De tempos a tempos, demonstrando alguma insatisfação
com a eficácia da acção de algumas das forças políticas que com ela mantêm
uma concertada política de desmobilização e desorientação das
lutas populares, a burguesia provoca cisões e correspondente criação de novos
partidos, sobretudo da área que se reclama da esquerda. Partidos
que, como o Livre ou a Plataforma 3D, quando vêem a luz do dia a primeira
palavra que aprendem a pronunciar é sectarismo, segundo eles
um óbice fatalmente histórico à tomada do poder por parte da esquerda.
Tantas foram as cisões, tantas as tentativas de unidade sem
princípios, com que legiões de anti-sectários ao longo das
últimas décadas brindaram os trabalhadores e o povo português que se torna
imperioso, num momento em que é vital uma unidade entre todas as forças
democráticas e patrióticas para derrubar o governo de Coelho e Portas, tutelado
por Cavaco, reavivarmos a nossa memória colectiva:
- Quando após o 25 de Abril de 1974 nós defendíamos que o que tinha
acontecido tinha sido um golpe de estado e que o sistema capitalista não
tinha sido destruído, nem o seu estado, fomos acusados de sectários. E o
resultado está à vista;
- Quando quiseram levar os operários e camponeses a trocar a sua
aliança, fundamental para a revolução, pela aliança Povo/MFA e
nós denunciámos isso como uma manobra oportunista e suicida, apodaram-nos
de sectários e impediram - muito democraticamente - que
participássemos nas primeiras eleições livres do pós-25
de Abril – precisamente as que elegeram a Constituinte. E o resultado está
à vista;
- E, para que não restassem dúvidas sobre quão democráticos eram,
para além de termos sido impedidos de participar nas eleições,
lançaram os cães do COPCON, com o seu treinador-mor Otelo Saraiva de
Carvalho sobre as sedes do nosso partido, invadindo-as e prendendo
centenas de militantes do MRPP, sujeitando-os – como havia acontecido
antes do 25 de Abril – a inúmeras torturas nas suas prisões.
- Quando nos vieram vender a ilusão da entrada na CEE e nós denunciámos que
não era Portugal que ia entrar naquela comunidade, mas
sim a CEE que ia entrar por Portugal a dentro, acusaram-nos de sectários e
de querermos estar orgulhosamente sós. E, o resultado está à
vista;
- Quando denunciámos que a entrada na CEE e a assinatura dos diferentes
Tratados - Maastricht,Schengen, Nice, Lisboa, etc. - haviam
propositadamente destruído o nosso tecido produtivo, provocado um
decréscimo de 30% da classe operária, a migração de mais de 700 mil
trabalhadores e assalariados rurais e havia representado a destruição de
mais de 30 mil postos de trabalho para pescadores e
trabalhadores ligados às indústrias do mar, para além de pura e
simplesmente terem levado à destruição da siderurgia, da
metalomecânica/metalurgia, das minas, da indústria de reparação e
construção naval, da marinha mercante e da frota de pescas, da
agricultura, etc., para melhor facilitar a dependência de Portugal de
terceiros (importamos hoje mais de 80% daquilo de que necessitamos para
alimentar o povo e gerar economia),disseram-nos que, agora, o mal estava
feito e era necessária uma oposição inteligente. E o resultado
está à vista!
- Quando exigimos que se desse a possibilidade ao povo de discutir e
votar em referendo a assinatura do Tratado de Maastricht, muitos dos pais
dos anti-sectários de hoje acusaram-nos de velhos
do Restelo por estarmos a tentar contrariar a inevitável marcha
para uma Europa moderna. E o resultado, está bem à vista!
- Quando denunciámos as manobras de arrastarem a luta dos trabalhadores
para a mesa da concertação social, escamoteando que estamos no
meios de uma intensa luta de classes e não num passeio primaveril, no
final do qual, as partes - cujos interesses serão sempre antagónicos entre
si - iriam tomar um cházinho das 5, apodaram-nos
de...sectários! E os resultados estão à vista!
