quinta-feira, 26 de junho de 2014

O insustentável argumento do Milagre do Emprego!

Tem sido com empenho e afinco que o governo de traição nacional de Coelho/Portas/Cavaco, tem vindo a tentar demonstrar o indemonstrável. Que a sua política de serventuários, bons alunos e respeitadores dos ditames da tróica germano-imperialista que se dispuseram a servir, tem vindo a produzir sucessivos milagres, enquadrados no milagre económico mais geral.

Primeiro foram as exportações, que haviam consistentemente aumentado. Confrontados com os últimos dados que apontam para uma diminuição dramática das mesmas, virtude da queda nas vendas de combustíveis refinados, deixaram  de se ouvir hossanas a este parâmetro. Depois o clima de confiança geral, que havia levado ao aumento da produção e do investimento. Perante uma acentuada quebra do PIB, rapidamente se abandonou tal argumento.

Agora, o milagre do emprego! Ou será o milagre da desmultiplicação do desemprego?! A avaliar pelas declarações de Coelho na passada 6ª feira, no parlamento, este,  utilizando uma técnica que terá aprendido nos manuais de Goebels, e que se resume a considerar que, de tantas vezes repetir uma mentira nela se acaba por descortinar uma verdade, afirma o governo que terá conseguido o feito de provocar dezasseis meses consecutivos de baixa da taxa de desemprego, isto é, uma queda de 10 pontos percentuais!

Como pensa o governo conseguir iludir uma realidade factual que se traduz na liquidação de cerca de 400 mil postos de trabalho desde que tomou posse em 2011? Como pensa este governo iludir e escamotear  a saída de cena dos números do desemprego apresentados pelas estatísticas, dos cerca de 350 mil trabalhadores expulsos do país, forçados a procurar lá fora as condições de trabalho e sobrevivência que este governo lhes negou.

Simples: Começam por limpar dos registos dos Centros de (Des)Emprego, dezenas de milhares de trabalhadores, colocando-os em cursos de formação que enchem os cofres às empresas a que recorrem para mascarar a realidade. Se a taxa não tiver a dimensão suficiente à eficácia do golpe que querem promover, arrastam-se mais uns tantos milhares para um pretenso contrato de emprego-inserção, que mais não é do que uma golpada com benefícios em 3 frentes para esta estratégia do governo.


  • Primeiro porque, apesar de não ser um contrato – pois a ele não está associado um salário -, e muito menos de inserção – pois, no termo do mesmo, o trabalhador que o aceitar é pura e simplesmente corrido -, enquanto ele vigorar, menos um desempregado figurará nos registos do Centro de (Des)Emprego.

  • Segundo, porque o posto de trabalho que este trabalhador vai ocupar é capitalizado como criação de emprego.

  • E, terceiro, mas não menos importante, porque a verba que o dito vai auferir é incomensuravelmente inferior ao que se pagaria a um trabalhador em condições contratuais normais.

Apesar de toda a criatividade demonstrada por este governo de traição nacional, apesar de contar com a famigerada concertação social e a prestação de alguns parceiros sociais – mormente Carlos Silva e a direcção da UGT a que preside – para destruir o que resta da contratação colectiva e, assim, implementar o roubo do trabalho e do salário a que se dedica, são as próprias instituições europeias a que este governo servilmente obedece, que lhe vem descobrir a careca e revelar a mentira do milagre do emprego.

Divulgado esta 2ª feira, um relatório europeu, realizado em 28 países europeus, divididos por três grupos, revela precisamente que Portugal é um dos países que piores condições de mercado laboral apresenta, onde os jovens com menores qualificações são os mais afectados e o recrutamento de quadros superiores tem baixado em relação à média da população empregada. Denuncia ainda, e recorrentemente, que o país se encontra no fundo da tabela em relação a todos os parâmetros analisados.

Trabalhadores com um grau de escolaridade médio ao nível do 12º ano são forçados a ocupar postos de trabalho com menores exigências de qualificação. Claro está que, trabalhadores sem habilitações a nível do ensino secundário, normalmente recrutados para este tipo de funções, ficaram sem trabalho. Enquanto, no outro extremo da escala, o recrutamento de quadros superiores não chegou a 20% do total e está mesmo a baixar, continuamente, em relação à média da população activa.

Terreno fértil, claro está, para que a precariedade do trabalho se exponencie e consolide, como sempre foi apanágio dos programas de emprego desenhados pela tróica germano-imperialista, aplicados por estes traidores à pátria e seus serventuários no seio do movimento operário, trabalhador e sindical. Em 2012, mais de 60% dos contratos efectuados – percentagem que é ainda maior nas chamadas ocupações básicas – foram dos chamados contratos a prazo.


É neste quadro de degradação das condições de trabalho, de roubo sistemático de salários e trabalho, de liquidação da contratação colectiva, de precarização e desemprego, que os operários, os trabalhadores em geral, devem exigir das Centrais Sindicais, do movimento sindical, uma prova de força e determinação, pelo derrube deste governo de traição nacional que leve à constituição de um Governo de Unidade Democrática e Patriótica, pela saída do euro e pelo não pagamento da dívida, convocando para os próximos dias 6 e 7 de Novembro, uma Greve Geral Nacional de 48 horas!

1 comentário:

  1. Mais um excelente texto que desmonta com mestria esta montagem de números, enorme farsa que este governo de traição nacional nos quer impingir...

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