segunda-feira, 7 de maio de 2012

Eleições legislativas na Grécia – A derrota dos partidos da Tróica

No seguimento da demissão de George Papandreou, em boa verdade afastado pela Tróica quando o então presidente do PASOK pretendeu referendar o acordo obtido em Outubro, e após igual destino do governo interino chefiado por Papademos, impossibilitado, pela greve geral grega, de aplicar um novo e ruinoso pacote de austeridade, o povo grego foi chamado a eleições legislativas antecipadas que decorreram ontem.
Para além de uma forte abstenção a traduzir um voto de protesto contra a política de mentira e hesitações dos partidos que têm estado no poder, o povo grego manifestou ainda a sua clara rejeição da política de massacre e humilhação desencadeada pela Tróica germano-imperialista, infligindo uma pesada derrota ao PASOK (passou de 44% para 13,2%) e Nova Democracia (ND), de 33,5 para 18,9% dos votos, que, tal como cá os correspondentes PS e PSD, continuam desesperadamente a tentar impor ao povo grego o pagamento da dívida soberana, ainda que agora fragilizados por, juntos, não deterem sequer a maioria dos deputados.
Por seu turno, os partidos e organizações que, de uma forma ou de outra, se opõem ao memorando da Tróica e à politica de submissão germânica, registaram subidas assinaláveis.
No campo da chamada esquerda, há a registar o facto de uma coligação designada de Syriza – agrupando mais de uma dezena de partidos de extrema-esquerda (trotskistas, anarquistas, ecologistas...) – ter obtido a eleição de 52 deputados (a segunda organização mais votada), mas que, ainda que defendendo agora a formação de um governo de maioria de esquerda, revela incorrer na mesma estratégia errada defendida em Portugal pelo BE e pelo PCP de renegociar (enfrentar e reduzir, nas palavras do seu responsável) a dívida e, seja em que circunstâncias for, a não saída do euro.
Ora, o que a realidade, tanto na Grécia como em Portugal, se encarregou de demonstrar é que não há forma nenhuma que permita aos países endividados pagarem a sua dívida soberana.
Afastar a possibilidade ou mesmo a defesa da saída da zona euro, é ceder à chantagem dos interesses hegemónicos da Alemanha e abandonar a única alternativa que se impõe aos povos alvo da política da Tróica germano- -imperialista e que é a do não pagamento da dívida e a adopção de um programa de desenvolvimento económico que sirva os interesses desses povos, mesmo que isso conduza ou tenha que passar pelo abandono da zona euro.
Finalmente, uma referência à votação expressiva obtida pela extrema-direita no partido neo-nazi Aurora Dourada (21 deputados eleitos) – tanto na Grécia como noutros países em que o desemprego, como consequência da política dos partidos no poder, atinge níveis dramáticos, atirando para a fome e a miséria milhares de trabalhadores sem direito a qualquer prestação social, situações destas tornam-se terreno fácil para que fascistas e nazis ganhem força, usando de uma perigosa demagogia que acaba por arrastar mesmo um sector dos trabalhadores. Principalmente aqueles cuja política é a verdadeira responsável pelo ressurgimento destes movimentos e que agora aparecem a mostrar-se muito preocupados com o fenómeno, não deviam esquecer as condições e as causas da ascensão de Hitler na Alemanha.
O povo grego contará com a solidariedade do povo português e os trabalhadores portugueses não deixarão de obter a solidariedade do povo grego na sua luta comum contra a Tróica e os traidores seus lacaios e pela libertação da exploração e opressão impostas pelo colonialismo alemão.


Retirado de:
http://www.lutapopularonline.org/index.php/internacional/188-eleicoes-legislativas-na-grecia-a-derrota-dos-partidos-da-troica

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