- Quando afirmamos que a dívida faz parte do processo de subjugação de
uma nação ou grupo de nações sobre outras (tal como tinha ocorrido durante
a época colonial em que Portugal subjugava as ex-colónias à custa da
pendência da dívida) e só há uma resposta a dar que é a de NÃO PAGAMOS!,
os mesmos oportunistas que em 1982 (aquando da 1ª intervenção do FMI)
defendiam a renegociação e a reestruturação da
dívida em nome da responsabilidade democrática e de
esquerda, vêm de novo defender esse programa, apodando-nos, de
novo, de sectários!
O facto de eles fingirem não compreender que a dívida
é esse instrumento e, pior do que isso, que a burguesia, os grandes grupos
económicos e financeiros, desejam que ela se torne IMPAGÁVEL para alimentar uma
renda e a acumulação capitalista, é um problema desses oportunistas.
Preferimos, assim sendo, ser sectários, mas representar, defender e bater-nos
por aquilo que largas centenas de milhar de trabalhadores e elementos do povo
manifestaram em 15 de Setembro de 2012 e noutras ocasiões, cumprindo o mandato
popular que nesse dia foi imposto e que se resume no programa mínimo a que mais
abaixo fazemos referência.
Dizerem que somos sectários, neste contexto, é um elogio e não um anátema! A história tem vindo a provar a justeza das nossas posições. A história avaliará quem tem razão e não perdoará, certamente, a quem, de conciliação em conciliação, de desvio em desvio, se encarregou de minar o movimento revolucionário que se iniciou em 25 de Abril de 1974, frustrando e traindo as aspirações que quem trabalha havia depositado nesse evento.
Dizerem que somos sectários, neste contexto, é um elogio e não um anátema! A história tem vindo a provar a justeza das nossas posições. A história avaliará quem tem razão e não perdoará, certamente, a quem, de conciliação em conciliação, de desvio em desvio, se encarregou de minar o movimento revolucionário que se iniciou em 25 de Abril de 1974, frustrando e traindo as aspirações que quem trabalha havia depositado nesse evento.
O nosso caminho será sempre aquele que a classe
operária, os camponeses, os trabalhadores e o povo em geral assumem como sendo
o único para resolver a seu favor a contradição dos nossos tempos: aquela que
opõem a natureza social do trabalho à apropriação privada da riqueza gerada por
ele.
Aos que, em nome da unidade a todo o custo, em nome de
um anti-sectarismo de pacotilha e incoerente, advogam uma
unidade entre as cúpulas partidárias dos partidos de esquerda
– onde alguns consideram a hipótese de incluir a actual direcção do PS – nós
opomos a necessidade de uma ampla frente de trabalhadores e elementos do povo
com e sem partido, de intelectuais e reconhecidas figuras democráticas e
patrióticas, da juventude estudantil, de empenhados e combativos dirigentes
sindicais e de organizações populares de massas, de plataformas cidadãs, com
base e dispostos a defender e a aplicar um programa mínimo que passa pelo:
- derrube do actual governo
- constituição de um governo democrático patriótico
- Não pagamento de uma dívida ilegal, ilegítima e odiosa
- Plano de desenvolvimento económico que passe por restaurar o tecido
produtivo destruído e por investimentos criteriosos que possibilitem uma
economia independente
- saída do euro
- referendo sobre a permanência de Portugal na União Europeia, mas
defendendo claramente os seus subscritores a saída do país de tal
plataforma
- Denúncia e revogação de todos os tratados que os sucessivos governos
de PS e PSD, com o CDS pela trela, assinaram e que retiraram a Portugal a
sua soberania fiscal, orçamental e cambial
- Revogação de todas as medidas terroristas e fascistas que este e os
anteriores governos adoptaram para fazer o povo pagar uma dívida que não
contraiu nem dela beneficiou
- Devolução de todo o dinheiro e trabalho, de todos os "benefícios
sociais" que foram roubados ao povo e a quem trabalha.
Eis um programa de unidade, que pode congregar não só
a esquerda, mas todos os democratas e patriotas, como exige o actual
alinhamento de classes e interesses de classe na sociedade portuguesa.
