Se há alguém que nada de brilhante possui e é mesmo deslustrado do ponto de vista político é
um tal Eurico Brilhante Dias, membro do Secretariado Nacional do PS e com
alguma frequência arvorado em seu porta-voz.
As sua declarações a propósito do cumprimento, ou não,
dos objectivos do Programa de Assistência
Económica e Financeira imposto pela tróica germano-imperialista e se o
governo Coelho/Portas, tutelado por Cavaco, conseguirá uma saída limpa de tal programa, com o objectivo de voltar aos mercados, são paradigmáticas
daquilo que vimos desde sempre a denunciar. Isto é, que a contradição entre a
direcção actual do PS e o governo é apenas formal, tendo somente a ver com a
dimensão do cacete e a intensidade do golpe a desferir sobre os trabalhadores e
o povo português, que cada um preconiza.
Esta brilhante
personagem, para além de considerar que tal saída
limpa nunca poderá ocorrer com taxas de juro insuportáveis – como as actualmente praticadas – escamoteia desde
logo a natureza da dívida e o facto de ela servir para um conjunto de países-
com a Alemanha à cabeça- subjugar aqueles que considera periféricos e ditar as políticas orçamentais, fiscais e cambiais
que mais lhes convém, ao mesmo tempo que lhes impõe o modelo de divisão europeia de trabalho que melhor
defenda os seus interesses.
E, retomando a velha e relha tese dos troiquistas de esquerda, repete ad nauseum o argumento de que o PS faria
melhor, como o comprova o facto de em
2008 – em pleno governo de Sócrates – as taxas de juro praticados pelos ditos mercados serem então bastante inferiores a 3%!
O que esta gente escamoteia é que 40 anos de
governança de bloco central – PS,
PSD, com o CDS por vezes pela trela – destruíram por completo, e a mando do
directório europeu que cada vez mais está capturado pelos interesses hegemónicos da Alemanha em relação à Europa, o tecido produtivo em Portugal.
Ora, sem a recuperação do essencial desse tecido
produtivo – siderurgia, minas, metalomecânica/metalurgia, indústria de
construção e reparação naval, portos, ferrovia, agricultura e pescas – , o
quadro de recessão e endividamento, esse sim, será perpetuado e agravado, pois
é insustentável qualquer economia que se queira independente e soberana ter
sustentabilidade num quadro em que paga mais de juros aos mercados – leia-se, banca e grandes fundos e grupos financeiros – do
que aquilo que regista de crescimento
económico – o que se agrava num quadro como o actual que é de recessão!
Dúvidas houvesse, o próprio Brilhante reitera que o PS
considera que o memorando original
que com PSD e CDS assinou com a tróica germano-imperialista deve ser cumprido.
Isto é, a venda a retalho do que resta dos activos e empresas públicas deve
prosseguir, assim com a facilitação e embaretecimento dos despedimentos, a prossecução
do plano de privatização da educação e da saúde, as reformas estruturais que permitam a liquidação do estado social, etc.
Obscuro, este Brilhante prossegue na defesa de um
modelo que há muito está demonstrado que só interessa aos grandes grupos
financeiros, bancários e industriais europeus – com a Alemanha à cabeça -, que
há muito que revelou a sua sanha em perseguir os interesses do povo e de quem
trabalha. E nem o facto de um cada vez maior número de socialistas se estar a
juntar a uma ampla frente de democratas e patriotas que perseguem o objectivo
de derrubar este governo de serventuários e constituir um governo democrático
patriótico, tira o pio ou dá tino ao
personagem.
Também, o que se poderia esperar de tão brilhante figurinha quando se sabe que o
seu chefe Seguro defende exactamente o mesmo que Passos e Portas, isto é, o equilíbrio orçamental que mais convém ao
directório europeu que, por sua vez, representa os interesses hegemónicos da
Alemanha? O que se poderia esperar deste bruto brilhante, que se limita a
funcionar como a voz do dono Seguro
que mais não tem feito do que se empenhar em
contribuir para prolongar a vida do governo?
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