSD e CDS/PP - as
massas trabalhadoras e o povo português, deram um sinal claro de que
compreendiam que a única saída que interessava à defesa dos seus interesses,
passava pela constituição de um governo de unidade democrática e patriótica. Hoje
é cada vez mais claro que esse objectivo só poderá ser alcançado através da
luta organizada, nas fábricas, nos campos, nas escolas, nos serviços, nas
cidades, vilas e aldeias, em toda a parte onde trabalha e vive a população
trabalhadora e os seus aliados neste combate.

No contexto da luta política actual – e integrada no
programa mais geral de repúdio da dívida, da saída do euro e da União Europeia,
e da saída desse pacto de agressão imperialista que dá pelo nome de NATO -, se é certo que esta foi uma conquista imposta
pelos trabalhadores da função pública,
não menos certo é que está na altura da classe operária, dos
trabalhadores do sector público e privado, integrarem o caudal dessa luta e se
juntarem à luta que os trabalhadores da administração pública encetaram para
exigirem que em todos os locais de trabalho sejam aplicadas as 35 horas
semanais e 7 horas diárias, o descanso semanal de dois dias – ao sábado e ao
domingo -, os 25 dias úteis de férias anuais e as majorações em função da idade
e da antiguidade.
Trabalho muito bem elaborado sim senhor. Li com muito interesse e vou passá-lo ao tablet.
ResponderEliminarUma vez mais não deixe de tomar a liberdade de publicar as tuas magnificas e excelentes mensagens... Aqui fica uma vez mais meu obrigado.
ResponderEliminarTão curioso como a política de esquerda sempre oprimiu e matou por todo o mundo e, agora, aumenta os impostos já insuportáveis
ResponderEliminarEnraiveciam com os anteriores impostos; contentam-se com impostos mais elevados. Só de quem não raciocina!