domingo, 6 de maio de 2012

Eleições em França: Mudar de figurão para que tudo fique na mesma!

As eleições francesas determinaram a queda do saltapocinhas Sarkozy, até agora o fiel valet de chambre da chancelerina Merkel, e a eleição para a presidência da república burguesa em França, de François Hollande. Haverá muita gente - até em Portugal - que pensará que mudando o actor muda o cenário! A questão é que o argumento deste filme é sempre o mesmo e está...VICIADO! Só um novo guião poderá mudar o género e proporcionar um novo filme, uma história realmente nova!

Dirão alguns intelectuais néscios e diletantes que está aqui a prova provada de que a França, tal como no passado, resiste ao ditador alemão. Como em tudo, em França também houve franceses que gostaram da ocupação nazi: Pétain e seus seguidores capitulacionistas não podem ser branqueados da história. Assim como não pode ser branqueado o papel que outros franceses, operários e trabalhadores, tiveram no derrube e na derrota de Pétain, bem como na expulsão do invasor nazi de França: a resistência francesa.

Os mesmos intelectuais que virão anunciar que agora sim, a Europa está salva! Porque, agora, Hollande fará frente à Srª Merkel e poupará a União Europeia da destruição! Mas, seria um grande avanço histórico, sobretudo para os trabalhadores e para os povos da Europa, mas também para o resto do mundo, que a chamada Unidade Europeia estoirasse de vez. Será o que acabará por acontecer, mas mais valia que fosse cedo do que tarde!

Dizia Marx e confirmava Lenine que os Estados Unidos da Europa, para além de ser uma proposta burguesa profundamente reaccionária, constitui uma impossibilidade face às contradições nacionais existentes, de ciclo económico e de raiz cultural, às contradições no seio dos diferentes sectores da burguesia europeia. Os trabalhadores e os elementos do povo mais conscientes, há muito que perceberam que a unidade e a solidariedade europeia, tão veementemente anunciadas, mais não serviram do que os interesses do imperialismo germânico para dominar e subjugar a Europa e os seus povos, conseguindo o que nem Hitler, com o enorme poder bélico de que dispunha, alguma vez logrou!

A diferença de Hollande em relação a Sarkozy, será idêntica - retirando dimensão e escala – à de Seguro em relação à dupla Passos/Portas: todos eles estão de acordo que o povo viveu acima das suas possibilidades, ambos estão de acordo em branquear as verdadeiras razões das chamadas dívidas soberanas, ambos estão de acordo em que devem ser os suspeitos do costume a pagá-las - o povo -, ambos estão de acordo na necessidade de aplicar políticas de austeridade – que em Portugal, e noutros países, configuram verdadeiras medidas terroristas e fascistas.

Então, questionar-se-ão alguns, nada os diferencia? Sim, o tamanho do cacete! Uns querem roubar do povo tudo de uma vez e depressa, outros querem roubar aos poucos, por mais tempo e sem dor! Já se está mesmo a ver que a parelha Merkozy, da cantilena tão ao gosto de alguns, passará a exibir novo refrão: Merkollande! Entre um e outro venha o diabo e escolha.

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