
Esse contexto permite-nos, hoje, melhor compreender as
sábias palavras de Santo Agostinho (354 – 430) quando afirmava no Civitate Dei, IV,IV, o seguinte:
“Sem a Justiça, com efeito, são os reinos outra coisa senão grandes
bandos de malfeitores? E o que é um bando de malfeitores senão um pequeno
reino? É um conjunto de homens onde um chefe comanda, onde um pacto social é
reconhecido, onde certas condições regulam a partilha do saque”.


Ao meu amigo, o doutor José Preto, agradeço o facto de me
ter trazido à memória as sábias conclusões de Santo Agostinho.
Se é certo que ele o citou no contexto da defesa da Liberdade
de Expressão e de Opinião –é mais do que oportuna quando agora novo episódio desta
luta vai acontecer no âmbito da audição que foi concedida a uma Comissão de subscritores apresentada pelo Grupo LPML à Assembleia da República, pela
revogação do Capitulo VI do Código Penal - da qual ele é mandatário -, não menos
certo é que ela assenta que nem uma luva na praxis
e no modus operandi do actual governo
– e, em boa verdade, do anterior governo de coligação entre a direita e a
extrema direita.
Bando de malfeitores porque mantiveram – como tão
apropriadamente os classificou Santo Agostinho -, ao longo de mais de 40 anos,
o essencial do aparelho jurídico e judicial herdado do regime fascista. Bando
de malfeitores, porque de reforma em reforma,
foram denegando a Justiça, tornando-a uma caricatura de si própria, pior do que
os Tribunais Plenários de Salazar e Caetano. Bando de malfeitores porque institucionalizaram a impunidade para a corrupção, o compadrio, o roubo e a venda a pataco dos principais activos nacionais.
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