sexta-feira, 11 de maio de 2012

O LOGRO DA "TAXA TOBIN" OU COMO O CAPITALISMO SE AUTO-FINANCIA

Se algo encanta a burguesia é porque daí poderá resultar maior exploração sobre a classe operária, os trabalhadores e o povo.

Por isso, quando vemos tantos serventuários do grande capital, desde Durão Barroso até Angela Merkel, passando pelo em boa hora deposto Sarkozy, Cameron e o representante do supra-sumo do capitalismo mundial, Barack Obama, a considerarem que a reintrodução da Taxa Tobin poderia ser uma boa medida, nós, os pobres da terra, ficamos desconfiados com a grandeza da esmola!

James Toblin, um economista americano que nos anos 70 do Século XX propôs que se aplicasse um imposto, ou taxa, que considerava diminuto - de 0,1% a 0,25% - sobre as transações de divisas internacionais, defendia que esse imposto possibilitaria alcançar dois objectivos. Segundo palavras suas:

1. "O primeiro seria fazer com que as taxas de câmbio das divisas internacionais reflectissem mais os fundamentos económicos de longo prazo do que as expectativas e os riscos de curto prazo..."

2. "O segundo, seria preservar e promover a autonomia das políticas macroeconómicas e monetárias frente aos mercados financeiros..."

Isto é, o que a Taxa Tobin visava para este economista keynesiano era, por um lado, a redução da especulação nos mercados de moedas e, por outro, permitir que os governos e seus bancos centrais, pudessem aumentar a alíquota sobre as transações financeiras, tentando, assim, evitar a fuga de capitais na ocorrência de crises internacionais, como a que se verifica na actualidade.

Resumindo, Tobin acreditava que este taxa poderia limitar a especulação financeira internacional, sobretudo em períodos de grande crise ou crash financeiro.

Parecendo uma taxa robin hood, que incide sobre o grande capital financeiro e bancário para o disciplinar, e anunciada como uma medida geradora de fundos para aliviar a pressão dos mercados financeiros sobre as dívidas soberanras e, portanto, geradora de maior justiça social, já que aliviaria a pressão sobre as medidas que os governos americano e europeus - sobretudo em países como a Grecia, Portugal e Irlanda - estão a impôr à classe operária e aos trabalhadores em geral, mas também a pequenos e médios empresários, a verdade é bem outra.

Com o mercado bancário e financeiro desregulado como está (isto é, regulado da forma que mais interessa aos detentores do grande capital), será fácil para o grande capital burlar o sistema político por si dominado e, uma vez mais, tirar da aplicação da Taxa Tobin benefícios próprios e adicionais. O que, em contraponto, corresponderá a maiores sacrifícios para os trabalhadores e para os pequenos e médios empresários.

Isto porque, óbviamente, o grande capital financeiro e bancário irá transferir os custos da Taxa Tobin, se ela vier a ser aplicada, precisamente para os suspeitos do costume - os trabalhadores -, aumentando os spreads e as taxas de juro a aplicar sobre as transacções correntes que, por sua vez, redundariam em taxas de inflação mais elevadas e, obviamente, diminuição do poder de compra de quem trabalha, provocada pela diminuição real da massa salarial e mais recessão e desemprego.

Os marxistas-leninistas devem estar atentos a esta manobra e denunciá-la activamente, tanto mais que por essa Europa fora, e Portugal não escapa à tendência, existe uma certa esquerda domesticada, que a burguesia agora, por moda, apelida de radical, que já anuncia a Taxa Tobin como uma panaceia que alivia a pressão que está a ser feita sobre os trabalhadores e constitui uma medida de maior justiça social e repartição dos sacrifícios. O mesmo tipo de esquerda que, por não percebido que a natureza desta crise e das dívidas soberanas são burguesas, indica como caminho a trilhar pela classe operária e pelos trabalhadores, o pagamento de uma dívida que não foi contraida por eles, nem foi contraida para seu benefício, desde que em prestações suaves e juros baixinhos.

A mesma esquerda que chega ao cúmulo de considerar a existência de uma parte legítima da dívida e outra ilegítima, escamoteando que a dívida é toda ela ilegítima, ilegal e odiosa, pois, para além de não ter sido contraida pelo povo, nem ter sido contraida para seu benefício, compromete a independência dos países alvo da estratégia de subjugação e colonização por parte da tróica germano-imperialista, que se utiliza da dívida como instrumento dessa dominação.

O caminho da esquerda, quer em Portugal, quer noutros países que sofrem o mesmo tipo de ataque, cujos povos e trabalhadores são sujeitos às mesmas medidas terroristas e fascistas que a tróica germano-imperialista, através dos seus serventuários, lhes impõe é o de organizar-se e mobilizar todas as camadas populares para a recusa do pagamento de uma dívida ilegal, ilegítima e odiosa. NÃO PAGAMOS!

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