A excelente caracterização que o meu camarada Arnaldo Matos
fez do governo de António Costa e das suas muletas do PCP/ Bloco e Verdes, de
que isto é tudo um putedo, é brilhante e bem demonstrativa da apreciação que um
comunista deve fazer, baseado na ciência e na dialéctica marxistas, dos
fenómenos sociais e políticos.
Esse contexto permite-nos, hoje, melhor compreender as
sábias palavras de Santo Agostinho (354 – 430) quando afirmava no Civitate Dei, IV,IV, o seguinte:
“Sem a Justiça, com efeito, são os reinos outra coisa senão grandes
bandos de malfeitores? E o que é um bando de malfeitores senão um pequeno
reino? É um conjunto de homens onde um chefe comanda, onde um pacto social é
reconhecido, onde certas condições regulam a partilha do saque”.
Claro que, na época em que viveu Santo Agostinho, entre os séculos
IV e V da era cristã, não lhe seria exigível que compreendesse estas questões à
luz da luta de classes, o verdadeiro motor da história, nem, muito menos, a interdependência
dialéctica que existe entre a superestrutura ideológica e a infraestrutura
económica – isto é qual o sistema económico dominante que se vive na
actualidade – o sistema capitalista e imperialista -, que classe possui os
meios de produção, como se reproduzem e qual a natureza de classe das relações
de produção.
Ainda assim, parece premonitório este seu pensamento : “Se
este bando funesto, integrado por malfeitores, cresce ao ponto de ocupar um
país, de estabelecer postos importantes, de se apoderar de cidades, de subjugar
povos, então tal bando arroga-se abertamente o título de reino o que lhe
assegura, não a renúncia à cupidez mas a conquista da impunidade”.
Ao meu amigo, o doutor José Preto, agradeço o facto de me
ter trazido à memória as sábias conclusões de Santo Agostinho.
Se é certo que ele o citou no contexto da defesa da Liberdade
de Expressão e de Opinião –é mais do que oportuna quando agora novo episódio desta
luta vai acontecer no âmbito da audição que foi concedida a uma Comissão de subscritores apresentada pelo Grupo LPML à Assembleia da República, pela
revogação do Capitulo VI do Código Penal - da qual ele é mandatário -, não menos
certo é que ela assenta que nem uma luva na praxis
e no modus operandi do actual governo
– e, em boa verdade, do anterior governo de coligação entre a direita e a
extrema direita.
Bando de malfeitores porque mantiveram – como tão
apropriadamente os classificou Santo Agostinho -, ao longo de mais de 40 anos,
o essencial do aparelho jurídico e judicial herdado do regime fascista. Bando
de malfeitores, porque de reforma em reforma,
foram denegando a Justiça, tornando-a uma caricatura de si própria, pior do que
os Tribunais Plenários de Salazar e Caetano. Bando de malfeitores porque institucionalizaram a impunidade para a corrupção, o compadrio, o roubo e a venda a pataco dos principais activos nacionais.
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