A greve de enfermeiros em blocos operatórios, que
se prolonga há duas semanas e vai continuar até ao final deste mês – designada
por greve cirúrgica -, que foi
convocada pela Associação Sindical Portuguesa de Enfermeiros (ASPE) e pelo Sindicato Democrático dos
Enfermeiros de Portugal (Sindepor),
foi inicialmente impulsionada pela iniciativa de um grupo de enfermeiros que
lançou um fundo aberto ao público, fundo que recolheu mais de 360 mil euros para compensar os colegas que
aderissem à paralisação.
Seguindo a mesma praxis arrogante, reaccionária e incompetente do anterior ministro
da saúde, a actual ministra da saúde e o governo de António Costa que integra,
são os responsáveis objectivos, políticos, pela situação classificada de
catastrófica pela Bastonária dos Enfermeiros, que denuncia o facto de que, a
cada dia que passa desta greve cirúrgica,
são adiadas 500 cirurgias, “sem que exista uma negociação séria com os
sindicatos”.
Em declarações feitas à chamada comunicação social, a ministra da saúde tenta instilar o medo junto
da opinião pública e da opinião publicada, considerando – de
forma provocatória, desleal e mentirosa –
serem os enfermeiros os responsáveis pelo caos que se está a instalar em
muitos dos blocos operatórios.
Claro está que os jornalistas de merda, que trabalham para
jornais de merda – o chamado jornalixo
– não estão interessados em promover o contraditório. Preferem,
sistematicamente servir de voz do dono
das provocações e ataques que o executivo lança sobre a classe operária e os
trabalhadores portugueses. Também, por isso, esta comunicação social – sobretudo a escrita – está cada vez mais
falida e com os seus índices de audiência e tiragem cada vez mais baixos!
A propaganda do medo instilada pela ministra da saúde não se compagina com a realidade,
Porque os enfermeiros e enfermeiras portugueses- que acima
de tudo são cuidadores - têm tido a extrema sensibilidade de não levar a cabo a
greve cirúrgica a blocos operatórios
onde vão ter lugar cirurgias inadiáveis e urgentes e cirurgias oncológicas.
Percebe-se que este medo visa a desmobilização da justa luta dos enfermeiros e enfermeiras portugueses. Porém, não existe outra forma de luta para fazer face à arrogância deste governo perante qualquer luta, de qualquer classe profissional - enfermeiros, professores, ferroviários, estivadores, etc. O acento tónico da responsabilidade das paralizações não pode ser colocado na acção dos trabalhadores, mas sim nas políticas e atitudes levadas a cabo, quer pelo governo, quer por entidades privadas.
Ao caucionar o medo instilado pelo governo, está-se - consciente ou inconscientemente – a desviar o foco, isto é, que as cerca de 4 mil cirurgias que deixaram de se realizar são uma gota no oceano das cirurgias que seria necessário realizar e que este governo - empenhado como está, em pagar uma dívida que não foi contraída pelo povo, nem o povo dela retirou qualquer benefício - bloqueia, atirando para as famigeradas e abomináveis listas de espera dezenas de milhar de pacientes carentes de um acto cirúrgico, muitas das vezes com carácter de urgência.
Este medo escamoteia, ainda, os principais
motivos e objectivos da luta dos enfermeiros, que têm a ver com a sua exigência
em ser-lhes reconhecida uma carreira profissional e da necessidade que existe
de admitir pelo menos mais 20 mil enfermeiros, para que o SNS não colapse e
assegure serviços de saúde dignos, competentes e eficientes para o povo que
este serviço procura, e possam vir a pertencer ao passado tais listas
infindáveis de espera para cirurgias, e não só!
Povo que, é bom relembrar, pagou através de uma carga fiscal orientada para o roubo dos seus salários e não para diminuir os lucros do capital, o SNS, mas que vê as verbas a esse serviço destinadas a ser desviadas para a corrupção, o compadrio, o jogo de espelhos e influências que estão por detrás da dita dívida.
Povo que, é bom relembrar, pagou através de uma carga fiscal orientada para o roubo dos seus salários e não para diminuir os lucros do capital, o SNS, mas que vê as verbas a esse serviço destinadas a ser desviadas para a corrupção, o compadrio, o jogo de espelhos e influências que estão por detrás da dita dívida.
Como é possível esperar que, sem um estatuto de carreira
profissional para os enfermeiros e enfermeiras portugueses, sem a contratação
dos médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar necessário, se possa ter um Serviço
Nacional de Saúde motivado, coeso, assertivo e eficiente? Como se pode esperar
que o povo que acorre ao SNS veja consagrado o seu direito constitucional à
saúde e ao cuidado?
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