Se não for para conquistar esses pontos - que nem
sequer correspondem ao programa máximo da revolução, mas sim a um estadio
democrático e patriótico - de que vale, então, a unidade?! Para continuar tudo
na mesma?!
Isto é, não pagar a dívida, sair do euro e da União Europeia são ou não condições essenciais para recuperar a soberania nacional, poder levar cabo uma política cambial, fiscal e orçamental autónomas e independentes e poder prosseguir um paradigma de economia que esteja ao serviço do povo e de quem trabalha?
Não se vislumbra, pois, senão na cabecinha de alguns anti-sectaristas, que outro programa político mínimo poderia obter estes fins. Renegociar ou reestruturar a dívida é assumir que o que está mal não é o próprio conceito de União Europeia , nem o euro, mas sim uma certa visão tecnocrata e neo-liberal no que concerne à gestão de tão potencialmente solidário espaço. Pura vesguice política!
Nada mais falso! A União Europeia, o euro e o Tratado Orçamental são peças de um puzzle que foi criteriosamente montado para defender os interesses de uma potência imperialista como a Alemanha. Um país que julga ter descoberto ser mais fácil tomar a fortaleza por dentro do que andar aos tiros como os seus antepassados, o Kaiser ou um fuhrer como o Hitler, para a tomar de assalto. Mas cuja política conduzirá, inevitavelmente, não à apregoada paz, mas à inevitável guerra a que o imperialismo e o capitalismo inexorávelmente conduzem os povos e as nações.
Para alianças e unidades custe o que custar e sem princípios, não contem connosco. Não contaram no passado - e veja-se ao que as políticas das direcções oportunistas de PS, PCP e BE - antes PSR e UDP) conduziram operários e trabalhadores -, também agora, não contarão!
As alianças têm de se consolidar na luta e não podem derivar da soma matemática dos votos dos diferentes partidos, nem de uma confabulação de cúpulas. Tem de surgir da vontade de um amplo movimento de pessoas com e sem partido, plataformas cidadãs, sindicatos, associações populares, intelectuais, estudantes, etc., que queiram levar a cabo aquele programa mínimo.
Isto é, não pagar a dívida, sair do euro e da União Europeia são ou não condições essenciais para recuperar a soberania nacional, poder levar cabo uma política cambial, fiscal e orçamental autónomas e independentes e poder prosseguir um paradigma de economia que esteja ao serviço do povo e de quem trabalha?
Não se vislumbra, pois, senão na cabecinha de alguns anti-sectaristas, que outro programa político mínimo poderia obter estes fins. Renegociar ou reestruturar a dívida é assumir que o que está mal não é o próprio conceito de União Europeia , nem o euro, mas sim uma certa visão tecnocrata e neo-liberal no que concerne à gestão de tão potencialmente solidário espaço. Pura vesguice política!
Nada mais falso! A União Europeia, o euro e o Tratado Orçamental são peças de um puzzle que foi criteriosamente montado para defender os interesses de uma potência imperialista como a Alemanha. Um país que julga ter descoberto ser mais fácil tomar a fortaleza por dentro do que andar aos tiros como os seus antepassados, o Kaiser ou um fuhrer como o Hitler, para a tomar de assalto. Mas cuja política conduzirá, inevitavelmente, não à apregoada paz, mas à inevitável guerra a que o imperialismo e o capitalismo inexorávelmente conduzem os povos e as nações.
Para alianças e unidades custe o que custar e sem princípios, não contem connosco. Não contaram no passado - e veja-se ao que as políticas das direcções oportunistas de PS, PCP e BE - antes PSR e UDP) conduziram operários e trabalhadores -, também agora, não contarão!
As alianças têm de se consolidar na luta e não podem derivar da soma matemática dos votos dos diferentes partidos, nem de uma confabulação de cúpulas. Tem de surgir da vontade de um amplo movimento de pessoas com e sem partido, plataformas cidadãs, sindicatos, associações populares, intelectuais, estudantes, etc., que queiram levar a cabo aquele programa mínimo.
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