domingo, 27 de maio de 2012

Unidade da esquerda ou capitulação?!

Sempre que o movimento revolucionário e de ruptura revolucionária crescem, sempre que a luta de classes se agudiza, surgem as patetices sobre a unidade da esquerda versus unidade da direita, como se a questão pudesse ser reduzida a esta abordagem maniqueísta do bom/mau, quente/frio ou preto/branco.

Quem se entretém com este basismo e simplismo filosófico e político não se apercebeu de várias coisas, entre as quais se destacam as seguintes:

1º Que alguns do que se reclamam da esquerda mais não são do que 5ªs colunas da burguesia e do seu sistema capitalista. Veja-se o exemplo da Grécia. Conotando-se como um partido anti-tróica, o Syriza, no entanto, dispõem-se a formar uma maioria de governo para gerir o sistema burguês, achando que propôr algumas emendas ao memorando com a tróica  germano -imperialista e manter a Grécia na União Europeia e no Euro, precisamente aqueles que são o factor da crise e do endividamento porque atravessa aquele país e aquele povo, faz com que este partido e o seu programa o transforme, instantaneamente, num partido com um programa de esquerda.

2º Que mais do que palavras, que as leva o vento, a pedra de toque que distingue a verdadeira da falsa esquerda, em Portugal, é a que distingue aquela que é pelo NÃO PAGAMENTO de uma dívida que não foi contraída pelo povo, nem foi contraída para seu benefício, daquela que lamentando as políticas de austeridade - terroristas e fascistas – que a burguesia impõe sobre os trabalhadores e sobre o povo, admite, no entanto, renegociar ou reestruturar a dívida, isto é, admite haver uma parte ilegítima e uma parte legítima da dívida, escamoteando que o que torna TODA a dívida ilegal, ilegítima e odiosa é o facto de, para a pagar, ser necessário exaurir os recursos de uma nação e de um povo para pagar juros faraónicos e especulativos, escamoteando que tal pagamento assenta tão só no objectivo da burguesia, à custa da chantagem da dívida, transferir activos e empresas estratégicas, a preços de saldo, para as mãos de privados.

Uma unidade deste tipo não só é impossível como, quem a deseja tem por objectivo desarmar a luta dos trabalhadores e do povo para a necessidade da luta, dura e prolongada, que é necessário que trave contra aqueles que, precisamente, desenharam o sistema de forma a maximizar a exploração do homem pelo homem.

E , claro está, só a unidade de todas as camadas populares consubstanciada no objectivo de REPUDIAR  uma dívida que não contariam, nem dela beneficiaram, pode entender que para alcançar tal objectivo é absolutamente vital o derrube deste governo e a expulsão da tróica germano-imperialista do nosso país. Essa, sim, é a verdadeira esquerda, a esquerda que quer levar a cabo um programa democrático patriótico que passa, desde logo, pela nacionalização da banca e de todos os sectores e empresas estratégicas no país, colocando-os ao serviço e sob o controlo dos trabalhadores, uma esquerda com um programa de investimentos produtivos e criteriosos que crie riqueza e emprego e assegure a nossa independência nacional.

Uma esquerda que está disposta a assumir o poder e não uma pseudo-esquerda que se eterniza em lamentos diletantes e desmobilizadores face ao poder e às medidas terroristas e fascistas aplicadas pela tróica germano-imperialista, através dos seus serventuários Passos/Portas, com o beneplácito de Seguro e do seu PS.

Dessa unidade estamos fartos!

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